Dólar fecha em queda e bolsa fica estável; desemprego no Brasil atinge mínima histórica de 5,8%

Pedro Augusto Prazeres
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O dólar à vista encerrou esta sexta-feira (15/8) em baixa de 0,34%, cotado a R$ 5,3994. Com o resultado, a moeda americana acumulou uma queda de 0,64% na semana, refletindo a fraqueza da divisa no cenário internacional.

Em Nova York, as bolsas fecharam majoritariamente em queda, com o S&P 500 cedendo 0,29% e o Nasdaq caindo 0,41%, enquanto o Dow Jones teve leve avanço de 0,08%. O dia foi guiado por dois temas principais: a reação dos investidores a uma série de dados mistos da economia americana e uma postura de cautela antes do resultado do encontro entre os presidentes dos EUA e da Rússia.

Fonte: Investing.com

O principal fator por trás da queda do dólar foi a forte expectativa do mercado de que o Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, inicie um ciclo de cortes na taxa de juros já em setembro. Essa aposta se manteve firme mesmo com os sinais conflitantes vindos da economia.

Mercados reagem a dados mistos da economia americana

A agenda econômica desta sexta-feira nos Estados Unidos trouxe indicadores com sinais conflitantes para os investidores. As vendas no varejo, que medem a força do consumo, cresceram 0,5% em julho, um resultado em linha com o esperado, mas que representa uma desaceleração em relação à alta de 0,9% registrada no mês anterior. A produção industrial, por sua vez, veio levemente aquém do projetado. Ambos os dados reforçam a tese de um arrefecimento da atividade econômica.

Por outro lado, os preços de importação tiveram uma alta inesperada de 0,4% em julho, após terem registrado uma queda de 0,1% em junho. Esse dado pode indicar um maior impacto das tarifas impostas pelo presidente Donald Trump sobre a maior economia do mundo, gerando uma pressão inflacionária que, em teoria, poderia complicar a decisão do Federal Reserve de cortar os juros.

Apesar da ambiguidade dos dados, a reação no mercado de câmbio foi de venda para o dólar. O índice DXY, que mede o desempenho da moeda contra uma cesta de seis divisas fortes, registrava queda de 0,36%.

Aposta em corte de juros pelo Fed continua elevada

Mesmo com os sinais mistos da economia, não houve uma mudança significativa nas projeções do mercado para as próximas decisões do Fed. Os operadores continuam a precificar uma probabilidade de 84% de que o banco central americano reduza os juros em 0,25 ponto percentual em sua reunião de setembro.

Embora essa chance seja ligeiramente menor que os mais de 90% observados ao longo da semana, ainda é um patamar considerado muito elevado e que justifica a pressão de venda sobre o dólar.

Em relatório, analistas de um grande banco destacaram que, com os mandatos do Fed de emprego e estabilidade de preços sob pressão, há um risco relevante de que o primeiro corte de juros seja, de fato, antecipado para setembro, principalmente caso os próximos dados do mercado de trabalho mostrem um aumento no desemprego.

Cúpula entre Trump e Putin gera cautela nos investidores

Além dos dados econômicos, os mercados globais monitoraram com atenção o cenário geopolítico. O foco do dia foi o encontro presencial entre o presidente americano, Donald Trump, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, no estado do Alasca, para discutir a guerra na Ucrânia.

A reunião, que é a primeira conversa cara a cara entre os dois líderes desde que Trump retornou à Casa Branca, gerou apreensão entre os aliados europeus e o governo ucraniano.

O principal temor é de que Trump, em sua tentativa de se posicionar como um grande negociador, possa tentar forçar a Ucrânia a fazer concessões territoriais. Segundo Dan Wantrobski, da Janney Montgomery Scott, o ambiente comercial continua muito sensível ao risco de notícias negativas vindas do encontro.

“Embora não possamos prever o resultado da cúpula do Alasca, estamos atentos a possíveis fatores que podem causar volatilidade”, afirmou.

Cenário doméstico repercute temporada de balanços

Enquanto a agenda de indicadores estava vazia, o mercado doméstico brasileiro repercutiu os últimos balanços corporativos da temporada, o que levou o Ibovespa a fechar com estabilidade, em uma queda marginal de 0,01%, aos 136.341 pontos. Na semana, no entanto, o índice acumulou uma leve alta de 0,31%.

O grande destaque do dia foi o Banco do Brasil (BBAS3), que viveu um dia de alta volatilidade após a divulgação de seus resultados. As ações do banco chegaram a cair mais de 4% na abertura do pregão, mas reverteram completamente as perdas e encerraram em forte alta de 4,03%. Em outra reação a balanços, os papéis da Azul (AZUL4) terminaram em queda de 4,92%, após a empresa reportar seus números do segundo trimestre.

As ações de maior peso no índice, no entanto, pesaram do lado negativo, o que impediu uma alta do Ibovespa. Os papéis da Vale (VALE3) cederam 0,19%, enquanto as ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) também fecharam em leve queda.

Desemprego no Brasil cai para 5,8%, a menor taxa da série histórica

Além do movimento diário da bolsa, os investidores também analisaram um importante dado macroeconômico divulgado nesta sexta-feira, que mostrou uma melhora recorde no mercado de trabalho brasileiro.

A taxa de desemprego no Brasil caiu para 5,8% no segundo trimestre de 2025, o menor nível já registrado pela série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), iniciada em 2012. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A melhora no mercado de trabalho foi generalizada. A taxa de desemprego caiu em 18 das 27 unidades da federação e ficou estável nas outras nove. Os estados com as maiores taxas no período foram Pernambuco (10,4%), Bahia (9,1%) e Distrito Federal (8,7%). Já as menores taxas foram observadas em Santa Catarina (2,2%), Rondônia (2,3%) e Mato Grosso (2,8%).

O levantamento do IBGE também mostrou que 12 estados atingiram no segundo trimestre o seu menor nível de desemprego já registrado individualmente. Entre eles estão estados importantes como São Paulo (5,1%), Minas Gerais (4%), Santa Catarina (2,2%) e Bahia (9,1%), indicando uma recuperação ampla e disseminada da ocupação no país.

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