Ibovespa renova máxima histórica com otimismo sobre juros; dólar abre em queda antes de 'Super Quarta'

Pedro Augusto Prazeres
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O Ibovespa registrou mais um recorde nesta terça-feira (16/09), em uma sessão que, apesar da baixa liquidez, levou o principal índice da bolsa brasileira a superar novas marcas. A alta foi de 0,36%, aos 144.061,74 pontos, o maior patamar de fechamento da história, batendo o recorde que havia sido alcançado na véspera. Durante o dia, o índice também renovou sua máxima histórica intradiária, atingindo 144.584,10 pontos. 

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Fonte: Google Finance

Apesar da performance positiva, o dia foi de cautela e de baixo volume de negócios. Os investidores adotaram uma postura de espera antes da "Super Quarta", que trará as decisões de política monetária tanto do Comitê de Política Monetária (Copom) no Brasil quanto do Federal Reserve nos Estados Unidos.

Dados que mostraram uma força inesperada da economia americana adicionaram uma camada de incerteza ao cenário, embora a aposta principal do mercado continue sendo a de um corte de juros pelo Fed.

Economia dos EUA mais forte que o esperado gera debate

O cenário em Wall Street foi de maior cautela, com os principais índices fechando próximos da estabilidade, mas no vermelho. A principal causa para a falta de ânimo dos investidores americanos foi a divulgação de novos dados que mostraram uma força ainda insuspeita da economia do país.

A produção industrial subiu 0,1% em agosto, surpreendendo as projeções, os estoques das empresas aumentaram moderadamente em julho, e as vendas no varejo também mostraram uma musculatura maior do que se previa.

Esses dados de uma economia ainda vigorosa, mesmo com os juros altos, geraram um debate no mercado. Embora a aposta dominante continue sendo a de que o Fed cortará os juros em 0,25 ponto percentual, os números mais fortes diminuem a urgência de tal medida.

A visão de parte dos analistas é de que um corte de juros mais agressivo, de 0,50 ponto, seria motivado mais por pressão política do que por necessidade econômica.

Mercado de trabalho no Brasil e as perspectivas para a Selic

No Brasil, o cenário foi diferente, com o mercado encontrando motivos para a alta. Um dos fatores que deu suporte ao otimismo foi a divulgação de dados do mercado de trabalho de julho, que mostraram que a taxa de desemprego renovou mais uma vez seu menor patamar histórico.

Apesar do dado positivo, a visão de economistas é de que o mercado de trabalho caminha para uma lenta estabilização. Um estudo da FGV mostrou que o PIB brasileiro está em um franco processo de marcha lenta, um reflexo do esforço da política monetária do Banco Central para controlar a inflação. Com a atividade econômica mais fraca e a melhora nas projeções de inflação, o cenário para um futuro corte na taxa Selic vai se tornando mais claro, embora a expectativa seja de manutenção dos juros em 15% na reunião desta semana.

Governo busca novos mercados e diversificação comercial

No campo político-comercial, o governo brasileiro continua a buscar alternativas para diminuir a dependência do mercado norte-americano, em meio ao impasse gerado pelo "tarifaço" imposto pelos EUA.

O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que o Brasil não pretende usar a lei da reciprocidade para retaliar os americanos. A estratégia, segundo ele, é a de abrir novos mercados.

Nesse sentido, o Brasil e o Mercosul estão avançando em negociações com outros parceiros comerciais.

Um levantamento da ApexBrasil apontou destinos alternativos para os produtos de estados do Norte, como Amazonas e Amapá, que figuram entre os mais dependentes do mercado norte-americano, e mostrou que a diversificação é crucial para preservar as cadeias produtivas locais.

Desempenho das ações: Vale e Petrobras sobem, bancos tropeçam

O desempenho das principais ações do Ibovespa foi misto nesta terça-feira, mas com força suficiente para levar o índice ao novo recorde. A Vale (VALE3) subiu 0,35%, beneficiada pela sustentação dos preços do minério de ferro na China.

A Petrobras (PETR4) também avançou, com uma alta de 0,25%, acompanhando mais um dia de valorização do petróleo no mercado internacional. As petroleiras juniores, como a PRIO (PRIO3), também fecharam no azul.

O setor de varejo, que vem de uma forte recuperação, teve mais um dia construtivo. As ações do Magazine Luiza (MGLU3) se destacaram novamente, com uma alta de 1,51%, enquanto a Lojas Renner (LREN3) foi ainda mais longe e ganhou 4,19%. Fora do Ibovespa, os papéis da Americanas (AMER3) chegaram a disparar 8,64%.

Na contramão, a maior parte do setor bancário tropeçou. As ações do Itaú Unibanco (ITUB4) perderam 0,26% e as do Bradesco (BBDC4) caíram 0,23%. A única exceção vitoriosa entre os grandes bancos foi o Banco do Brasil (BBAS3), que conseguiu subir 0,55%, mostrando resiliência em meio ao dia de cautela.

Enquanto a bolsa de valores operava em alta, o mercado de câmbio seguiu a mesma tendência de otimismo com a política monetária americana, com o dólar registrando mais um dia de queda em relação ao real.

Dólar abre em queda com foco nas decisões dos bancos centrais

O dólar abriu esta terça-feira em queda de 0,29%, cotado a R$ 5,3250, em linha com o desempenho da moeda no mercado global um dia antes da decisão de política monetária do Federal Reserve.

As apostas do mercado são de que o Fed anunciará na quarta-feira (17/09) o primeiro corte de juros do ano, enquanto, no Brasil, a expectativa é pela manutenção da taxa Selic em 15% ao ano. Na segunda-feira, a divisa americana já havia fechado em queda de 0,61%, a R$ 5,3217, o menor valor de fechamento desde junho de 2024, acumulando uma perda de 1,58% em três pregões.

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Fonte: Google Finance

Na agenda do dia, o destaque foi a taxa de desemprego medida pela Pnad Contínua, que ficou em 5,6% no trimestre encerrado em julho, no piso das expectativas do mercado.

No cenário político, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva articulou com o presidente da Câmara, Hugo Motta, uma estratégia para barrar o avanço da proposta de anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, também pediu autorização ao STF para visitar Bolsonaro na quarta-feira.

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