Ibovespa despenca 2,2% com bancos e dólar dispara; XP recua mais de 7% após balanço

Pedro Augusto Prazeres
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Fonte: DepositPhotos

O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, fechou em forte queda de 2,20% nesta terça-feira (19/8), aos 134.295 pontos.

O movimento de aversão ao risco foi impulsionado principalmente pela desvalorização acentuada das ações do setor bancário, que reagiram negativamente a uma decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF).

A incerteza jurídica e política gerada pela medida levou os investidores a buscarem proteção, o que resultou em uma forte alta do dólar, que disparou 1,19% e fechou o dia cotado a R$ 5,4993.

Fonte: Google Finance

O dia foi de clara aversão a ativos de risco brasileiros. A decisão do STF, somada a um cenário global já instável, criou um ambiente de cautela que penalizou os ativos de maior peso no índice. Apesar da queda expressiva no dia, o Ibovespa ainda acumula uma alta de 3,19% no mês e de 14,17% no ano.

A decisão do STF e a incerteza sobre a Lei Magnitsky

O principal gatilho para o mau humor do mercado foi a decisão do ministro Flávio Dino que proíbe a aplicação de decisões judiciais estrangeiras no Brasil sem a devida homologação, ou seja, sem uma validação formal pelo sistema judiciário brasileiro.

A medida gerou uma onda de incerteza, especialmente no setor financeiro, devido ao possível impacto da Lei Magnitsky, uma legislação dos Estados Unidos que permite ao governo americano impor sanções a indivíduos e empresas estrangeiras envolvidas em atos de corrupção ou violações de direitos humanos.

O temor do mercado é que a decisão do STF crie um vácuo de segurança jurídica, dificultando a previsibilidade sobre como as empresas brasileiras com operações internacionais, em especial os bancos, seriam afetadas caso fossem alvo de sanções sob essa lei.

A incerteza sobre as regras do jogo e a possibilidade de conflitos entre as decisões da justiça americana e a brasileira foram suficientes para disparar um forte movimento de venda.

Setor bancário tem forte queda e pressiona o índice

O setor bancário, que possui o maior peso na composição do Ibovespa, foi o principal responsável pela queda do índice. As ações dos grandes bancos foram duramente impactadas pela percepção de aumento do risco jurídico e político.

O Banco do Brasil (BBAS3) liderou as perdas entre os pares, com uma queda de 6,07%. As ações do Itaú (ITUB4) recuaram 3,71%, enquanto Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11) caíram 3,49% e 3,48%, respectivamente. O BTG Pactual (BPAC11) também registrou uma baixa expressiva de 3,39%.

O movimento de venda nas ações dos bancos foi amplificado pela corrida dos investidores para o dólar. Em um clássico movimento de "fuga para a qualidade", muitos optaram por realocar seus portfólios, desfazendo-se de ações do setor financeiro, consideradas mais arriscadas no cenário atual, e comprando a moeda americana como forma de proteção.

Essa dinâmica simultânea acabou por intensificar tanto a queda do Ibovespa quanto a alta do dólar.

Destaques setoriais: exportadoras em alta e Raízen em queda

Apesar do dia negativo para o índice, alguns setores conseguiram se destacar positivamente. Foi o caso das empresas exportadoras de proteínas, como Minerva (BEEF3), JBS (JBSS3) e Marfrig (MRFG3). As ações dessas companhias foram impulsionadas justamente pela forte alta do dólar.

Como grande parte de suas receitas é proveniente de exportações e, portanto, cotada em moeda americana, a valorização do dólar frente ao real aumenta a receita em reais dessas empresas, o que tende a melhorar suas margens e resultados, na contramão do pessimismo que dominou o mercado interno.

Na outra ponta, entre as maiores quedas do dia, esteve a Raízen (RAIZ4), com um recuo de 9,57%. A queda foi uma reação a uma notícia corporativa específica: o anúncio da Petrobras (PETR4) de que não faria mais investimentos na empresa.

A decisão da estatal, que era uma parceira estratégica, gerou um clima de incerteza sobre os planos de futuro da Raízen, especialmente no que diz respeito ao setor de etanol, o que levou a um forte movimento negativo em suas ações.

Ações da XP caem mais de 5% apesar de lucro recorde no 2º trimestre

Além do mau humor generalizado que derrubou o setor bancário, o mercado de capitais também repercutiu o balanço da XP, que, apesar de reportar lucro recorde, viu suas ações despencarem. As ações da XP (XPBR31) negociadas no Brasil fecharam em forte queda de 5,67% nesta terça-feira, enquanto os papéis listados na Nasdaq, nos Estados Unidos, recuavam mais de 7%.

A reação negativa do mercado ocorreu após a divulgação dos resultados do segundo trimestre de 2025. O movimento surpreendeu parte dos investidores, já que a companhia reportou um lucro líquido ajustado recorde de R$ 1,321 bilhão, um crescimento de 18% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Segundo a visão de analistas, apesar de o lucro líquido ter superado as estimativas, a "qualidade" dos números decepcionou. A receita bruta de R$ 4,669 bilhões, embora tenha crescido 4% em 12 meses, veio abaixo do esperado. Além disso, a fraca entrada líquida de recursos no segmento de varejo foi um ponto de atenção negativo.

Diante desse cenário, uma das casas de análise manteve uma recomendação neutra para as ações da XP, com um preço-alvo de US$ 21 para os papéis nos EUA. A avaliação é de que, embora o lucro tenha sido forte, o crescimento aquém do esperado e a captação fraca no varejo indicam desafios para a companhia.

Isenção de responsabilidade: este artigo representa apenas a opinião do autor e não pode ser usado como consultoria de investimento. O conteúdo do artigo é apenas para referência. Os leitores não devem tomar este artigo como base para investimento. Antes de tomar qualquer decisão de investimento, procure orientação profissional independente para garantir que você entenda os riscos.

 

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