Bitcoin (BTC) cai para US$ 92 mil e apaga ganhos do ano; investidores mais novos vendem 148 mil BTC com prejuízo
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O preço do Bitcoin (BTC) caiu para US$ 92.000 no domingo (16), apagando quase todos os ganhos acumulados este ano. A queda ocorreu mesmo após o fim da paralisação do governo dos EUA, um evento que falhou em melhorar o sentimento dos investidores de criptomoedas. A retração levou traders a reavaliarem seus riscos e a manterem uma postura cautelosa.

Dados on-chain revelam que a recente queda foi intensificada por uma forte onda de venda por parte de investidores mais novos, as chamadas "mãos fracas" (weak hands), que realizaram prejuízos significativos. Analistas agora concordam que a perda do preço de abertura do ano, em US$ 93.000, pode desencadear uma nova tendência de baixa.
"Mãos fracas" realizam prejuízos em escala monumental
O Bitcoin acumula uma retração de 25% desde sua máxima histórica de US$ 126.000, alcançada em 16 de outubro. A queda abaixo da média móvel de 50 semanas e o fechamento semanal abaixo de US$ 100.000 pela primeira vez em seis meses consolidaram uma postura de aversão ao risco (risk-off) entre os investidores.
Dados on-chain da CryptoQuant mostraram a dimensão da capitulação. Mais de 148.000 BTC detidos por investidores de varejo ou mais novos (carteiras com menos de 1 milhão de BTC e tempo de posse inferior a um mês) foram vendidos com prejuízo no dia 11 de novembro.
"Esta liquidação em massa ocorreu com o Bitcoin a aproximadamente US$ 96.853, um nível muito abaixo do preço médio de compra [desse grupo], entre US$ 102.000 e US$ 107.000", disse o analista da CryptoQuant, Crazzyblockk. "Isso não foi realização de lucros; foi uma perda significativa realizada em escala monumental", acrescentou.
Detentores de curto prazo intensificam vendas na queda
Dados adicionais da Glassnode corroboram esse cenário. Mais de 20.175 BTC foram transferidos por detentores de curto prazo (STHs) – investidores que detêm o ativo há menos de 155 dias – para corretoras, com prejuízo, na quinta-feira.

Variação Diária Líquida de Detentores. Fonte: Crazzyblockk/CryptoQuant
Esse número disparou para 39.034 BTC na sexta-feira, 14 de novembro, coincidindo com a queda de 13,5% no preço do BTC, que foi de US$ 107.500 para US$ 92.900.
Essa atividade ressalta um padrão comportamental familiar, no qual especuladores de curto prazo vendem em pânico (panic-sell) durante as quedas do mercado, frequentemente realizando perdas.
Esses investidores, provavelmente enfrentando sua primeira grande correção, "optaram por realizar uma perda em vez de arriscar quedas mais acentuadas, transformando suas perdas no papel em perdas reais", disse o analista.
A análise da CryptoQuant sugere que, apesar da dor de curto prazo, o despejo de 148.000 BTC com prejuízo é positivo no longo prazo. Essa liquidação representa uma "limpeza do capital impaciente" e a transferência de moedas para compradores convictos, o que solidifica uma base mais forte para o futuro.
Preço do Bitcoin pode cair abaixo de US$ 90 mil antes de se recuperar
A recente queda do Bitcoin abaixo da média móvel de 50 semanas levou vários traders e analistas a projetarem correções de preço mais profundas, para níveis abaixo de US$ 90.000.
O analista Jelle afirmou que o preço está "em mais um período corretivo, dentro de uma tendência de alta maior do Bitcoin". Ele acrescentou que o Bitcoin provavelmente "ficará instável até o final do ano ou talvez caia mais 5%, e então começará a subir novamente".

Fonte: AlphaBTC/X
O analista AlphaBTC disse: "O Bitcoin deve ter uma recuperação, [...] mas ainda há mais uma queda abaixo de US$ 90 mil por vir." Segundo ele, um fechamento abaixo do preço de abertura anual, em US$ 93.300, poderia levar o preço a buscar um fundo próximo às mínimas de abril, em US$ 74.000.
A plataforma de mercado de previsão Polymarket projeta diferentes resultados para o resto da semana. O cenário mais provável para o BTC é fechar em US$ 98.000 (70% de chance), enquanto um fechamento abaixo de US$ 92.000 tem 55% de probabilidade, e há 35% de chance de uma queda em direção a US$ 90.000.
Queda de US$ 1 trilhão no mercado é estrutural, não fundamental, diz Coinbase
O mercado de criptomoedas eliminou mais de US$ 1,1 trilhão em valor nos últimos 41 dias. Mesmo assim, analistas argumentam que este não é um colapso de "bear market", mas sim um reajuste estrutural impulsionado por alavancagem excessiva, rotação de liquidez e fluxos de mercado mecânicos.

Capitalização total do mercado de criptomoedas. Fonte: TradingView
A queda é vista como uma anomalia por não ter um grande catalisador negativo. Mesmo com o Bitcoin caindo 25% em um mês, a liderança política dos EUA expressou forte sentimento pró-cripto. A queda é atribuída a saídas institucionais no final de outubro, seguidas por uma cascata de liquidação impulsionada pela alavancagem.
John D'Agostino, chefe de estratégia institucional da Coinbase, reforçou a visão de que a queda é mecânica, não fundamental. Ele argumentou que nada material se deteriorou no cenário subjacente desde o final de setembro.
Adoção institucional e de bancos centrais continua
D'Agostino observou que, na verdade, vários desenvolvimentos importantes fortaleceram a tese de longo prazo. O Banco Nacional Tcheco tornou-se o primeiro banco central da zona do euro a comprar Bitcoin, um sinal marcante de adoção soberana.
Ao mesmo tempo, empresas como Citibank e JPMorgan começaram a lançar e testar stablecoins para facilitar transações globais, um passo que seria "impensável" em ciclos de mercado anteriores.
O executivo da Coinbase acrescentou que os ETFs de cripto continuam a ter um desempenho forte. O ETF da Solana, por exemplo, alcançou o melhor lançamento de ETF do ano, validando a demanda institucional apesar da volatilidade dos preços.
Sinais de fundo? "Holders" de longo prazo acumulam
Dados on-chain da Glassnode indicam que a pressão de distribuição (venda) está finalmente diminuindo, após semanas de forte venda. A CryptoQuant reforçou essa narrativa, mostrando que "holders de longo prazo" (insensíveis ao preço) absorveram 186.000 BTC desde 6 de outubro, o maior aumento em ciclos recentes.
Historicamente, esses picos de acumulação precedem grandes altas. Desta vez, o preço caiu, criando uma rara divergência. Analistas veem dois cenários prováveis: um rali poderoso à medida que a oferta diminui, ou uma "lavagem" final antes que uma tendência duradoura se forme.
De qualquer forma, o sinal é claro: o capital de longo prazo está entrando enquanto o sentimento de curto prazo entra em colapso, e tais divergências "nunca duram muito".
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