Ibovespa cai com derrota fiscal do governo e aversão ao risco externo

Pedro Augusto Prazeres
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Fonte: DepositPhotos

O Ibovespa acompanhou a aversão ao risco vinda de Wall Street e fechou em queda nesta quinta-feira (9), com os investidores também repercutindo uma importante derrota do governo no Congresso e a divulgação de dados de inflação que, embora abaixo do esperado, mostraram uma reaceleração dos preços.

O principal índice da bolsa brasileira terminou o pregão com uma queda de 0,31%, aos 141.708,19 pontos. O dólar à vista, por sua vez, encerrou as negociações a R$ 5,3750, com uma alta de 0,58%.

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Fonte: Google Finance

O dia foi de cautela tanto no cenário doméstico, com o foco dos investidores voltado para a questão fiscal, quanto no exterior, onde a continuidade da paralisação do governo americano e declarações divergentes de dirigentes do Federal Reserve pesaram sobre o humor dos mercados.

Em meio ao cenário negativo, as ações de maior peso no Ibovespa, como Petrobras e Vale, fecharam em baixa, enquanto o destaque de alta ficou com a WEG.

Derrota do governo no Congresso e o cenário fiscal

No cenário doméstico, a principal notícia que guiou os negócios foi a derrota sofrida pelo governo na Câmara dos Deputados na noite de ontem. Os deputados aprovaram um requerimento que retirou de pauta a Medida Provisória 1.303, que tratava da taxação de aplicações financeiras.

Com a manobra, a proposta perdeu a validade e, na prática, foi rejeitada sem sequer ter seu mérito analisado, o que foi visto pelo mercado como um sinal de enfraquecimento da articulação política do governo.

Em resposta à decisão do Congresso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que apresentará várias alternativas de medidas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O próprio presidente Lula também se manifestou, dizendo que discutirá na próxima semana como o sistema financeiro pode pagar o imposto devido, como uma alternativa à MP que foi derrubada. A situação mantém o cenário fiscal no radar dos investidores, que aguardam para ver qual será a nova proposta do governo para aumentar a arrecadação.

IPCA de setembro sobe 0,48%, mas não altera visão sobre a Selic

Entre os dados econômicos do dia, o destaque foi a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de setembro.

O índice subiu 0,48%, após ter registrado uma deflação de 0,11% em agosto. A alta acumulada em 12 meses passou de 5,13% para 5,17%, afastando-se ainda mais do teto da meta do Banco Central, que é de 4,5%.

Apesar de os números mostrarem uma reaceleração da inflação, eles vieram abaixo das expectativas do mercado. A projeção de economistas consultados pela Reuters era de uma alta de 0,52% no mês e de 5,22% em 12 meses.

Na avaliação de economistas, o avanço do IPCA, por ter vindo abaixo do esperado, não altera o cenário de manutenção da taxa Selic em 15% até o final deste ano, e não serve como um gatilho para que o Banco Central adote um tom ainda mais duro em sua comunicação.

Aversão a risco em Wall Street com 'shutdown' e falas do Fed

Os índices de Wall Street terminaram a sessão em queda, contribuindo para o sentimento negativo no mercado brasileiro. A paralisação ("shutdown") do governo dos Estados Unidos entrou em seu nono dia, com uma nova tentativa "frustrada" de aprovar um projeto de financiamento no Senado. A continuidade do impasse político em Washington gera incerteza e pesa sobre o humor dos investidores.

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Fonte: Google Finance

Os investidores também dividiram as atenções com declarações divergentes de dirigentes do Federal Reserve. O diretor do BC, Michael Barr, afirmou que a autoridade monetária deve agir com cautela em relação a novos cortes na taxa de juros.

Por outro lado, o presidente da unidade do Fed de Nova York, John Williams, defendeu mais cortes na taxa de juros ainda este ano, dado o risco de uma nova desaceleração no mercado de trabalho.

O presidente do Fed, Jerome Powell, participou de um evento, mas não fez menção à política monetária. A divergência de opiniões entre os membros do comitê aumenta a incerteza sobre os próximos passos do BC americano.

Destaques do Ibovespa: WEG dispara e pesos-pesados recuam

Entre as companhias listadas no Ibovespa, as ações da WEG (WEGE3) despontaram na liderança do índice, com uma forte alta. O otimismo dos investidores foi gerado pela expectativa de que a companhia se beneficie de planos de investimento da Light (LIGT3).

Em um relatório, analistas do Bradesco BBI destacaram as falas do presidente da Light, Alexandre Nogueira, de que a empresa de energia anunciará o maior programa de investimentos de sua história assim que a renovação de sua concessão for concedida pelo governo.

Na ponta negativa, o principal destaque foi a Brava Energia (BRAV3), que não faz parte do Ibovespa, mas que caiu forte após a companhia surpreender o mercado com o anúncio de uma paralisação temporária na Bacia Potiguar, devido a uma auditoria da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Entre os pesos-pesados do índice, o dia foi negativo. Os bancos operaram sem direção única. A Petrobras (PETR4; PETR3) acompanhou o enfraquecimento do petróleo no mercado internacional e fechou em queda de quase 1,5%. A Vale (VALE3) também terminou a sessão em tom negativo.

Isenção de responsabilidade: este artigo representa apenas a opinião do autor e não pode ser usado como consultoria de investimento. O conteúdo do artigo é apenas para referência. Os leitores não devem tomar este artigo como base para investimento. Antes de tomar qualquer decisão de investimento, procure orientação profissional independente para garantir que você entenda os riscos.

 

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