Casas Bahia (BHIA3) desaba 20% com plano de aumento de capital bilionário e temor de diluição massiva
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As ações da Casas Bahia (BHIA3) sofreram um colapso na sessão desta quarta-feira (26), encerrando o dia com uma queda expressiva de 20,44%, cotadas a R$ 3,23. O movimento brusco de venda interrompeu uma sequência recente de otimismo.
Nos pregões anteriores, os papéis haviam registrado uma forte valorização, acumulando ganhos significativos na segunda e na terça-feira. No entanto, o humor do mercado virou drasticamente após a varejista convocar assembleias de acionistas e debenturistas.
Fonte: Google Finance
O objetivo dessas reuniões, marcadas para o dia 17 de dezembro, é deliberar sobre um plano ambicioso e polêmico: um aumento do capital autorizado da companhia e o reperfilamento de dívidas.
A estratégia contempla a possibilidade de conversão de debêntures em ações, o que acendeu um sinal de alerta vermelho entre os investidores atuais sobre o risco de uma diluição massiva de suas participações.
O plano de R$ 13 bilhões e a reestruturação da dívida
A Assembleia Geral Extraordinária (AGE) convocada decidirá sobre a proposta de aumentar o limite do capital autorizado da empresa para até R$ 13,25 bilhões.
Paralelamente, haverá uma assembleia especial de debenturistas, envolvendo especificamente os detentores dos papéis da 10ª emissão de debêntures da companhia.
A medida faz parte de um esforço contínuo da gestão para reequilibrar a estrutura de capital da varejista, que vem sofrendo com o peso dos juros altos sobre seu endividamento.
Na divulgação do balanço do terceiro trimestre, que mostrou um prejuízo líquido de R$ 496 milhões pressionado por despesas financeiras, a direção já havia sinalizado movimentos nesse sentido.
O vice-presidente financeiro, Elcio Ito, afirmou na ocasião que o grupo estava trabalhando em iniciativas para melhorar a estrutura de capital, mas a magnitude da proposta surpreendeu parte do mercado.
Analistas veem conversão de dívida e risco de diluição
Para o mercado financeiro, a leitura é clara: a empresa está preparando o terreno para transformar dívida em ações (equity).
Analistas do Banco Safra destacaram que a proposta de reperfilamento é "agressiva" e denota a intenção de rediscutir as condições da dívida, inclusive através da conversão.
O banco estima que se trata de uma dívida de aproximadamente R$ 3 bilhões que poderia ser equacionada dessa forma.
Embora a notícia seja positiva do ponto de vista da solvência e da estrutura de capital, pois reduz o endividamento e as despesas com juros, ela traz um custo alto para o acionista minoritário.
A emissão de novas ações para pagar credores aumenta a base acionária total, diminuindo a fatia de quem já possui o papel. "A notícia deve trazer uma diluição relevante caso a nossa hipótese de conversão em ações se confirme", alertaram os analistas do Safra.
O precedente da Mapa Capital e o interesse do mercado
A estratégia de conversão de dívida não é inédita na história recente da Casas Bahia. Em agosto, a gestora Mapa Capital tornou-se a maior acionista da varejista através de um movimento similar.
Naquela operação, houve a conversão de R$ 1,40 bilhão em debêntures da série 2 da 10ª emissão em ações. O movimento ocorreu após um acordo da Mapa com os bancos Bradesco e Banco do Brasil, que detinham os títulos.
Desde a concretização dessa operação, a Casas Bahia começou a ser procurada por outras "assets" (gestoras de recursos) com interesse em realizar movimentos semelhantes.
Fontes com conhecimento das discussões afirmam que há apetite no mercado de crédito distressed para esse tipo de conversão, apostando na recuperação da empresa no longo prazo.
A proposta de aumento do limite de capital autorizado é, portanto, uma ferramenta para dar flexibilidade ao conselho de administração.
Se a companhia decidir converter um volume grande de dívida em ações para atender a essa demanda, ela precisará ter o espaço estatutário para emitir os novos papéis e estender aos demais acionistas as mesmas condições, garantindo o direito de preferência.
Ibovespa dispara 1,70% e renova máxima histórica com IPCA-15 e otimismo externo
Enquanto a Casas Bahia sofria um colapso isolado devido a questões de estrutura de capital, o mercado amplo viveu um dia de euforia, com o Ibovespa renovando suas máximas históricas impulsionado por dados de inflação benignos e um cenário externo favorável.
O Ibovespa disparou 1,70% nesta quarta-feira, encerrando aos 158.554,94 pontos. Pela primeira vez na história, o índice fechou acima dos 158 mil pontos, atingindo também um novo recorde intradiário de 158.713,52 pontos.
Fonte: Google Finance
O ânimo foi generalizado. O dólar comercial caiu 0,77%, cotado a R$ 5,335, e os juros futuros fecharam majoritariamente em baixa. O otimismo foi alimentado pela divulgação do IPCA-15 de novembro, que subiu apenas 0,20%.
O dado reforça o viés de baixa para a inflação do ano e aumenta as apostas de um corte na taxa Selic já em janeiro. "Mantemos a nossa expectativa de que o IPCA cheio continue desacelerando, o que faria com que a inflação encerrasse 2025 dentro do teto da meta", projetou o economista André Valério.
Wall Street e a sucessão no Fed impulsionam o risco
No exterior, o clima também foi de festa antes do feriado de Ação de Graças. Os mercados reagiram positivamente aos dados de seguro-desemprego nos EUA, que vieram abaixo do esperado, aumentando a chance de cortes de juros em dezembro.
Além disso, a sinalização de que Kevin Hassett é o favorito de Donald Trump para presidir o Federal Reserve animou os investidores. Hassett é visto como um defensor de cortes de juros mais rápidos, alinhado com a visão do presidente americano.
No Brasil, o cenário político teve ruídos com a sanção da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e a ausência dos presidentes da Câmara e do Senado na cerimônia. No entanto, o fluxo comprador prevaleceu na bolsa.
A Vale (VALE3) subiu 1,49% com a alta do minério, e os grandes bancos tiveram ganhos robustos, com Bradesco (BBDC4) avançando 3,01% e Itaú (ITUB4) subindo 2,36%. A B3 (B3SA3) disparou 3,81%, refletindo a melhora na visão sobre o mercado de capitais.
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