Ibovespa sobe com otimismo externo e avanço de Vale e Eletrobras; Banco do Brasil (BBAS3) cai com crise nos Correios

Em um dia marcado pelo Dia dos Professores, os mercados deram uma aula de resiliência diante de notícias que aumentaram as incertezas. O Ibovespa subiu 0,65%, aos 142.603,66 pontos, após a leve baixa da véspera.
O real também se valorizou, com o dólar comercial caindo 0,13%, para R$ 5,462, com os investidores de olho em um novo possível corte de juros pelo Federal Reserve em outubro. As taxas de juros futuros, no entanto, fecharam mistas.
Fonte: Google Finance
O dia em Nova York foi mais volátil, com os índices oscilando bastante, mas o bom começo da temporada de balanços dos bancos americanos ajudou a sustentar o otimismo.
No Brasil, o mercado acompanhou as tensões políticas entre o Executivo e o Congresso, mas o bom desempenho de ações de grande peso, como Vale e Eletrobras, garantiu a alta do índice. O destaque negativo, no entanto, foi o Banco do Brasil, que caiu em meio a temores de que a instituição seja usada para socorrer os Correios.
Cenário externo: balanços positivos em Wall Street e a alta do ouro
Em Nova York, a sessão foi mais conturbada do que em São Paulo. Os índices chegaram a ficar todos no campo negativo no meio da tarde, mas terminaram mistos. O bom começo da temporada de balanços dos bancos americanos, com o Morgan Stanley superando as expectativas de lucro e receita no terceiro trimestre, animou o mercado.
No entanto, o otimismo foi contido pelas incertezas que a economia dos EUA ainda precisa enfrentar: a paralisação do governo continua, assim como as tensões comerciais e geopolíticas entre o governo Trump e a China. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, afirmou que a volatilidade do mercado de ações não influenciará a postura do país nas negociações comerciais com a China.
Diante desse cenário, o ativo que mais tem brilhado é o ouro, que, após superar os US$ 4.100 ontem, hoje já ultrapassou a marca de US$ 4,2 mil a onça, consolidando-se como o principal porto seguro para os investidores. Na Europa, as ações também subiram, impulsionadas pelo bom desempenho do setor de luxo.
Cenário político doméstico e as tensões no Congresso
No Brasil, o cenário político continua a gerar ruído. Em um evento no Rio de Janeiro em homenagem aos professores, o presidente Lula convidou o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, para participar. Motta aceitou e, apesar de ter sido vaiado pelo público com gritos de "sem anistia", discursou ao lado do presidente, tecendo elogios a ele.
No entanto, em seu próprio discurso, Lula se empolgou e criticou duramente o Congresso na frente do convidado, afirmando que a instituição "nunca teve o baixo nível como tem agora".
A fala do presidente foi uma clara referência à recente derrota do governo na Câmara, quando os deputados deixaram caducar a Medida Provisória que era considerada essencial para o equilíbrio das contas públicas.
Enquanto isso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tenta contornar a crise e foi ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre, pedir a retomada de trechos da MP na Casa.
Em resposta às defecções na base aliada, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, começou a exonerar indicados a cargos públicos de deputados que não votam com o governo.
Destaques do Ibovespa: Vale e Eletrobras lideram as altas
Apesar das tensões políticas, as ações de grande peso no Ibovespa garantiram a alta do índice. A Vale (VALE3) teve um desempenho irrepreensível e fechou com uma alta de 1,86%.
A Eletrobras (ELET3) foi outro grande destaque do dia, com um avanço de 2,33%, após a empresa anunciar a venda de sua participação na Eletronuclear, um movimento que, segundo analistas, elimina o "último grande risco" para a tese de investimento na companhia.
Outras empresas também tiveram um dia de fortes ganhos. A RD (RADL3) disparou 4,54%, com analistas reiterando a recomendação de compra para o papel, após notarem que os temores em torno da tese de investimento da empresa têm desaparecido.
A Copasa (CSMG3), por sua vez, subiu 5,61%, após analistas elevarem a recomendação para a ação, em vista da proximidade da privatização da companhia. Na contramão, a Petrobras (PETR4) caiu 0,90%, em um dia de nova baixa do petróleo no mercado internacional.
Banco do Brasil cai 1,84% com temor de envolvimento na reestruturação dos Correios
Em um dia de desempenho majoritariamente positivo para o setor financeiro, as ações do Banco do Brasil destoaram e fecharam em queda de 1,84%, a R$ 20,32, pressionadas por um risco específico relacionado a outra estatal. Enquanto o BB caía, as ações do Bradesco (BBDC4) avançaram 1,17% e as do Santander (SANB11) subiram 1,75%.
Fonte: Google Finance
O temor do mercado é de que o Banco do Brasil, juntamente com a Caixa, seja chamado pelo governo para dar suporte à crise aguda nos Correios, que está em processo de reestruturação. A estatal informou nesta quarta-feira que irá realizar uma operação de crédito no valor de R$ 20 bilhões para dar conta de suas necessidades de caixa para 2025 e 2026.
A medida faz parte de um plano de reestruturação mais amplo, que visa reequilibrar a empresa financeiramente e recuperar sua capacidade de geração de caixa. A percepção de risco dos investidores é de que o Banco do Brasil possa ser obrigado a participar desse empréstimo em condições que não seriam favoráveis, o que impactaria sua própria rentabilidade.
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