Ibovespa cai com derrota fiscal do governo e aversão ao risco externo

O Ibovespa acompanhou a aversão ao risco vinda de Wall Street e fechou em queda nesta quinta-feira (9), com os investidores também repercutindo uma importante derrota do governo no Congresso e a divulgação de dados de inflação que, embora abaixo do esperado, mostraram uma reaceleração dos preços.
O principal índice da bolsa brasileira terminou o pregão com uma queda de 0,31%, aos 141.708,19 pontos. O dólar à vista, por sua vez, encerrou as negociações a R$ 5,3750, com uma alta de 0,58%.
Fonte: Google Finance
O dia foi de cautela tanto no cenário doméstico, com o foco dos investidores voltado para a questão fiscal, quanto no exterior, onde a continuidade da paralisação do governo americano e declarações divergentes de dirigentes do Federal Reserve pesaram sobre o humor dos mercados.
Em meio ao cenário negativo, as ações de maior peso no Ibovespa, como Petrobras e Vale, fecharam em baixa, enquanto o destaque de alta ficou com a WEG.
Derrota do governo no Congresso e o cenário fiscal
No cenário doméstico, a principal notícia que guiou os negócios foi a derrota sofrida pelo governo na Câmara dos Deputados na noite de ontem. Os deputados aprovaram um requerimento que retirou de pauta a Medida Provisória 1.303, que tratava da taxação de aplicações financeiras.
Com a manobra, a proposta perdeu a validade e, na prática, foi rejeitada sem sequer ter seu mérito analisado, o que foi visto pelo mercado como um sinal de enfraquecimento da articulação política do governo.
Em resposta à decisão do Congresso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que apresentará várias alternativas de medidas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O próprio presidente Lula também se manifestou, dizendo que discutirá na próxima semana como o sistema financeiro pode pagar o imposto devido, como uma alternativa à MP que foi derrubada. A situação mantém o cenário fiscal no radar dos investidores, que aguardam para ver qual será a nova proposta do governo para aumentar a arrecadação.
IPCA de setembro sobe 0,48%, mas não altera visão sobre a Selic
Entre os dados econômicos do dia, o destaque foi a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de setembro.
O índice subiu 0,48%, após ter registrado uma deflação de 0,11% em agosto. A alta acumulada em 12 meses passou de 5,13% para 5,17%, afastando-se ainda mais do teto da meta do Banco Central, que é de 4,5%.
Apesar de os números mostrarem uma reaceleração da inflação, eles vieram abaixo das expectativas do mercado. A projeção de economistas consultados pela Reuters era de uma alta de 0,52% no mês e de 5,22% em 12 meses.
Na avaliação de economistas, o avanço do IPCA, por ter vindo abaixo do esperado, não altera o cenário de manutenção da taxa Selic em 15% até o final deste ano, e não serve como um gatilho para que o Banco Central adote um tom ainda mais duro em sua comunicação.
Aversão a risco em Wall Street com 'shutdown' e falas do Fed
Os índices de Wall Street terminaram a sessão em queda, contribuindo para o sentimento negativo no mercado brasileiro. A paralisação ("shutdown") do governo dos Estados Unidos entrou em seu nono dia, com uma nova tentativa "frustrada" de aprovar um projeto de financiamento no Senado. A continuidade do impasse político em Washington gera incerteza e pesa sobre o humor dos investidores.
Fonte: Google Finance
Os investidores também dividiram as atenções com declarações divergentes de dirigentes do Federal Reserve. O diretor do BC, Michael Barr, afirmou que a autoridade monetária deve agir com cautela em relação a novos cortes na taxa de juros.
Por outro lado, o presidente da unidade do Fed de Nova York, John Williams, defendeu mais cortes na taxa de juros ainda este ano, dado o risco de uma nova desaceleração no mercado de trabalho.
O presidente do Fed, Jerome Powell, participou de um evento, mas não fez menção à política monetária. A divergência de opiniões entre os membros do comitê aumenta a incerteza sobre os próximos passos do BC americano.
Destaques do Ibovespa: WEG dispara e pesos-pesados recuam
Entre as companhias listadas no Ibovespa, as ações da WEG (WEGE3) despontaram na liderança do índice, com uma forte alta. O otimismo dos investidores foi gerado pela expectativa de que a companhia se beneficie de planos de investimento da Light (LIGT3).
Em um relatório, analistas do Bradesco BBI destacaram as falas do presidente da Light, Alexandre Nogueira, de que a empresa de energia anunciará o maior programa de investimentos de sua história assim que a renovação de sua concessão for concedida pelo governo.
Na ponta negativa, o principal destaque foi a Brava Energia (BRAV3), que não faz parte do Ibovespa, mas que caiu forte após a companhia surpreender o mercado com o anúncio de uma paralisação temporária na Bacia Potiguar, devido a uma auditoria da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Entre os pesos-pesados do índice, o dia foi negativo. Os bancos operaram sem direção única. A Petrobras (PETR4; PETR3) acompanhou o enfraquecimento do petróleo no mercado internacional e fechou em queda de quase 1,5%. A Vale (VALE3) também terminou a sessão em tom negativo.
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