Ações da Cosan (CSAN3) despencam com aporte de R$ 10 bilhões

Pedro Augusto Prazeres
Atualizado em
coverImg
Fonte: DepositPhotos

As ações da Cosan (CSAN3) iniciaram a semana em forte queda, despencando mais de 18% no pregão desta segunda-feira (22). A volatilidade foi tão intensa que os papéis da holding entraram em leilão após atingirem o limite de oscilação permitido pela B3, um mecanismo que é acionado para equilibrar as ordens de compra e venda em momentos de movimentos muito bruscos de preço.

17585932881666

Fonte:  Google Finance

A reação negativa do mercado ocorreu após a companhia anunciar uma operação que, à primeira vista, seria positiva: um aporte de capital de R$ 10 bilhões, que será realizado por um grande banco de investimento, o BTG Pactual Holding & Asset Management, e pela gestora de investimentos Perfin.

No entanto, a forma como a operação foi estruturada, por meio de uma oferta primária de ações com um preço por papel bem abaixo do valor de mercado, gerou um forte movimento de venda, com os investidores ajustando suas posições ao novo cenário de diluição. O episódio ilustra um paradoxo comum no mercado de capitais: uma medida necessária e estrategicamente importante para a saúde financeira de uma empresa no longo prazo pode ter um impacto extremamente negativo no preço da ação no curto prazo, especialmente para os acionistas que já estavam posicionados.

Entenda a reação negativa do mercado à operação

Apesar de o aporte de R$ 10 bilhões ter como objetivo fortalecer a estrutura de capital da Cosan e reduzir seu endividamento, a reação negativa do mercado se deve à forma como a injeção de recursos será feita.

A operação se dará por meio de uma oferta primária de ações, o que significa que a companhia emitirá novas ações que serão compradas pelos novos sócios. Esse aumento no número total de ações da empresa resulta em uma diluição da participação dos acionistas atuais, pois cada ação passa a representar uma fatia menor do capital total da companhia.

O principal fator que levou à queda brusca das ações, no entanto, foi o preço definido para a primeira parte da oferta. O acordo prevê duas ofertas subsequentes de ações, conhecidas como "follow-on".

A primeira, que movimentará R$ 7,25 bilhões, foi definida a um preço por ação de R$ 5. Esse valor, consideravelmente abaixo da cotação anterior dos papéis, levou o mercado a um rápido e intenso reajuste de preço, fazendo com que o valor da ação na bolsa despencasse para se aproximar do valor que será pago pelos novos investidores. Essencialmente, o mercado está precificando a diluição e o novo valor de referência estabelecido pela transação.

A mecânica desse ajuste é quase instantânea: sabendo que um grande volume de novas ações entrará no mercado a um preço muito mais baixo, os investidores atuais correm para vender seus papéis antes que a oferta se concretize, antecipando a queda e, ao mesmo tempo, acelerando-a.

Os detalhes do aporte de R$ 10 bilhões

O acordo, que prevê um aporte total de R$ 10 bilhões, foi estruturado em duas etapas. A primeira, como mencionado, será um follow-on de R$ 7,25 bilhões a um preço fixo de R$ 5 por ação.

A segunda etapa será uma oferta de R$ 1,8 bilhão, cujo valor por ação será definido no dia 30 de outubro. Os recursos captados na oferta primária irão diretamente para o caixa da empresa, com um objetivo claro: o fortalecimento de sua estrutura de capital.

Segundo a Cosan, a operação reduzirá em 57% o endividamento da companhia. A empresa fechou o ano anterior com um endividamento de R$ 23,5 bilhões e um prejuízo de R$ 9,4 bilhões, um cenário que tornava a busca por capital uma necessidade urgente para garantir a saúde financeira do grupo.

A Cosan fez questão de destacar que os valores captados não serão destinados à Raízen (RAIZ4), empresa controlada pelo grupo, mas sim para o equacionamento do balanço da própria holding. A transação também contou com a participação dos family offices Aguassanta e Queluz, que são ligados à família do controlador Rubens Ometto.

Estrutura de controle e governança após o acordo

Mesmo com a entrada dos novos e relevantes sócios, o controle da companhia permanecerá nas mãos de Rubens Ometto, que seguirá como sócio majoritário, com 50,01% das ações ordinárias (com direito a voto).

Além de manter o controle, Ometto também permanecerá como presidente do Conselho de Administração da Cosan por, no mínimo, mais três mandatos, o que equivale a um período de seis anos.

17585934153559

Rubens Ometto. Foto: Divulgação

Com a entrada dos novos parceiros, eles, em conjunto com Ometto, passarão a deter, ao todo, 55% do capital social da companhia.

