Bitcoin (BTC) sobe com dados de inflação, mas Ethereum (ETH) mostra forte acúmulo por 'baleias'

O Bitcoin (BTC) subiu forte e ultrapassou a marca de US$ 114.000 pela primeira vez desde 24 de agosto, estendendo sua recente recuperação.

O movimento de alta foi uma reação direta à divulgação de dados de inflação nos Estados Unidos, que vieram muito mais fracos do que o esperado e solidificaram a percepção do mercado de que um corte na taxa de juros pelo Federal Reserve é cada vez mais iminente.

Fonte: CoinMarketCap

A análise do comportamento histórico do Bitcoin em cenários de afrouxamento monetário sugere que, embora a volatilidade possa aumentar no curto prazo, a injeção de liquidez no sistema financeiro tende a ser um forte catalisador de alta para o ativo no longo prazo.

O mercado agora avalia se o cenário macroeconômico favorável será suficiente para iniciar uma nova pernada de alta sustentada.

Inflação ao produtor nos EUA vem mais fraca que o esperado

O principal gatilho para o otimismo do mercado foi a divulgação do Índice de Preços ao Produtor (PPI) de agosto. O indicador, que mede a inflação no atacado, caiu para 2,6% na comparação anual, um número bem abaixo das previsões de 3,3%. O núcleo do PPI, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, também recuou, para 2,8%, muito aquém do consenso de 3,5%.

Na base mensal, o PPI chegou a registrar uma contração, marcando apenas a segunda vez que isso acontece desde março de 2024. Para reforçar o tom "dovish" (favorável a juros mais baixos), os dados de inflação de julho também foram revisados para baixo.

A combinação desses números com a recente revisão histórica dos dados de emprego nos EUA, que apagou 911.000 postos de trabalho dos últimos 12 meses, criou o cenário perfeito para o mercado ver os cortes de juros como praticamente inevitáveis.

Embora a desaceleração do PPI seja encorajadora, a visão de mercado é de que a inflação ao consumidor (CPI) pode demorar um pouco mais para refletir essa queda, já que o PPI tende a anteceder os movimentos do CPI em um a três meses.

Com isso, leituras de CPI ainda pressionadas podem aparecer no curto prazo, mas a trajetória mais ampla aponta para um arrefecimento da inflação no último trimestre do ano.

Reação histórica do Bitcoin aos cortes de juros do Fed

Com a alta probabilidade de o Federal Reserve iniciar um ciclo de cortes de juros, a análise do comportamento histórico do Bitcoin em períodos semelhantes mostra um padrão consistente de turbulência inicial, seguida por uma forte valorização. Duas métricas da blockchain (on-chain), o MVRV e o "Whale Ratio", ajudam a ilustrar essa dinâmica.

O MVRV (Market Value to Realized Value) compara a capitalização de mercado do Bitcoin com sua capitalização realizada, que é o valor agregado de todas as moedas na última vez em que foram movimentadas.

Níveis de MVRV próximos de 1 geralmente indicam que o BTC está subvalorizado, enquanto níveis perto de 3 ou 4 sugerem um mercado superaquecido. O "Whale Ratio", por sua vez, mede a participação de grandes investidores ("baleias") nos fluxos de capital das corretoras, mostrando quando eles estão enviando moedas para vender ou retirando para guardar.

O padrão de 2020 e 2024 pode se repetir?

Dados históricos mostram que, em março de 2020, quando o Fed cortou drasticamente os juros em resposta à pandemia, o MVRV do Bitcoin despencou para perto de 1, em um movimento de pânico que liquidou os ganhos especulativos dos investidores. Ao mesmo tempo, o "Whale Ratio" disparou, indicando uma forte venda por parte das baleias.

No entanto, à medida que a nova liquidez inundou os mercados, o MVRV se recuperou rapidamente e as baleias mudaram de uma postura de venda para uma de acumulação, um movimento que foi o combustível para a grande alta de 2020 e 2021.

Um padrão semelhante, embora em menor escala, se repetiu durante o ciclo de afrouxamento monetário do final de 2024, quando ambos os indicadores refletiram uma venda de curto prazo antes de se estabilizarem e darem início a um novo rali. Se a história se repetir, o início do ciclo de cortes de juros em 2025 pode, novamente, trazer volatilidade inicial, com uma possível queda para liquidar posições alavancadas.

No entanto, o cenário geral de maior liquidez forneceria o pano de fundo macroeconômico ideal para que o Bitcoin se aproxime de novas máximas históricas nos meses seguintes.

Ethereum mostra forte acúmulo por 'baleias' enquanto preço se consolida

Enquanto o Bitcoin reage ao cenário macroeconômico, o Ethereum tem se mantido acima de US$ 4.320, mas com negociações estáveis por quase uma semana, em um movimento lateral que geralmente antecede uma movimentação maior. Enquanto o preço se consolida, dados on-chain mostram que um forte acúmulo pode estar em andamento.

Nos últimos cinco dias, grandes investidores ("baleias") adquiriram quase 4 milhões de ETH, o que equivale a cerca de US$ 17 bilhões. Esse tipo de compra em grande escala, especialmente durante um período de consolidação de preços, pode indicar um posicionamento para uma futura alta.

Fonte: CoinMarketCap

Ao mesmo tempo, a proporção da oferta de Ether em corretoras caiu para o seu nível mais baixo em um ano. A queda nas reservas das corretoras, combinada com a forte compra por parte de grandes carteiras, sugere que menos ETH está disponível para venda no mercado, um sinal de um possível "aperto de oferta".

Do ponto de vista técnico, o preço do Ethereum está testando o limite superior de um padrão de alta conhecido como "Falling Wedge". Para que o rompimento seja confirmado, é necessário um fechamento diário acima da linha superior do padrão, perto de US$ 4.320. Se isso ocorrer, os próximos alvos técnicos estariam em US$ 4.490, US$ 4.670 e até a máxima histórica, em US$ 4.950.