XRP perde US$ 2,00 com venda de baleias; Bitcoin tem "preço de liquidação" entre US$ 73 mil e US$ 84 mil
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- O ouro permanece em modo defensivo em meio a um modesto avanço do dólar; queda parece limitada
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- O ouro se mantém estável em torno da área de US$ 4.070 enquanto os traders aguardam a ata do FOMC em busca de sinais sobre corte de juros

O preço do XRP caiu abaixo do nível psicológico crucial de US$ 2,00 nesta quinta-feira (20), revisitando patamares de preço que haviam sido vistos pela última vez durante a queda brusca de 10 de outubro. A desvalorização ocorre em meio a um sentimento pessimista generalizado no mercado de criptomoedas, que foi arrastado pela fraqueza do Bitcoin.

Cotação semanal do XRP. Fonte: CoinMarketCap
No momento desta análise, o token que alimenta o ecossistema Ripple estava sendo negociado a US$ 1,98. Esse valor representa uma queda de 2,5% nas últimas 24 horas e acumula uma perda de quase 16% na última semana, anulando a recuperação recente.
A queda do ativo foi correlacionada com o movimento do Bitcoin, que puxou o mercado de criptomoedas para baixo ao cair abaixo do nível de US$ 87 mil. A volatilidade eliminou mais de US$ 220 milhões em posições compradas (longs) em todo o mercado em apenas uma hora.
O paradoxo do ETF: volume forte, preço em queda
Surpreendentemente, essa correção agressiva ocorreu enquanto a comunidade da Ripple ainda estava eufórica com o lançamento do ETF de XRP pela Bitwise Invest. O produto financeiro estreou na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) gerando grande expectativa.
O CEO da Ripple, Brad Garlinghouse, chegou a mencionar uma "corrida pré-Ação de Graças" pelo ETF, sinalizando o otimismo institucional. Os dados iniciais de negociação confirmaram o interesse.
O analista de ETFs James Seyffart revelou que o instrumento já estava ganhando destaque rapidamente. Faltando pouco mais de três horas para o fim do pregão de quarta-feira, o ETF da Bitwise já havia arrecadado US$ 22 milhões em volume negociado.
Seyffart classificou o resultado como "bastante impressionante" para o segundo produto desse tipo a chegar ao mercado. Ele comparou o desempenho com o XRPC da Canary Capital, lançado uma semana antes, que detém o título de lançamento número 1 em volume neste ano.
Isso demonstra que tanto o produto da Canary quanto o da Bitwise registraram forte demanda inicial, indicando que o apetite institucional pelo ativo existe, apesar do sentimento negativo de curto prazo no mercado amplo de criptoativos.
Baleias "vendem a notícia" e pressionam o preço
A comunidade do XRP enfrenta agora uma clara desconexão entre os fortes fluxos de entrada nos novos ETFs e o desempenho negativo do preço do ativo. Dados on-chain ajudam a explicar esse fenômeno.
Relatórios indicam que as "baleias" (grandes detentores de XRP) contribuíram significativamente para a recente queda. Esses investidores venderam cerca de 200 milhões de XRP nas 48 horas seguintes ao lançamento do ETF.
Esse movimento caracteriza um clássico evento de "vender a notícia". Enquanto o varejo e as instituições entravam via ETF, os detentores antigos aproveitaram a liquidez para realizar lucros ou reduzir exposição.
Porcentagem da oferta de XRP com lucro. Fonte: Glassnode
Além disso, dados da Glassnode revelaram uma queda no volume de oferta que atualmente gera lucro. Isso significa que uma parcela maior dos investidores está "no vermelho", o que pode aumentar a pressão de venda por medo de novas quedas.
Impacto institucional pode demorar a aparecer
Apesar da pressão vendedora imediata das baleias, a visão de longo prazo permanece focada na absorção institucional. Analistas afirmam que os fluxos institucionais via ETFs não têm impacto instantâneo na formação de preço da mesma forma que o mercado à vista.
A estimativa é de que o impacto real desses fluxos pode demorar para ser sentido de forma estrutural no preço do Ripple, com efeitos mais claros aparecendo possivelmente apenas em 2026.
O mercado agora observa se o XRP conseguirá recuperar o suporte de US$ 2,00 nos próximos dias ou se a pressão do Bitcoin continuará a ditar a tendência de baixa no curto prazo.
Bitcoin tem zona de "dor máxima" entre US$ 73 mil e US$ 84 mil
Enquanto o XRP sofre com a pressão vendedora de curto prazo e a realização de lucros no ETF, o mercado volta seus olhos para o Bitcoin, onde analistas identificam zonas críticas de preço baseadas nos custos de grandes players institucionais que poderiam marcar o fundo definitivo do ciclo.
O chefe de pesquisa europeia da Bitwise, André Dragosch, afirmou que a zona de "dor máxima" (max pain) do Bitcoin reside entre dois níveis críticos de preço médio de aquisição: o do ETF IBIT da BlackRock, em US$ 84.000, e o da MicroStrategy, próximo de US$ 73.000.
Dragosch argumentou que um fundo final de ciclo tem maior probabilidade de se formar em algum lugar entre esses níveis. Ele descreveu esses patamares como preços de "liquidação total" (fire-sale), que representariam um reinício completo do posicionamento de mercado.
Fluxos líquidos diários do iShares Bitcoin Trust (IBIT). Fonte: SoSoValue.
O preço médio do IBIT reflete o valor pelo qual o ETF adquiriu seus Bitcoins. Quando o preço de mercado se aproxima desse limite, o sentimento tende a se deteriorar, pois os detentores do ETF começam a avaliar se as quedas contínuas justificam resgates das cotas.
Saídas de ETFs e desconto na MicroStrategy
Essa dinâmica negativa já é visível no mercado. O IBIT registrou na terça-feira seus piores fluxos de saída em um único dia, totalizando US$ 523 milhões. Isso contribuiu para um total de US$ 3,3 bilhões em saídas de ETFs no último mês, o que representa 3,5% do total de ativos sob gestão.
A Strategy (MicroStrategy) encontra-se em um ponto ainda mais frágil. Seu valor patrimonial líquido (NAV) caiu recentemente abaixo de 1, sinalizando que o mercado agora avalia o patrimônio da empresa com desconto em relação ao Bitcoin que ela possui.
Historicamente, esse desconto é um sinal de restrição de liquidez e aversão ao risco. Um reteste do preço médio da empresa, em US$ 73.000, poderia estressar ainda mais o sentimento e desencadear uma redução de risco mais pesada caso as condições macroeconômicas piorem.
Incerteza do Fed e recorde de stablecoins
Dados da CryptoQuant notaram que a reunião do Fed em dezembro é excepcionalmente incerta. O atraso na divulgação de dados de trabalho, causado pela paralisação do governo, deixou o banco central com visibilidade limitada.
As expectativas de corte de juros caíram para 41,8% na quinta-feira. As atas mostram um comitê dividido, tentando equilibrar uma inflação persistente de 3% com os riscos de um afrouxamento prematuro. Se o Fed optar por não cortar, a liquidez pode permanecer restrita.
Nesse cenário de "não corte", analistas esperam que o BTC negocie entre US$ 60.000 e US$ 80.000 até o final do ano. No entanto, há um sinal positivo latente: as reservas de stablecoins nas corretoras atingiram um recorde de US$ 72 bilhões, igualando o padrão de acumulação que precedeu cada grande rali do Bitcoin em 2025.
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