A Oracle está fortemente dependente da OpenAI, e essa dependência é a causa de todos os problemas que a empresa enfrenta atualmente.
A empresa passou cinco décadas construindo uma enorme base de clientes corporativos, mas seu destino nunca esteve tão atrelado a um único cliente como está hoje.
Essa mudança ocorreu depois que a Oracle concordou em fornecer US$ 300 bilhões em serviços de computação de IA para a OpenAI, juntamente com uma série de outros grandes contratos que a OpenAI fechou, embora fature menos de US$ 20 bilhões por ano.
Três meses depois, todos os aspectos do negócio de Larry El estão sendo julgados através daquela única relação.
A pressão aumentou depois que o Google lançou o Gemini 3 no mês passado. O modelo superou a versão mais recente do ChatGPT e forçou a liderança da OpenAI a emitir o que chamaram de "código vermelho".
Como a OpenAI é uma empresa privada, os investidores demonstraram sua preocupação vendendo ações das empresas mais expostas a ela. A Oracle acabou sendo uma das maiores vítimas. Suas ações caíram 32% nos últimos três meses que antecederam a divulgação do relatório do segundo trimestre fiscal.
Esse desempenho ficou em terceiro lugar entre os piores do índice S&P 500, em um momento em que a Oracle se aproximava de uma avaliação de US$ 1 trilhão, baseada na expectativa de que a demanda por IA dobraria o tamanho da empresa.
A Oracle reportou um crescimento de receita de 14% em relação ao ano anterior no último trimestre, sua tron taxa em quase três anos. O número, no entanto, ficou um pouco abaixo das expectativas de Wall Street.
A Oracle também adicionou cerca de US$ 68 bilhões à sua carteira de pedidos por meio de novos contratos com a Meta e a Nvidia, embora a empresa já tivesse mencionado esses contratos durante uma reunião com analistas em outubro. A verdadeira surpresa veio dos gastos. A Oracle divulgou um valor recorde de US$ 12 bilhões em despesas de capital para o trimestre encerrado em novembro, bem acima dos US$ 8,4 bilhões esperados pelos analistas.
A empresa elevou sua previsão de despesas de capital para o ano inteiro de US$ 35 bilhões para US$ 50 bilhões, o que fez com que suas ações caíssem mais 12% no pregão após o fechamento do mercado.
Um investimento de capital desse porte representa 75% da receita projetada da Oracle para o ano. Nos últimos cinco anos, a média da empresa foi de cerca de 17%.
Em comparação, a Meta deverá gastar cerca de 36% de sua receita em despesas de capital este ano. Os números mostram o quanto a Oracle está sobrecarregada ao tentar fornecer serviços para a OpenAI e manter o restante de seus clientes de nuvem.
Os gastos da Oracle estão atrelados a mais do que apenas o crescimento de data centers. A OpenAI representa a maior parte dos US$ 523 bilhões em obrigações de desempenho restantes da empresa. Essas obrigações sãotracde receita que ainda não foram reconhecidos.
O total é quase nove vezes maior que a receita anual da Oracle. Concorrentes na nuvem, como Microsoft, Amazon e Google, apresentam índices muito menores. A Microsoft, principal parceira de computação da OpenAI, possui uma carteira de pedidos equivalente a apenas cerca de 1,4 vezes sua receita nos últimos quatro trimestres.
O crescimento futuro da Oracle depende do cumprimento desses compromissos pela OpenAI. Mas poucas empresas conseguem assumir negócios dessa magnitude, o que limita as opções de diversificação da Oracle. A estabilidade dessas obrigações também depende da direção da demanda por IA e se concorrentes como Google ou Anthropic continuarem reduzindo a vantagem da OpenAI.
Gil Luria, da DA Davidson, afirmou que a Oracle precisa usar seu relatório trimestral "para abordar as preocupações sobre o delicado equilíbrio entre contrair empréstimos para expandir a capacidade da OpenAI e o novo entendimento de que há uma probabilidade muito baixa de a OpenAI cumprir suas obrigações".
A Oracle não forneceu esse esclarecimento. A empresa consumiu pouco mais de US$ 13 bilhões em cash nos últimos quatro trimestres e agora possui cerca de US$ 88 bilhões em dívida líquida.
Isso contrasta fortemente com concorrentes que possuem grandes posiçõescash líquido. A Moody's afirmou na semana passada que "a Oracle tem a maior exposição à OpenAI e apresenta os indicadores de crédito mais fracos entre os provedores de hiperescala com grau de investimento".
A Oracle afirmou na quarta-feira que pretende proteger sua classificação de grau de investimento enquanto financia sua expansão em IA, mas os investidores estão demonstrando claros sinais de frustração à medida que a pressão financeira continua aumentando.
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