Ações da Ambipar (AMBP3) despencam 13% após saída do CFO

Pedro Augusto Prazeres
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Fonte: DepositPhotos

As ações ordinárias da Ambipar (AMBP3) despencaram mais de 13% nesta terça-feira, em uma reação negativa do mercado à notícia de que o diretor financeiro (CFO) da companhia, João Daniel Piran de Arruda, deixou o cargo.

A saída do executivo, que havia sido contratado em 2024 para fortalecer a governança e a comunicação da empresa com os investidores, ocorre em um momento delicado para a Ambipar, que passa por um processo de reestruturação em seu alto escalão e é alvo de um processo administrativo sancionador na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

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Fonte: Google Finance

A chegada de Arruda à companhia, que antes de se juntar à empresa passou quase 15 anos no Bank of America (BofA), havia sido bem recebida pelo mercado.

Na época, a Ambipar estava sob pressão por maior clareza na comunicação com seus acionistas, e a escolha de um executivo com mais de duas décadas de experiência foi vista como um passo importante para a melhoria da governança. A sua saída, pouco mais de um ano depois, renova as preocupações dos investidores.

A saída do CFO e a reação da companhia

Em comunicado ao mercado, a Ambipar declarou que continuará empenhada em fortalecer sua área financeira, sua governança e o relacionamento com os investidores. Segundo a empresa, a prioridade é garantir a transparência, reforçar a confiança do mercado e gerar valor para os acionistas.

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Foto: Divulgação

Para o lugar de Arruda, a companhia nomeou Ricardo Rosanova Garcia, que já exercia a função de diretor de Relações com Investidores (DRI) e agora acumulará as duas áreas. Garcia tem uma longa trajetória dentro do grupo, tendo atuado até o ano passado como CFO da Ambipar Environment, um dos principais braços de negócio da companhia.

A saída do CFO não foi a única movimentação recente na diretoria da Ambipar. Na semana passada, a empresa também anunciou a mudança de função de Pedro Borges Petersen, que deixou o cargo de DRI para atuar como "senior advisor" de operações.

Ele também se desligou da função de relações com investidores da Environmental ESG Participações, uma outra empresa do grupo. Essa série de mudanças no alto escalão ocorre em meio a um cenário de maior escrutínio sobre a companhia por parte dos reguladores do mercado.

O processo da CVM e as suspeitas de irregularidades

A reestruturação na diretoria da Ambipar acontece enquanto a empresa é alvo de um processo administrativo sancionador da CVM.

A autarquia investiga possíveis irregularidades ligadas aos programas de recompra de ações realizados pela Ambipar. A suspeita é de que as recompras possam ter ultrapassado o limite legal de 10% das ações em circulação no mercado ("free float").

O processo da CVM não se restringe a executivos de menor escalão. Além de Petersen, o fundador da companhia, Tércio Borlenghi Junior, e outros diretores também são citados na investigação, o que aumenta a gravidade do caso e a preocupação dos investidores com a governança da empresa.

O histórico de volatilidade e o 'short squeeze' de 2024

As recentes mudanças na diretoria e a investigação da CVM são os capítulos mais recentes de uma história de grande volatilidade para os papéis da Ambipar.

Desde maio do ano passado, as ações da companhia passaram por uma escalada impressionante, que foi puxada por uma série de aquisições realizadas pelo controlador e por um programa de recompra de ações da própria empresa.

De acordo com um relatório técnico da CVM, parte dessas ações recompradas foi utilizada para quitar obrigações da companhia, o que resultou em ganhos contábeis de aproximadamente R$ 260 milhões. Esse movimento de forte compra de ações, tanto pelo controlador quanto pela empresa, foi potencializado pela entrada de fundos ligados ao Banco Master e ao empresário Nelson Tanure.

A combinação desses fatores acabou por desencadear um "short squeeze", um fenômeno no qual investidores que apostavam na queda da ação são forçados a recomprar os papéis, o que acelera ainda mais a alta. O efeito levou a cotação da ação de um patamar de cerca de R$ 8,00, em maio, para um pico de R$ 268 em dezembro do ano passado.

Ambipar anuncia emissão de R$ 3 bilhões em debêntures para resgatar dívidas antigas

Enquanto o mercado ainda digere as mudanças na diretoria e a investigação da CVM, o Conselho de Administração da Ambipar aprovou a 7ª emissão de debêntures simples, no valor total de até R$ 3 bilhões.

O principal objetivo da operação é o pagamento antecipado da totalidade das debêntures da 3ª emissão da ESG (EESG13) e da 6ª emissão da própria Ambipar (AMBP16), incluindo o prêmio de resgate previsto nos contratos.

A medida reforça a estratégia da empresa de reduzir seus custos financeiros e otimizar sua estrutura de capital, trocando dívidas mais antigas por novas, potencialmente com condições mais favoráveis.

Além do resgate das dívidas, os recursos obtidos com a nova emissão também serão direcionados para fortalecer e simplificar a estrutura de capital da companhia, ampliando sua capacidade de investimento e sua resiliência financeira.

No pregão desta terça-feira (23), as ações da Ambipar (AMBP3) operavam estáveis, a R$ 14,10, com baixo volume de negócios, enquanto o mercado acompanha de perto o efeito da nova emissão sobre a liquidez e a percepção de crédito da empresa.

Isenção de responsabilidade: este artigo representa apenas a opinião do autor e não pode ser usado como consultoria de investimento. O conteúdo do artigo é apenas para referência. Os leitores não devem tomar este artigo como base para investimento. Antes de tomar qualquer decisão de investimento, procure orientação profissional independente para garantir que você entenda os riscos.

 

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