Azul desaba 26,44% com oferta de R$ 7,44 bilhões; Banco Mercantil cai 7,87% após acordo de R$ 1 bilhão

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Fonte: DepositPhotos

O encerramento da semana trouxe um cenário de forte volatilidade e pressão vendedora para os investidores da Azul. 

Após a transição operacional para o novo código de negociação, o ticker AZUL54, os papéis da companhia aérea enfrentaram uma correção severa nesta sexta-feira, finalizando o pregão com uma queda expressiva de 26,44%.

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A movimentação reflete a cautela do mercado diante dos novos termos de capitalização da empresa. Ao final do dia, o ajuste de preços consolidou o valor de fechamento em R$ 2.501,00, representando uma perda nominal de R$ 899,00 por lote.

Reestruturação de capital e a emissão bilionária de ações

A operação de socorro financeiro envolveu a emissão colossal de 723,9 bilhões de novas ações ordinárias e o mesmo montante em ações preferenciais. 

No total, a companhia buscou captar cerca de R$ 7,44 bilhões, montante essencial para dar fôlego ao balanço e cumprir compromissos com arrendadores de aeronaves e credores internacionais.

O preço fixado por ação evidenciou a profundidade do desconto necessário para atrair capital. 

Para as ações ordinárias (ON), o valor foi estabelecido em R$ 0,00013527, enquanto as preferenciais (PN) saíram a R$ 0,01014509. Esses valores decimais demonstram a fragilidade do valor unitário do papel no estágio atual da reestruturação.

Mudança no lote padrão e a ilusão do preço de tela

A substituição do ticker AZUL4 pelo AZUL54 veio acompanhada de uma mudança técnica profunda no lote padrão de negociação. 

Agora, os ativos são transacionados em cestas de 10 mil ações, o que explica os valores na casa dos milhares exibidos nos terminais de negociação das corretoras e da B3.

Dessa forma, o preço de R$ 2.501,00 observado no fechamento não representa o valor de uma única ação, mas sim do lote completo. 

Para identificar o valor real unitário, o investidor deve dividir o preço de tela por 10 mil, o que coloca o valor individual da ação preferencial em aproximadamente R$ 0,25 neste encerramento de sexta-feira.

Esse ajuste técnico visa evitar que o papel seja negociado como uma "penny stock" unitária, o que traria restrições regulatórias e excesso de volatilidade técnica. 

Paralelos com a crise do setor aéreo e o caso da Gol

O movimento adotado pela Azul guarda semelhanças com o caminho percorrido pela Gol em junho de 2025

Na ocasião, a concorrente também substituiu seu ticker original (GOLL4) pelo código GOLL54, passando a negociar papéis em lotes de mil ações para mitigar os efeitos visuais de sua crise financeira e estrutural.

Atualmente, o preço de tela da Gol gira em torno de R$ 6,15, o que, ajustado para o lote unitário, representa um valor residual de apenas R$ 0,00615. 

O setor aéreo brasileiro atravessa um período de renegociações complexas, onde a conversão de dívida em patrimônio líquido tem sido a tônica para evitar processos de recuperação judicial mais traumáticos.

Banco Mercantil sela acordo bilionário e anuncia aumento de capital

Enquanto a Azul enfrenta uma reestruturação forçada pela diluição massiva, o setor bancário busca limpar o balanço através de acordos tributários definitivos para focar na expansão de suas operações de crédito. 

O Banco Mercantil do Brasil formalizou uma transação tributária estratégica com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), visando a regularização de um passivo fiscal que se arrastava por mais de uma década.

A negociação é abrangente e encerra cerca de 96% dos litígios judiciais e administrativos mantidos pelo conglomerado financeiro. 

O montante original da dívida, que envolvia controvérsias jurídicas complexas e acumulava aproximadamente R$ 2,5 bilhões, foi objeto de uma repactuação que permite à instituição focar exclusivamente na execução de seu plano de negócios voltado ao público 50+.

O acordo elimina definitivamente uma disputa histórica composta por 20 processos judiciais e 10 administrativos, além da regularização de 33 débitos distintos. 

Para o corpo diretivo da instituição, o encerramento desses processos retira uma nuvem de incerteza que pairava sobre o balanço, permitindo uma gestão de passivos muito mais eficiente e previsível para os próximos ciclos.

Liquidação do passivo e descontos na transação tributária

A engenharia financeira da transação permitiu ao Banco Mercantil obter descontos significativos sobre multas e juros acumulados ao longo dos anos. 

Após a aplicação desses abatimentos, a instituição financeira comprometeu-se a pagar à vista mais de R$ 1 bilhão à União, o que representa uma redução drástica em relação ao valor total que vinha sendo provisionado ou discutido.

A decisão pelo pagamento à vista demonstra a solidez do caixa atual do banco e o desejo de resolver a pendência sem o carregamento de parcelas de longo prazo, que poderiam onerar o custo de capital. 

Paulino Rodrigues, CFO da instituição, destacou que a resolução dessa questão de longo prazo permite que a estrutura gerencial do banco direcione total energia para a estratégia de crescimento.

Do ponto de vista contábil, a transação permite a baixa de provisões e a regularização de débitos inscritos ou não em dívida ativa. 

Embora o desembolso imediato seja elevado, a gestão avalia que o custo de oportunidade de encerrar os litígios é superior à manutenção das defesas jurídicas, dadas as condições favoráveis oferecidas pelo programa de transação tributária da PGFN.

Recomposição patrimonial e o novo aumento de capital

Simultaneamente ao fechamento do acordo fiscal, o Banco Mercantil anunciou um aumento de capital no valor de R$ 500 milhões. 

Esta movimentação é estritamente vinculada à necessidade de recompor a estrutura de capital da instituição, garantindo que o desembolso bilionário feito à União não comprometa os seus índices de solvência e liquidez regulatórios.

A operação foi estruturada para que os impactos nos índices de capitalização, como o Índice de Basileia, sejam minimizados. 

Ao injetar novos recursos no patrimônio líquido, o banco preserva sua capacidade de originação de crédito e mantém inalterados os seus planos de crescimento orgânico, evitando que o acordo tributário limite sua atuação competitiva no mercado.

Conforme as normas da Lei das S/As, os atuais acionistas do banco terão direito de preferência na subscrição das novas ações. 

Caso o montante máximo aprovado seja integralizado, o capital social do grupo passará a ser de R$ 953,1 milhões, refletindo uma base acionária composta por cerca de 123,8 milhões de ações, fortalecendo a governança e o suporte patrimonial da casa.

Reação do mercado secundário e pressão nos ativos

Apesar do caráter estratégico e saneador das medidas, as ações do Banco Mercantil registraram forte desvalorização durante o pregão desta sexta-feira. 

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Ao final do dia, os papéis da instituição apresentavam um recuo de 7,87%, cotados a R$ 78,31. A queda nominal de R$ 6,69 reflete a digestão do mercado sobre os custos imediatos da transação e o efeito dilutivo do aumento de capital.

Entretanto, analistas de mercado pontuam que o movimento de limpeza do balanço é positivo para o valor intrínseco do banco no longo prazo. 

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