GARE11 vende ativos para reduzir dívida; TRBL11 tem lucro 10x maior com ganho de capital

Pedro Augusto Prazeres
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Fonte: DepositPhotos

O fundo de investimento imobiliário Guardian Real Estate (GARE11) anunciou a conclusão da venda de 10 de suas lojas de varejo por um valor total de R$ 485,5 milhões. Os imóveis vendidos estão atualmente locados para duas grandes redes varejistas, o Grupo Mateus (GMAT3) e o Grupo Pão de Açúcar (PCAR3).

A operação é um movimento estratégico da gestão do fundo para reduzir seu endividamento, reforçar o caixa e gerar um lucro significativo para os cotistas.

Foto: Divulgação

A transação ocorre em um momento em que o fundo também realiza uma nova emissão de cotas, com o objetivo de captar recursos para a aquisição de novos imóveis. Juntas, as duas operações compõem uma grande estratégia de "reciclagem de portfólio", que visa fortalecer a estrutura de capital do GARE11 e prepará-lo para um novo ciclo de crescimento com menor alavancagem.

Os detalhes financeiros e o impacto da transação

O pagamento dos R$ 485,5 milhões será realizado de forma parcelada, com uma primeira parcela paga no ato da assinatura e o saldo restante sendo quitado em um prazo de até 60 meses.

A operação, segundo a Guardian Gestora, administradora do fundo, deverá gerar um lucro bruto estimado em R$ 156 milhões, o que equivale a um ganho de R$ 1,06 por cota. A taxa interna de retorno (TIR) estimada para o investimento é de 23% ao ano, ou IPCA + 18% ao ano, um retorno considerado bastante elevado.

Além do lucro a ser distribuído, a venda também terá um impacto positivo direto no valor patrimonial do fundo. Como os imóveis foram vendidos por um valor acima da última avaliação contábil, a gestão projeta que a operação deve gerar um aumento no valor patrimonial por cota entre R$ 0,42 e R$ 0,50.

O comprador dos ativos é um novo fundo imobiliário, não listado em bolsa, que foi criado pela XP com foco no segmento de renda urbana.

Redução da alavancagem como foco principal da gestão

O impacto mais significativo da venda será na estrutura de capital do GARE11. A operação permitirá uma redução de R$ 360 milhões na alavancagem do fundo, que é o seu nível de endividamento. Adicionalmente, a transação deve reforçar as disponibilidades de caixa em R$ 131 milhões.

A gestão do fundo destacou que a conclusão dessa operação reforça o compromisso com o controle da alavancagem e com a manutenção de um "colchão" de caixa robusto. A iniciativa também reitera a postura de gestão ativa do fundo, que busca extrair valor do portfólio por meio da compra e venda estratégica de ativos, e não apenas pelo recebimento de aluguéis.

Nova emissão de cotas para financiar aquisições

Simultaneamente ao processo de venda, o GARE11 está realizando uma nova emissão de cotas no mercado. A oferta tem como objetivo inicial captar R$ 400 milhões, mas esse valor pode chegar a R$ 773,5 milhões caso haja interesse dos investidores em um montante adicional.

Os recursos levantados na emissão serão destinados à compra de novos imóveis. A gestora informou que já possui no radar um pipeline de 9 a 12 ativos que podem ser adquiridos, dependendo do valor final captado. Uma modalidade de pagamento interessante que pode ser utilizada é a "compensação de cotas", na qual o fundo paga pelo novo imóvel, de forma parcial ou total, entregando cotas do próprio GARE11 ao vendedor, que passa a ser um investidor do fundo.

A estratégia de reciclagem de portfólio

As duas operações, a venda dos 10 imóveis e a nova emissão de cotas, fazem parte de uma estratégia mais ampla de reciclagem de portfólio.

A gestão está, ao mesmo tempo, vendendo ativos que já atingiram um bom nível de maturação e geraram um retorno elevado, usando os recursos para reduzir dívidas e fortalecer o caixa, enquanto capta novo capital para investir em novas oportunidades.

Ao final desse processo, a expectativa é que o GARE11 mantenha um portfólio robusto de ativos, com foco em imóveis de renda urbana e galpões logísticos, mas com um nível de endividamento consideravelmente menor.

Essa estrutura de capital mais saudável deve dar mais segurança e flexibilidade para o fundo continuar sua trajetória de crescimento no futuro.

Lucro do TRBL11 dispara com ganho de capital, mas disputa com Correios continua

Enquanto o GARE11 se destaca pela reciclagem de portfólio, outro fundo, o Tellus Rio Bravo (TRBL11), reportou um resultado mensal atípico, impulsionado por um ganho de capital, mas que acontece em meio a um imbróglio com seu principal inquilino.

O TRBL11 encerrou o mês de julho com um resultado de R$ 21,566 milhões, um patamar mais de dez vezes superior ao observado em junho, quando o lucro havia sido de R$ 2,057 milhões. A forte alta, no entanto, não veio da receita de aluguéis, que somou R$ 3,1 milhões, mas sim de uma entrada extraordinária de R$ 20,7 milhões referente a um ganho de capital.

Esse valor é proveniente do recebimento da quarta parcela da venda de dois empreendimentos em Duque de Caxias (RJ). O evento permitiu que o fundo distribuísse R$ 0,60 por cota em dividendos, o maior valor pago nos últimos cinco meses.

Fonte: StatusInvest

O resultado positivo, no entanto, contrasta com o principal desafio operacional do fundo: uma disputa com os Correios, inquilino de seu maior ativo, localizado em Contagem (MG).

A estatal, que não paga aluguel desde o ano passado, entrou com um pedido de rescisão unilateral de contrato por justa causa, após a interdição temporária do imóvel para obras de manutenção. A gestão do TRBL11 contesta a rescisão e busca na justiça o recebimento integral da multa contratual prevista.

A situação teve um novo desdobramento nesta semana. A saída definitiva dos Correios do imóvel estava prevista para a última segunda-feira (18/8), mas a empresa ainda ocupa o espaço, realizando a desmontagem de equipamentos. Essa circunstância impede uma retomada forçada do galpão pela gestão.

Enquanto o impasse continua, o TRBL11 segue cobrando os aluguéis referentes ao aviso prévio de seis meses e já iniciou as tratativas comerciais para alugar o imóvel, classificado como de alto padrão (Classe AAA) e localizado em uma região de alta demanda.

Isenção de responsabilidade: este artigo representa apenas a opinião do autor e não pode ser usado como consultoria de investimento. O conteúdo do artigo é apenas para referência. Os leitores não devem tomar este artigo como base para investimento. Antes de tomar qualquer decisão de investimento, procure orientação profissional independente para garantir que você entenda os riscos.

 

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