Neoenergia (NEOE3) sobe com Iberdrola ampliando fatia; Ibovespa renova máxima histórica com dados dos EUA

As ações da Neoenergia (NEOE3) reagiram positivamente ao anúncio de que sua acionista controladora, a gigante espanhola Iberdrola, chegou a um acordo para comprar a participação de 30,29% que pertencia ao fundo de pensão Previ. A transação, avaliada em R$ 11,95 bilhões, consolida ainda mais o controle da Iberdrola sobre sua subsidiária brasileira. No fechamento do pregão desta quinta-feira (11), os papéis da companhia chegaram a subir 3,76%, a R$ 29,25, e fecharam o dia com uma alta de 2,38%, cotados a R$ 28,86.
O movimento acionário foi o principal destaque do dia para a empresa e gerou duas discussões centrais no mercado financeiro. A primeira, de natureza mais técnica, foi a de que a operação não dispara o direito de "tag along" para os acionistas minoritários.
A segunda, e mais estratégica, é a de que o aumento da participação da controladora, que agora deterá quase 84% da companhia, pode ser um sinal de que um eventual fechamento de capital da Neoenergia no futuro não deve ser descartado.
Os detalhes da transação bilionária
O acordo anunciado prevê que a Iberdrola comprará a totalidade da participação da Previ na Neoenergia, pagando um valor de R$ 32,50 por ação.
Com a conclusão da transação, a Iberdrola, que já atuava como acionista controladora, aumentará sua fatia na companhia para 83,8%. O capital restante, de 16,2%, continuará a ser negociado livremente na bolsa de valores brasileira, a B3.
O preço oferecido por ação representa um prêmio de aproximadamente 15% em relação ao preço de fechamento dos papéis na véspera do anúncio, que era de R$ 28,20.
Esse prêmio é um dos fatores que animou os investidores, pois sinaliza uma avaliação mais alta para a companhia na visão de sua própria controladora.
A questão do 'tag along' e a visão do mercado
Uma das principais dúvidas que surgiram após o anúncio foi se a operação acionaria o mecanismo de "tag along", que é um direito de proteção ao acionista minoritário.
Esse mecanismo garante que, em caso de venda do controle de uma companhia, os minoritários tenham o direito de vender suas ações pelas mesmas condições e pelo mesmo preço oferecido ao acionista controlador.
No entanto, a avaliação de bancos de investimento, como o BTG Pactual e a Genial, é de que o direito de "tag along" não é ativado neste caso. A justificativa é de que não houve uma "mudança de controle", que é o gatilho legal para o mecanismo.
A Iberdrola já era a controladora da Neoenergia, e a Previ, embora fosse uma acionista relevante, já fazia parte do mesmo grupo de controle. Portanto, o movimento é visto como uma consolidação do controle já existente, e não como uma troca de comando.
Especulações sobre um possível fechamento de capital
Com a Iberdrola agora detendo uma participação tão concentrada, de 83,8%, e com um "free float" (ações em livre circulação no mercado) reduzido para apenas 16,2%, a principal especulação no mercado é sobre a possibilidade de um futuro fechamento de capital da Neoenergia.
A tese de um eventual fechamento de capital se sustenta em alguns pontos. O prêmio de 15% pago pelas ações da Previ pode ser interpretado como um sinal do preço que a controladora estaria disposta a pagar em uma futura oferta pública de aquisição (OPA) para comprar as ações restantes.
Além disso, o baixo percentual de ações em circulação torna uma operação de fechamento de capital mais fácil e financeiramente menos custosa de ser executada. Esse evento se une a outras movimentações recentes na bolsa brasileira, nas quais acionistas controladores têm aproveitado o cenário de "valuation" depreciado para aumentar suas participações em suas próprias operações.
A estratégia futura da Iberdrola
Apesar das especulações sobre o fechamento de capital, essa não é a única possibilidade para o futuro da Neoenergia. A análise de mercado também pondera que a Iberdrola pode optar por manter a companhia listada na B3.
A justificativa para essa visão é a de que o setor de energia no Brasil é muito intensivo em capital e apresenta diversas oportunidades de crescimento futuro.
Manter as "portas do mercado de capitais brasileiro abertas" permitiria à Neoenergia ter uma fonte adicional de financiamento para seus projetos de expansão, seja por meio de novas emissões de ações ou de outros instrumentos.
A decisão estratégica da Iberdrola sobre qual caminho seguir deverá ser o principal foco de atenção dos investidores nos próximos meses. Enquanto a Neoenergia se destacava em seu movimento particular, o mercado de ações brasileiro como um todo teve um dia de forte otimismo, com o Ibovespa renovando suas máximas históricas.
Ibovespa renova máxima histórica com dados de inflação dos EUA
O Ibovespa fechou em alta de 0,56% nesta quinta-feira (11), aos 143.150,03 pontos, após chegar a testar o patamar inédito dos 144 mil pontos durante o dia. O otimismo foi impulsionado por dados econômicos dos Estados Unidos que, apesar de mistos, reforçaram as expectativas de um corte de juros pelo Federal Reserve na próxima semana.
Fonte: Google Finance
O principal dado do dia foi o índice de preços ao consumidor (CPI) de agosto nos EUA, que subiu 0,4%, ligeiramente acima do esperado. No entanto, o mercado focou na taxa acumulada em 12 meses, que ficou em 2,9%, dentro das expectativas, e em projeções de que o núcleo do PCE, medida de inflação preferida do Fed, deve vir comportado.
Além disso, os pedidos de auxílio-desemprego vieram bem acima do previsto, sinalizando um enfraquecimento do mercado de trabalho, o que também apoia a tese de corte de juros. Com isso, Wall Street fechou com novos recordes para seus principais índices.
No cenário doméstico, os investidores acompanharam a formação de maioria no STF para condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro por cinco crimes relacionados à tentativa de golpe de Estado.
O resultado já era amplamente esperado pelo mercado, que agora monitora possíveis novas retaliações do presidente dos EUA, Donald Trump, ao Brasil. Além disso, o Ministério da Fazenda cortou as previsões de crescimento e inflação para este ano, enquanto a pesquisa Datafolha mostrou uma melhora na aprovação do governo Lula.
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