Bitcoin (BTC) cai a US$ 80 mil e confirma "Cruz da Morte"; perdas realizadas superam nível do colapso da FTX
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O Bitcoin (BTC) pode ter confirmado sua entrada oficial em um mercado de baixa ("bear market") após o preço despencar para a região de US$ 80.000 nesta sexta-feira (21). Essa visão pessimista é reforçada por uma convergência rara de indicadores técnicos negativos.
Esses sinais historicamente precederam declínios prolongados no preço do ativo. A invalidação da tendência de alta macroeconômica é o ponto central da preocupação dos analistas.
Cotação semanal do Bitcoin. Fonte: CoinMarketCap
O par BTC/USD fechou abaixo de sua média móvel de 50 semanas no domingo, um nível que o analista Rekt Capital vinha monitorando de perto como a última linha de defesa da estrutura de alta.
Segundo ele, o preço precisaria recuperar esse patamar prontamente em um rali de alívio para proteger a estrutura. No entanto, isso não ocorreu. "O Bitcoin não conseguiu recuperar a EMA de 50 semanas", escreveu o analista.
Estruturas de alta invalidadas e a "Cruz da Morte"
Rekt Capital alertou que estruturas de mercado altistas são invalidadas quando a tendência macro muda. A queda do Bitcoin não parou por aí, deslizando inclusive abaixo da média móvel de 100 semanas para atingir uma mínima de seis meses de US$ 80.500 na sexta-feira.
Simultaneamente, o preço confirmou um padrão técnico temido conhecido como "Cruz da Morte" (Death Cross) no gráfico diário no final da semana passada.
No domingo, a média móvel simples (SMA) de 50 dias do Bitcoin cruzou abaixo de sua SMA de 200 dias pela primeira vez desde janeiro de 2024. Esse cruzamento é amplamente considerado um sinal de confirmação de tendência de baixa.
O analista Mister Crypto observou que "todo ciclo do Bitcoin terminou com uma Cruz da Morte", questionando por que desta vez seria diferente. O histórico desse padrão sugere cautela extrema.
Fonte: Mister Crypto/X
Em janeiro de 2022, uma Cruz da Morte foi seguida por uma queda de 64% no preço do BTC, que encontrou um fundo apenas em US$ 15.500, impulsionado pelo colapso da corretora FTX.
Recuando ainda mais, os meses de março de 2018 e setembro de 2014 viram declínios de 67% e 71% no preço do BTC, respectivamente, após pintarem cruzamentos de médias móveis semelhantes.
Além disso, o indicador "SuperTrend" do Bitcoin também enviou um sinal de venda no gráfico semanal. A ocorrência desse sinal em prazos longos historicamente marcou o início de mercados de baixa duradouros.
Perdas realizadas atingem níveis da crise da FTX
Com a pressão de venda aumentando a cada hora, o volume de perdas realizadas pelos investidores subiu para níveis não vistos desde o colapso da FTX em 2022.
A provedora de dados on-chain Glassnode compartilhou um gráfico mostrando que as perdas realizadas agregadas do Bitcoin, tanto por detentores de curto quanto de longo prazo, dispararam.
Essas perdas atingiram áreas acima de US$ 800 milhões em uma base móvel de sete dias. A marca de US$ 800 milhões foi cruzada pela última vez em novembro de 2022, durante o auge do pânico no mercado.

Prejuízo Realizado do Bitcoin. Fonte: Glassnode
"Os detentores de curto prazo estão impulsionando a maior parte da capitulação", afirmou a Glassnode. A escala e a velocidade dessas perdas refletem uma "lavagem" significativa da demanda marginal.
Isso significa que os compradores recentes, que entraram no mercado nos últimos meses, estão desfazendo suas posições durante a queda, aceitando prejuízos substanciais para sair do mercado.
Capitulação ou fundo local?
Compartilhando uma perspectiva semelhante, o analista da CryptoQuant, IT Tech, disse que essa venda agressiva de curto prazo muitas vezes pode marcar um fundo local.
No entanto, para que isso se confirme, o preço precisa recuperar rapidamente a "base de custo" (preço médio de compra) desses investidores.
"Falhar em fazer isso historicamente indica uma tendência de baixa mais profunda ou confirma um mercado de baixa", alertou o analista.
Como reportado anteriormente, os detentores de curto prazo têm vendido suas participações em Bitcoin em pânico. Esse comportamento adiciona combustível às previsões de analistas de que o preço do BTC estenderá sua tendência de baixa em direção ao fundo de abril, na região de US$ 74.500.
Bitfinex: Saídas recordes de ETFs são "táticas", não fuga institucional
As saídas recordes dos ETFs de Bitcoin representam um "rebalanceamento tático" de curto prazo, e não uma fuga institucional do ativo, segundo analistas da corretora Bitfinex. Para eles, a tese estrutural para o Bitcoin permanece "firme".
Fonte: TradingView
As raízes do movimento de venda e das saídas bilionárias são atribuídas a três fatores: realização de lucros por detentores de longo prazo, a "limpeza" de posições altamente alavancadas e a incerteza sobre o corte de juros em dezembro.
"Isso não descarrila o movimento de longo prazo em direção à institucionalização. O canal do ETF à vista permanece intacto", afirmaram os analistas. A queda atual é vista como um movimento de preço de curto prazo.
Saídas superam US$ 3,7 bilhões em novembro
Apesar da visão estrutural positiva, os números são duros. As saídas dos ETFs de Bitcoin ultrapassaram US$ 3,7 bilhões em novembro, com as perdas do "crash" de outubro se estendendo. O iShares Bitcoin Trust (IBIT), da BlackRock, liderou com mais de US$ 2,47 bilhões em resgates.
Na quinta-feira, as saídas em um único dia cruzaram a marca de US$ 900 milhões. Com a queda do BTC abaixo de US$ 90.000, o investidor médio de ETF está agora "no prejuízo" (underwater).
Quem está vendendo? Baleias vs. ETFs
Vincent Liu, da Kronos Research, argumenta que isso não significa que os investidores de ETF venderão em pânico. Segundo ele, esses investidores tendem a ter perfil de longo prazo e ignoram o ruído de curto prazo.
Essa visão é corroborada por Eric Balchunas, analista sênior de ETFs da Bloomberg. Ele aponta que as "baleias" de longo prazo e investidores antigos ("OGs"), que detêm o ativo diretamente e não via fundos, são os responsáveis pela maior parte da venda atual.
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