Ações da Cosan (CSAN3) disparam com recomendação de compra do Bank of America; Raízen (RAIZ4) segue neutra com venda de ativos

As ações da Cosan (CSAN3) continuaram sua trajetória de forte alta nesta quarta-feira (3/9), com os papéis fechando o dia com uma valorização de 8%, cotadas a R$ 6,75. O movimento dá sequência ao bom desempenho recente do ativo, que já acumula uma valorização de mais de 13% nos últimos cinco pregões e liderou os ganhos do Ibovespa na sessão de ontem.
Fonte: Google Finance
O principal catalisador para o otimismo dos investidores é a repercussão de um relatório divulgado pelo Bank of America (BofA), que reiterou sua recomendação de compra para os papéis.
Embora o banco de investimentos tenha reduzido o preço-alvo da companhia, a análise aponta que as ações continuam subvalorizadas e que as medidas que vêm sendo tomadas pela empresa para melhorar sua estrutura financeira, especialmente as ligadas à sua controlada Raízen (RAIZ4), têm o potencial de destravar um valor significativo para os acionistas.
Preço-alvo reduzido, mas com alto potencial de valorização
A análise do Bank of America sobre a Cosan trouxe uma mensagem mista, mas com um viés final positivo. O banco reduziu o preço-alvo para as ações da companhia de R$ 14 para R$ 11. No entanto, a instituição manteve sua recomendação de compra para o papel.
A justificativa para a manutenção do otimismo, mesmo com o corte na projeção, é que o novo preço-alvo de R$ 11 ainda representa um potencial de valorização de aproximadamente 75% em relação ao preço atual da ação no mercado.
Essa percepção de que os papéis estão subvalorizados é o que sustenta a visão positiva. Segundo o relatório, a Cosan tem trabalhado em diversas frentes para fortalecer sua posição financeira e se tornar mais resiliente em um ambiente de juros elevados, o que, na visão do banco, ainda não está totalmente refletido no preço da ação.
As frentes de fortalecimento da estrutura financeira
O relatório do BofA destacou as diferentes iniciativas que a gestão da Cosan tem implementado para melhorar sua estrutura de capital e suas operações. A primeira frente é a gestão de passivos, com a empresa atuando para reduzir seu endividamento líquido.
Outra medida importante nesse sentido é a venda da participação que a companhia detém na mineradora Vale (VALE3), um movimento que permite à empresa levantar um volume significativo de caixa para abater suas dívidas.
A terceira e talvez mais importante frente de atuação são os ajustes operacionais em sua principal investida, a Raízen. A Cosan tem trabalhado em mudanças na gestão e na venda de ativos da produtora de açúcar e etanol, com o objetivo de melhorar a eficiência e a rentabilidade da companhia.
Todas essas iniciativas, segundo o banco, contribuem para que a Cosan se torne uma empresa financeiramente mais robusta e preparada para o atual cenário macroeconômico.
O potencial destravamento de valor com a Raízen
Um dos principais pontos que sustentam a tese de investimento na Cosan, segundo a análise do Bank of America, é um possível aumento de capital na Raízen. O banco analisou o cenário de uma captação de recursos pela Raízen, estimada entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões. Nessa operação, a Cosan não participaria diretamente com novos aportes, o que resultaria em uma diluição de sua participação na controlada.
No entanto, essa diluição seria muito pequena, estimada em apenas 2%. Em contrapartida, a entrada de um novo investidor estratégico na Raízen fortaleceria enormemente a estrutura de capital da produtora de açúcar e etanol, o que, por consequência, geraria uma valorização indireta para a própria Cosan.
Esse movimento é visto como um importante gatilho para o "destravamento de valor" das ações da holding no médio prazo, já que a melhora na percepção de risco da Raízen se refletiria positivamente em sua controladora.
Raízen acelera venda de ativos, mas aumento de capital gera incerteza
Em um relatório separado, o Bank of America destacou a recente venda de duas usinas da Raízen em Mato Grosso do Sul (Rio Brilhante e Passa Tempo), por um valor de R$ 1,5 bilhão.
Para o banco, o movimento é positivo e o processo de desinvestimento em ativos de cana-de-açúcar já superou as metas iniciais da companhia. Desde novembro de 2024, a Raízen já vendeu cinco ativos de cana, levantando R$ 3,4 bilhões, um valor acima da expectativa inicial de venda.
RAIZ4. Fonte: Google Finance
Com as vendas, a Raízen opera agora com 25 usinas e uma capacidade de moagem de 75 milhões de toneladas. Embora a estratégia de reciclagem de portfólio seja vista como positiva e esteja avançando acima do esperado, a companhia anunciou, junto com os resultados fracos do primeiro trimestre, que pretende realizar um aumento de capital no curto prazo para acelerar seu processo de desalavancagem.
Na avaliação dos analistas, a empresa precisa reduzir cerca de R$ 15 bilhões em dívida por meio de uma combinação de vendas de ativos e do aumento de capital. Assim, a incerteza quanto ao tamanho da nova emissão de ações e ao risco de diluição para os atuais acionistas continua sendo um peso relevante para as ações da Raízen, o que justifica a manutenção de uma recomendação neutra para o papel, com preço-alvo de R$ 1,25.
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