O acordo também estabelece cláusulas de "lock-up", que são períodos nos quais os investidores se comprometem a não vender suas ações. Foi estabelecido um período de lock-up de quatro anos para parte das ações que fazem parte do acordo.

Já os acionistas minoritários que aderirem à oferta de ações não poderão vender metade das ações que adquirirem por um período de dois anos. Essas cláusulas sinalizam um compromisso de longo prazo por parte dos novos investidores com a reestruturação e o futuro da companhia.

Isenção de responsabilidade: este artigo representa apenas a opinião do autor e não pode ser usado como consultoria de investimento. O conteúdo do artigo é apenas para referência. Os leitores não devem tomar este artigo como base para investimento. Antes de tomar qualquer decisão de investimento, procure orientação profissional independente para garantir que você entenda os riscos.

 

Os Contratos por Diferença (CFDs) são produtos alavancados que podem resultar na perda de todo o seu capital. Esses produtos não são adequados para todos os clientes; por favor, invista com rigor. Consulte este arquivo para obter mais informações.


goTop
quote
Você achou este artigo útil?
Artigos Relacionados
placeholder
RZTR11 foca em venda de fazendas; LVBI11 tem vacância zerada, mas projeta alta para 2026O fundo de investimento do agronegócio Riza Terrax (RZTR11) anunciou a assinatura de um contrato de parceria com as empresas do Grupo Cedro para a exploração de dois imóveis rurais.
Autor  Pedro Augusto Prazeres
2 horas atrás
O fundo de investimento do agronegócio Riza Terrax (RZTR11) anunciou a assinatura de um contrato de parceria com as empresas do Grupo Cedro para a exploração de dois imóveis rurais.
placeholder
Braskem (BRKM5) tem nota de crédito rebaixada pela S&P; ações fecham em queda de 2,41%As ações da Braskem (BRKM5) operaram em queda nesta sexta-feira (19), após a agência de classificação de risco S&P Global rebaixar a nota de crédito da petroquímica. Os papéis da companhia fecharam o dia com uma desvalorização de 2,41%, cotados a R$ 8,50.
Autor  Pedro Augusto Prazeres
Ontem 02: 00
As ações da Braskem (BRKM5) operaram em queda nesta sexta-feira (19), após a agência de classificação de risco S&P Global rebaixar a nota de crédito da petroquímica. Os papéis da companhia fecharam o dia com uma desvalorização de 2,41%, cotados a R$ 8,50.
placeholder
XPCI11 tem maior lucro em 3 meses; CACR11 lucra 5,3% a mais e paga 141% do CDIO fundo de investimento imobiliário XP Crédito Imobiliário (XPCI11) divulgou seu relatório gerencial do mês de agosto, informando um resultado líquido de R$ 8,27 milhões, o maior dos últimos três meses. O desempenho foi sustentado por uma receita total de R$ 8,877 milhões, enquanto as despesas do período somaram R$ 605,9 mil.
Autor  Pedro Augusto Prazeres
Ontem 01: 55
O fundo de investimento imobiliário XP Crédito Imobiliário (XPCI11) divulgou seu relatório gerencial do mês de agosto, informando um resultado líquido de R$ 8,27 milhões, o maior dos últimos três meses. O desempenho foi sustentado por uma receita total de R$ 8,877 milhões, enquanto as despesas do período somaram R$ 605,9 mil.
placeholder
Natura (NATU3) dispara 10% após anunciar venda da Avon International por valor simbólicoAs ações da Natura &Co (NATU3) dispararam nesta quinta-feira (18/09), em reação ao anúncio da venda da Avon International para um veículo de aquisição afiliado à gestora de private equity Regent.
Autor  Pedro Augusto Prazeres
9 Mês 19 Dia Sex
As ações da Natura &Co (NATU3) dispararam nesta quinta-feira (18/09), em reação ao anúncio da venda da Avon International para um veículo de aquisição afiliado à gestora de private equity Regent.
placeholder
BTAL11 dobra resultado e distribui R$ 0,95; FI-Infra INFB11 supera CDI e mantém dividendo de R$ 1,00O fundo de investimento imobiliário BTG Pactual Agro Logística (BTAL11) divulgou seu relatório gerencial referente ao mês de agosto de 2025, informando um resultado líquido de R$ 9,1 milhões.
Autor  Pedro Augusto Prazeres
9 Mês 19 Dia Sex
O fundo de investimento imobiliário BTG Pactual Agro Logística (BTAL11) divulgou seu relatório gerencial referente ao mês de agosto de 2025, informando um resultado líquido de R$ 9,1 milhões.