Crise, empregos e Fed: o que está por trás dos movimentos do petróleo, GBP/USD, USD/CAD e EUR/USD

Pedro Augusto Prazeres
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Fonte: DepositPhotos

O preço do barril de petróleo West Texas Intermediate (WTI) abriu a sessão asiática desta sexta-feira (8/8) em queda, sendo negociado próximo de US$ 63,20. O movimento de baixa reflete um alívio nas tensões geopolíticas após declarações de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, poderão se reunir nos próximos dias para discutir o conflito na Ucrânia.

Segundo o conselheiro do Kremlin, Yuri Ushakov, essa seria a primeira cúpula entre os líderes desde 2021. Um porta-voz da Casa Branca confirmou que a reunião poderá acontecer já na próxima semana. A possibilidade de um desfecho diplomático para a guerra reduziu os temores sobre interrupções na oferta global de petróleo, pressionando os preços da commodity.

Além do fator geopolítico, o mercado também repercute os sinais de aumento na produção global de petróleo. No último domingo, a OPEP+ realizou uma reunião virtual e confirmou um novo aumento na produção: 547 mil barris por dia (bpd) em setembro. O grupo tem ampliado gradualmente sua produção desde abril, com incrementos progressivos a cada mês. Esse aumento da oferta adiciona mais pressão de baixa sobre os preços do petróleo.

Analistas da consultoria energética Ritterbusch and Associates destacaram que “os aumentos adicionais na produção da OPEP continuam sendo o principal fator de pressão sobre os preços, enquanto as incertezas em relação às tarifas comerciais ainda favorecem níveis mais baixos”.

Por outro lado, o relatório semanal da Administração de Informação de Energia (EIA) divulgado nesta semana trouxe um dado positivo para o petróleo. Os estoques de petróleo bruto dos EUA caíram 3,029 milhões de barris na semana encerrada em 1º de agosto, uma redução bem maior que a expectativa do mercado, que era de 1,1 milhão de barris. Apesar desse recuo nos estoques, o impacto positivo nos preços foi limitado diante da perspectiva de aumento da oferta e da redução dos riscos geopolíticos.

GBP/USD sobe com enfraquecimento do dólar e menor chance de novo corte pelo BoE

O par GBP/USD avançou de forma consistente na quinta-feira (7/8), ultrapassando níveis técnicos importantes e sendo negociado acima de 1,3450, impulsionado por dois fatores principais: o enfraquecimento do dólar norte-americano (USD) e a percepção de que o Banco da Inglaterra (BoE) poderá pausar sua trajetória de corte de juros.

O avanço da libra esterlina veio logo após o BoE anunciar um corte de 25 pontos-base na taxa básica de juros — decisão amplamente esperada pelo mercado. O fator surpresa, no entanto, foi o placar apertado da votação no Comitê de Política Monetária (MPC): cinco votos a favor do corte contra quatro contrários.

A expectativa era de uma margem mais ampla (sete a dois), e o resultado acendeu o alerta de que novas reduções poderão não acontecer no curto prazo.

Com isso, as apostas de que o BoE manterá a taxa atual na próxima reunião aumentaram, fortalecendo a libra.

Do outro lado do Atlântico, o dólar norte-americano perdeu força em meio às especulações sobre mudanças na composição do Federal Reserve (Fed). O presidente Donald Trump indicou Stephen Miran, atual presidente do Conselho de Assessores Econômicos dos EUA, para ocupar a vaga deixada por Adriana Kugler no conselho do Fed.

Miran é conhecido por defender políticas protecionistas e pela sua simpatia por cortes de juros — fatores que indicam uma inclinação mais dovish no Comitê de Política Monetária do banco central. Além disso, Trump já manifestou preferência por Christopher Waller para assumir a presidência do Fed quando o mandato de Jerome Powell terminar em 2026, consolidando uma ala pró-redução de juros dentro do órgão.

Esse cenário reforça a expectativa de que o Fed corte a taxa básica já em setembro. De acordo com a ferramenta CME FedWatch, o mercado atribui atualmente uma probabilidade de 95% para uma redução de 25 pontos-base na próxima reunião — uma alta considerável em relação aos 48% projetados na semana anterior.

Tecnicamente, o par GBP/USD retomou impulso e voltou a negociar acima da média móvel exponencial de 50 dias, situada em 1,3425. Se a tendência se mantiver, os compradores podem mirar a região de 1,3500 como próximo alvo.

Fonte: TradingView

USD/CAD recua com expectativa de corte pelo Fed e dados do mercado de trabalho no radar

O par USD/CAD operou em queda durante a sessão asiática desta sexta-feira, sendo negociado em torno de 1,3735. O movimento reflete tanto o enfraquecimento do dólar americano quanto a cautela dos investidores diante da divulgação iminente do relatório de empregos do Canadá referente a julho.

Nos Estados Unidos, os últimos dados de emprego indicaram um desaquecimento mais forte do que o esperado. O relatório de folha de pagamento (NFP) de julho mostrou crescimento mais fraco na geração de vagas e revisões para baixo dos números de maio e junho. Isso aumentou a convicção de que o Federal Reserve poderá cortar os juros ainda em setembro.

No Canadá, os investidores aguardam os dados de emprego de julho, que serão divulgados ainda nesta sexta-feira. O relatório pode oferecer pistas importantes sobre o rumo da política monetária do Banco do Canadá (BoC) e influenciar a trajetória do dólar canadense (CAD) nas próximas sessões.

Outro fator relevante para o par USD/CAD é o preço do petróleo. O Canadá é o maior exportador de petróleo para os Estados Unidos, e quedas no preço do barril tendem a afetar negativamente o valor do CAD. No entanto, apesar da recente pressão sobre o petróleo, o recuo do dólar americano tem sido mais significativo, o que ajuda a sustentar a queda do USD/CAD.

EUR/USD perde força após queda na produção industrial da Alemanha

O par EUR/USD operou de forma estável e sem forças para superar a marca de 1,1700 na quinta-feira, com os investidores reagindo à possível indicação de Christopher Waller para a presidência do Federal Reserve. A moeda única europeia até tentou avançar durante o pregão, mas foi contida pela valorização do dólar e por sinais de desaceleração na economia da zona do euro.

No lado europeu, o principal dado macroeconômico foi a produção industrial da Alemanha, que recuou pelo terceiro mês consecutivo. Houve queda de 1,6% em abril, 0,1% em maio e 1,9% em junho. Excluindo o impacto da pandemia em março de 2020, esse é o menor nível desde abril de 2010 — o que levanta dúvidas sobre a capacidade de recuperação da maior economia da zona do euro.

Fonte: Google Finance

Apesar disso, os investidores acreditam que o Banco Central Europeu (BCE) manterá os juros inalterados na reunião de setembro. As probabilidades de manutenção da taxa estão em 87,4%, com apenas 12% apostando em um corte de 25 pontos-base.

Do ponto de vista técnico, o EUR/USD permanece consolidado abaixo de 1,1700, após romper a média móvel simples de 20 dias em 1,1624. O Índice de Força Relativa (RSI) permanece em território positivo, mas sem uma direção clara. Para retomar o movimento de alta, a cotação precisa vencer a barreira de 1,1700 e mirar os níveis de 1,1800 e 1,1829 (máxima do ano). Se perder o suporte em 1,1605, pode iniciar um movimento de baixa com alvo em 1,1500.

Fonte: TradingView

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