Bitcoin (BTC) sobe para US$ 110 mil, mas dados on-chain apontam para uma estrutura de mercado 'frágil'

O Bitcoin (BTC) operou em alta nesta segunda-feira (8/9), com os investidores atentos às perspectivas para a trajetória da política monetária do Federal Reserve, o banco central norte-americano.

Dados recentes do mercado de trabalho dos EUA ampliaram as expectativas de cortes de juros pela autoridade monetária ainda este ano, uma percepção que pode se consolidar ainda mais ao longo desta semana com a divulgação de importantes indicadores de inflação.

Por volta das 18h, o Bitcoin operava em alta de 1,15%, a US$ 112.455,57, e o Ethereum avançava 1,14%, a US$ 4.329,71.

 Fonte: CoinMarketCap

A próxima fase do preço dependerá principalmente da mudança na política monetária dos EUA e da durabilidade dos fluxos de capital.

Taxas de juros mais baixas tornam ativos de risco, como as criptomoedas, mais atraentes em relação a investimentos de renda fixa, como os títulos, e também tendem a desvalorizar o dólar, o que historicamente impulsiona a avaliação dos criptoativos.

Com o mercado cada vez mais convencido de que o Fed pode reduzir sua taxa de juros em setembro, o apetite ao risco aumentou.

Demanda no mercado à vista mostra sinais de fraqueza

A demanda no mercado à vista (spot) por Bitcoin foi fraca na última semana. O volume de negociações, segundo dados da Glassnode, caiu 9%, passando de US$ 8,5 bilhões para US$ 7,7 bilhões.

A empresa de inteligência de mercado aponta que volumes mais baixos geralmente refletem uma "convicção mais fraca" entre os traders e sinalizam uma diminuição na participação geral do mercado.

Embora o indicador CVD (Cumulative Volume Delta) à vista tenha melhorado ligeiramente, indicando uma redução na força vendedora, o quadro geral aponta para uma demanda que ainda é considerada frágil.

Fluxos líquidos do ETF spot de Bitcoin dos EUA. Fonte: Farside Investors

O mercado de derivativos também reflete essa postura mais cautelosa. O interesse aberto (open interest) em contratos futuros de Bitcoin caiu de US$ 45,8 bilhões para US$ 45 bilhões, sugerindo que os traders estão fechando algumas de suas posições.

Outro indicador importante, as taxas de financiamento dos futuros, também apresentou uma queda significativa, passando de US$ 3,8 bilhões para US$ 2,8 bilhões. Taxas de financiamento mais baixas sinalizam uma menor demanda por posições compradas (longs).

A 'caça por liquidez' e as expectativas de curto prazo

O mapa de liquidação do Bitcoin revela grandes concentrações de liquidez em zonas de preço específicas. Acima do preço atual, há um cluster entre US$ 110.000 e US$ 111.000, onde estão posicionadas as ordens de stop de posições vendidas.

Abaixo, a principal zona de liquidez está entre US$ 105.500 e US$ 107.000. A interpretação de alguns participantes do mercado é de que o movimento de alta recente pode ser uma busca pela liquidez das posições vendidas, antes de um possível novo teste da mínima.

Enquanto a análise técnica aponta para a fragilidade de curto prazo, novos dados sobre o fluxo de capital em produtos de investimento e o comportamento de grandes investidores reforçam a cautela do mercado.

Fluxos de ETPs mostram 're-rotação' de volta para o Bitcoin

O burburinho sobre uma "rotação" institucional do Bitcoin para o Ether (ETH) parece estar arrefecendo. Na semana passada, os produtos negociados em bolsa (ETPs) de BTC terminaram com um saldo positivo de entradas, contrastando com as fortes saídas vistas nos ETPs de ETH.

Dados publicados por um chefe de pesquisa da Bitwise na Europa mostram que os ETPs de BTC adicionaram US$ 444 milhões nos cinco dias até 5 de setembro. No mesmo período, os ETPs de Ether registraram saídas líquidas superiores a US$ 900 milhões.

Fluxos de ETP de Crypto. Fonte: Bitwise

Quando se trata dos maiores investidores de Bitcoin, a tendência está causando preocupação. A plataforma de análise on-chain CryptoQuant aponta que as "baleias" estão reduzindo sua exposição ao BTC.

Nos últimos trinta dias, as reservas desses grandes investidores caíram em mais de 100.000 BTC, sinalizando uma intensa aversão ao risco. A queda no saldo das baleias nesse período foi a maior desde meados de 2022, quando o Bitcoin estava no meio de seu último mercado de baixa.

Mercado de futuros e Cenário macroeconômico

O mercado de futuros de Bitcoin na maior corretora global, a Binance, está sob observação à medida que a liquidez nos mercados de contratos perpétuos enfraquece. Uma nova pesquisa da CryptoQuant esta semana aponta para um sinal clássico que correspondeu a correções de mercado em ciclos de alta anteriores.

O "Taker Buy/Sell Ratio", que mede a relação entre o volume de compra e o de venda dos "takers", está atualmente fazendo mínimas mais baixas enquanto o preço sobe, uma divergência que marcou o pico de mercado durante a alta de 2021.

A semana que se inicia trará dados econômicos importantes dos EUA, como o Índice de Preços ao Produtor (PPI) e o Índice de Preços ao Consumidor (CPI). A inflação está em alta, enquanto os sinais de fraqueza no mercado de trabalho aumentam, criando um desafio para o Federal Reserve.

Apesar disso, o mercado já precificou totalmente a expectativa de um corte na taxa de juros na reunião de setembro. Enquanto isso, crescem as críticas de que o Fed está "atrás da curva", já que outros grandes bancos centrais, como o Banco Central Europeu e o Banco da Inglaterra, já cortaram suas taxas várias vezes este ano.