Bitcoin (BTC) cai abaixo de US$ 108 mil com aversão ao risco

O Bitcoin (BTC) caiu abaixo do importante suporte de US$ 108.000 nesta sexta-feira (29/08), atingindo seu nível mais baixo em 50 dias. A queda acentuada, que pegou muitos traders de surpresa, desencadeou uma liquidação de mais de US$ 500 milhões em posições compradas e alavancadas.
O movimento reflete uma crescente aversão ao risco nos mercados globais, com os investidores questionando se a queda do Bitcoin é um reflexo de pressões macroeconômicas mais amplas ou se está limitada ao universo das criptomoedas.
Fonte: CoinMarketCap
A queda nos ativos digitais ocorreu em paralelo a um recuo de 1,2% no índice Nasdaq 100, de forte peso de empresas de tecnologia, e foi impulsionada por crescentes dúvidas sobre a sustentabilidade do crescimento do setor de inteligência artificial.
O sentimento negativo foi agravado por uma série de outros fatores, incluindo dados econômicos fracos nos EUA, vendas massivas de ações por executivos de grandes empresas e preocupações com a saúde do sistema bancário chinês.
Sinais de alerta na economia global e nos mercados
A cautela dos investidores se intensificou após os Estados Unidos reportarem um aumento de 22% no déficit comercial de julho. As importações superaram as exportações em US$ 103,6 bilhões, um número que ampliou o déficit para além do que os economistas previam.
Outro sinal de alerta veio da atividade de "insiders" no mercado de ações. Foi observado que as 200 maiores negociações de ações realizadas por executivos, diretores e grandes acionistas na semana passada foram todas de venda, um movimento descrito como sem precedentes.
Preocupações adicionais surgiram da China, depois que os cinco maiores bancos do país reportaram margens de lucro em mínimas históricas e um aumento na inadimplência.
Segundo o Financial Times, os bancos de varejo chineses se desfizeram de US$ 5,2 bilhões em dívidas inadimplentes no primeiro trimestre, um aumento de oito vezes em relação ao ano anterior, indicando uma deterioração na saúde do sistema financeiro do país.
Setor de inteligência artificial mostra sinais de fraqueza
O setor de inteligência artificial, que tem sido um dos principais motores de otimismo nos mercados, também se tornou uma fonte crescente de inquietação. A Nvidia (NVDA) teria revelado que 44% da receita de seu segmento de data centers vieram de apenas dois clientes, um sinal de alta concentração.
Apesar de ter reportado resultados trimestrais fortes, as ações da NVDA caíram 4,7% em duas sessões. Enquanto isso, a Super Micro Computer (SMCI), uma parceira chave da Nvidia, alertou sobre fraquezas em seus relatórios financeiros, o que fez suas ações caírem 5,1% na sexta-feira.
Sinais de aversão ao risco também foram evidentes no mercado de títulos. A forte demanda por títulos do Tesouro dos EUA derrubou o rendimento do título de 2 anos para 3,62%, seu nível mais baixo em quatro meses.
A disposição dos investidores em aceitar retornos mais baixos, mesmo com a inflação persistente, sugere uma crescente preferência por segurança.
Venda de baleias e liquidações em massa pressionam o Bitcoin
Além dos fatores macroeconômicos, o mercado de criptoativos também enfrentou seus próprios ventos contrários. A pressão vendedora de grandes detentores ("baleias") foi apontada como um dos principais gatilhos para a queda do dia, com uma forte distribuição de moedas na corretora Binance.
Esse movimento ajudou a desencadear uma cascata de liquidações. Dados da CoinGlass mostraram que as liquidações de posições alavancadas no mercado de cripto se aproximaram de US$ 540 milhões nas últimas 24 horas.
Apesar da forte queda, traders apontam que o preço do Bitcoin se encontra em uma zona de reversão chave, em cima de uma área de consolidação anterior. No entanto, o ativo falhou em reconquistar o nível de US$ 112.000 como suporte, um patamar que era considerado essencial pelos touros para um fechamento semanal positivo.
Com o otimismo em baixa, o único sinal de alívio vem de indicadores técnicos de curto prazo. O índice de força relativa (RSI) no gráfico de quatro horas continua a preservar uma divergência de alta, um padrão que pode indicar uma reversão de tendência.
Fatores macroeconômicos e sazonais continuam a pesar
A fraqueza na ação de preço do Bitcoin é influenciada tanto por fatores sazonais quanto macroeconômicos. Setembro é, tradicionalmente, o mês mais fraco do ano para o Bitcoin.
Além disso, os mercados continuam cautelosos com os indicadores de inflação nos EUA. O índice de preços de consumo pessoal (PCE), o preferido do Federal Reserve, veio em linha com as expectativas, mas reforçou uma reaceleração da inflação.
Apostas do mercado para a decisão de juros do Fed na reunião de setembro. Fonte: CME Group.
Apesar disso, os dados da ferramenta FedWatch, do CME Group, confirmam que os mercados ainda veem uma alta probabilidade de o Fed cortar os juros em setembro, o que seria um fator positivo para os criptoativos.
No entanto, a trading firm Mosaic Asset alertou que o cenário ainda pode mudar, dependendo dos dados do mercado de trabalho que serão divulgados na próxima semana. Um resultado mais forte do que o esperado pode colocar em risco as expectativas de um corte de juros.
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