Bitcoin (BTC) cai abaixo de US$ 110 mil com fuga para títulos do tesouro americano

O Bitcoin (BTC) perdeu o fôlego nesta quinta-feira (4/9), com os traders fugindo para a segurança dos títulos do governo após a divulgação de dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos que vieram mais fracos do que o esperado.
O movimento colocou em dúvida a força do suporte de US$ 108.000 do Bitcoin, em meio a um sentimento cada vez mais dominado pelo temor de recessão entre os investidores.
Fonte: CoinMarketCap
Curiosamente, o mercado de ações reagiu de forma positiva aos mesmos dados, com os investidores se tornando mais confiantes de que o Federal Reserve cortará a taxa de juros. Em contraste, as criptomoedas enfrentaram uma pressão renovada, com o BTC sendo negociado brevemente abaixo de US$ 110.000.
Diferente dos ativos digitais, as ações se beneficiam de forma mais direta de custos de financiamento mais baixos e da redução do endividamento das famílias, fatores que podem estimular o consumo.
Fuga para a segurança domina o mercado após dados fracos de emprego
A forte demanda por títulos do Tesouro americano derrubou os rendimentos do título de 2 anos para 3,60%, seu nível mais baixo em quatro meses, sinalizando a disposição dos investidores em aceitar retornos menores em troca de segurança.
A corrida por ativos seguros veio após o relatório da ADP, divulgado na quinta-feira, mostrar que o setor privado dos EUA adicionou apenas 54.000 empregos em agosto, uma queda acentuada em relação aos 106.000 de julho. O Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM) também reportou que o emprego em geral sofreu uma contração.
Esses dados fracos do mercado de trabalho aumentaram os temores de uma recessão na maior economia do mundo, levando a um clássico movimento de "fuga para a qualidade".
Os investidores venderam ativos de maior risco, como o Bitcoin, e compraram ativos considerados mais seguros, como o ouro e os títulos do governo.
Expectativas para o Fed e o ceticismo do mercado
Apesar dos temores de recessão, os dados fracos de emprego solidificaram o consenso de que o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) irá cortar a taxa de juros em 0,25 ponto percentual em sua próxima reunião, nos dias 16 e 17 de setembro, levando a taxa de referência para 4,25%.
Expectativas do mercado para os juros em janeiro de 2026. Fonte: CME FedWatch.
No entanto, os investidores permanecem céticos de que o Federal Reserve possa sustentar um ciclo de afrouxamento monetário por muito tempo.
A ferramenta FedWatch da CME, que usa os preços dos futuros de juros para calcular as probabilidades, mostra que a porcentagem de traders que esperam que as taxas de juros em janeiro de 2026 estejam em 3,75% ou menos caiu de 72% para 65% no último mês.
O relatório de empregos do Bureau of Labor Statistics, que será divulgado nesta sexta-feira, será crucial para guiar o posicionamento dos investidores em relação aos ativos de risco.
A alta correlação do Bitcoin com as ações de tecnologia
Um eventual aumento da pressão inflacionária, decorrente de custos de capital mais baixos, poderia minar o crescimento econômico, especialmente com as tarifas de importação mais altas em vigor.
Portanto, embora juros mais baixos possam oferecer um alívio de curto prazo, a forte demanda por ouro e por títulos de curto prazo destaca uma aversão ao risco persistente, o que pode pesar fortemente sobre as criptomoedas.
A correlação de 60 dias do Nasdaq com o Bitcoin está em 72%, mostrando que os dois ativos têm se movido em grande parte juntos. A fraqueza nas ações de tecnologia, portanto, tende a se traduzir em fraqueza para o Bitcoin.
O que poderia quebrar esse padrão ainda é incerto, mas alguns analistas destacam a potencial adição da MicroStrategy (Strategy) ao índice S&P 500. Segundo essa visão, a inclusão "cimenta a legitimidade de toda uma classe de ativos", já que forçaria fundos de índice e ETFs que rastreiam o S&P 500 a comprarem as ações da MSTR, o que, indiretamente, geraria uma demanda passiva por Bitcoin.
Mesmo com a elevada demanda por títulos do governo americano, os desequilíbrios fiscais do país poderiam, no longo prazo, erodir a confiança na moeda doméstica, um cenário que historicamente é favorável ao Bitcoin.
Relatórios de grandes bancos, como o Bank of America, já projetam que o euro se fortalecerá em relação ao dólar até 2026, citando os atritos comerciais e o enfraquecimento da credibilidade institucional dos EUA.
Análise técnica aponta para suporte crítico em US$ 110 mil
Do ponto de vista técnico, a empresa de análise de mercado Swissblock destacou que um "suporte crítico" para o Bitcoin agora se encontra na faixa de US$ 110.000. Essa região é marcada por um alto volume de negociação passado, o que tende a criar uma forte zona de defesa para o preço.
Segundo essa visão, uma queda direta para US$ 100.000 nunca foi o cenário base, e o "muro" de compradores nessa faixa de suporte tem resistido até agora.
Fonte: Swissblock
Para o lado da alta, a análise aponta que a resistência está diminuindo. O próximo obstáculo importante seria o "portão" entre US$ 113.600 e US$ 115.600. Após um recuo, o preço precisaria de um novo impulso para limpar essa área e, em seguida, enfrentar uma resistência mais pesada na região de US$ 118.000.
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