O FMI alerta que a tokenização ameaça agravar os flash crashes, apesar das promessas de mercados mais rápidos e de menor custo, o que levou à intervenção governamental. O economista sênior do FMI, Itai Agur, observa que a natureza dos mercados tokenizados permite que cadeias de programas sejam empilhadas umas sobre as outras, criando oportunidades para falhas exponenciais (um efeito dominó).
Outro risco é o surgimento de muitos mercados e, caso seus tokens não sejam interoperáveis, esses mercados podem se tornar mais fragmentados. O problema é que essa fragmentação pode impedir que os mercados ofereçam negociações mais rápidas e baratas, enfatiza Agur.
O economista do fundo também observa que políticas específicas podem ser necessárias para que a tokenização realmente cumpra suas promessas, limitando os riscos. Ele acrescentou que os governos raramente se contentaram em ficar à margem durante as adaptações necessárias da moeda, apontando que podem assumir um papel mais ativo no futuro da tokenização.
O economista sênior explicou que as pessoas precisam de dinheiro para comprar, consumir e poupar, e possuir ativos é uma forma comum de poupar. Ele observou ainda que os tokens podem facilitar transações mais rápidas e baratas para compra, posse e venda de ativos.
Segundo Agur, os mercados tokenizados ajudam a evitar a longa cadeia de intermediários normalmente envolvida na maioria das transações entre investidores e empresas, como a compra de ações ou títulos corporativos. Ele também observou que a maioria das transações convencionais, que exigem um intermediário como uma câmara de compensação ou um registrador, têm períodos de espera mais longos para serem concluídas. Ressaltando que tempo é dinheiro no mercado financeiro.
No entanto, Agur enfatiza que os mercados tokenizados possuem programas que podem automatizar ou reduzir o papel e as funções dos intermediários. Ele também observa que pesquisadores que estudaram recentemente os mercados tokenizados encontraram economias de custos significativas. O economista argumentou ainda que a promessa da tokenização é visível nos números, mas alertou que as eficiências provenientes de novas tecnologias frequentemente trazem consigo novos riscos.
Segundo Agur, a negociação automatizada já levou a quedas repentinas no mercado. Ele acrescentou que os mercados tokenizados podem ser ainda mais voláteis, principalmente devido à execução instantânea das negociações.
O FMI vem analisando a estrutura dos ativos digitais e dos mercados tokenizados há anos e reconhece que a tokenização é atualmente mais comum do que um nicho experimental. Ao mesmo tempo, o fundo acredita que a tokenização oferece opções de liquidação flexíveis.
A tokenização pode estimular a concorrência entre intermediários, facilitando aos investidores a comparação de preços e a troca entre corretoras para obter a melhor oferta. O FMI também observou que a tokenização não elimina todos os intermediários, mas está transformando o setor financeiro e reduzindo a necessidade de funções específicas. O FMI destacou que alguns intermediários especializados também reduzem as fricções de mercado nos mercados financeiros em vários estágios do ciclo de vida dos ativos.
Entretanto, o IFM observou que a tokenização funciona melhor quando os ativos e o dinheiro fluem livremente. O fundo também observou que é mais fácil acumular dívida por meio de mercados tokenizados, porque investidores ou instituições podem usar os tokens como garantia para tomar empréstimos e investir em outros lugares.
“Mas os ativos físicos não podem ser totalmente digitalizados — eles ainda exigem cuidados físicos para manter seu valor… A tokenização de ativos não financeiros é melhor vista como um híbrido entre tecnologia física e financeira.”
– Itai Agur , Economista Sênior do FMI
No entanto, Agur também argumenta que, embora a programabilidade dos ativos tokenizados facilite o desenvolvimento de produtos financeiros sofisticados, os reguladores podem não compreender totalmente os riscos inerentes até que seja tarde demais. Ele apontou que essa foi a situação durante a crise de 2008-09, quando a programabilidade dos ativos tokenizados dificultou o tracde riscos potenciais por parte dos reguladores.
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