Ações da Embraer (EMBR3) caem 3,6% mesmo com receita recorde; manutenção de guidance frustra expectativas do mercado
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As ações da Embraer (EMBR3) registraram uma forte queda na sessão desta quarta-feira (22), após a divulgação dos resultados do terceiro trimestre de 2025 (3T25). Os papéis fecharam em baixa de 3,60%, cotados a R$ 84,13.
O movimento de venda ocorreu apesar de a fabricante de jatos ter reportado números operacionais em linha com as expectativas e um lucro líquido 21% acima do consenso de mercado, impulsionado por efeitos pontuais positivos.

Fonte: Google Finance
A reação negativa do mercado é atribuída principalmente à decisão da companhia de apenas reiterar sua projeção (guidance) para o ano.
Analistas apontam que, com a forte valorização das ações em 2025 (que subiam mais de 50% até a véspera), parte dos investidores já havia precificado uma possível revisão para cima dessas metas. Como a revisão não veio, o mercado reagiu com uma realização de lucros, no clássico movimento de "venda no fato".
Análise dos resultados do 3º trimestre de 2025
A Embraer apresentou um balanço com sinais mistos na comparação anual, mas com uma receita recorde para o período. A receita consolidada atingiu R$ 10,9 bilhões entre julho e setembro, o que representa um aumento de cerca de 16% em relação ao mesmo período do ano anterior.
No entanto, a lucratividade apresentou uma queda acentuada na comparação anual. O lucro líquido ajustado foi de R$ 289,4 milhões, uma queda de 76,4% em relação ao 3T24.
O Ebitda ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) somou R$ 1,276 bilhão, 35,4% menor do que um ano antes, com a margem Ebitda ajustada caindo de 21,1% para 11,7%.
A empresa fez questão de ponderar que a base de comparação com 2024 está fortemente distorcida. O resultado do terceiro trimestre do ano anterior incluiu um ganho não recorrente significativo de US$ 150 milhões, referente ao acordo de arbitragem com a Boeing.
Esse evento extraordinário elevou a margem Ebit ajustada do 3T24 em cerca de 900 pontos-base, tornando a comparação direta com 2025 pouco representativa da real performance operacional.
Guidance mantido e o desafio do fluxo de caixa livre
O ponto central que ditou o humor do mercado foi a manutenção das projeções para 2025. A Embraer reiterou suas metas de entregas, receita e margens, frustrando quem esperava um "beat and raise" (superar as estimativas e elevar as projeções).
Nos nove primeiros meses do ano, a Embraer entregou 46 aeronaves comerciais, contra uma meta anual de 77 a 85 (em 2024, foram 73). No segmento de aviação executiva, foram 102 entregas, ante uma previsão de 145 a 155 (em 2024, foram 130).
Embora os números acumulados pareçam distantes das metas, analistas lembraram que o quarto trimestre é sazonalmente o mais forte para a Embraer, com uma grande concentração de entregas, o que ainda torna as projeções atingíveis.
O dado mais positivo do guidance, na verdade, é a margem EBIT ajustada, que nos nove primeiros meses do ano ficou em 8,6%. Esse número já está acima do teto da faixa prevista pela própria empresa (7,5% a 8,3%) e próximo dos 8,7% registrados em 2024 (excluindo o efeito Boeing).
O ponto de maior preocupação no balanço, no entanto, foi o fluxo de caixa livre (FCF). O indicador ficou negativo em US$ 247 milhões no acumulado do ano.
O número representa uma forte deterioração em relação ao fluxo positivo de US$ 676 milhões de 2024 e está muito distante da meta de fechar 2025 com um FCF positivo de mais de US$ 200 milhões.
A queima de caixa é um sinal de alerta para os investidores, pois indica que a empresa está gastando mais do que gera em suas operações, o que pode pressionar o endividamento.
Impacto das tarifas dos EUA e a visão dos analistas
A companhia também detalhou em seu balanço um impacto negativo de US$ 17 milhões relacionado às tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos no 3T25. Esse custo foi concentrado principalmente na divisão de aviação executiva.
Na teleconferência com analistas, a gestão antecipou que perdas adicionais de US$ 35 milhões podem ser registradas no quarto trimestre, embora tenha mencionado que esforços mitigatórios estão em andamento para tentar reduzir esses impactos.
Apesar da reação negativa da ação no pregão, a visão dos analistas sobre os números foi, no geral, positiva. O Bradesco BBI classificou os resultados como sólidos, destacando que o Ebitda ajustado veio 2% acima de sua estimativa e 7% acima do consenso de mercado.
O banco espera que a Embraer atinja o guidance e vê uma possível surpresa positiva na margem EBIT, projetando 8,9% para o ano (acima do teto da meta).
A análise do Itaú BBA também foi na mesma linha. O banco já esperava uma reação contida dos papéis, justamente porque a forte alta recente das ações parecia antecipar uma revisão do guidance que não se concretizou.
O JPMorgan também possui uma avaliação semelhante, ressaltando que os múltiplos de negociação da Embraer estão abaixo de suas concorrentes, como Boeing e Airbus.
Otimismo de longo prazo e recomendações
O otimismo dos bancos de investimento com a tese de longo prazo da Embraer permanece, mesmo com a realização de lucros de hoje. As instituições financeiras mantêm suas recomendações de compra para o papel.
O Bradesco BBI reiterou sua recomendação de compra com preço-alvo de US$ 13 por ADR (recibo de ações negociado nos EUA), citando a perspectiva de continuidade no momento positivo de resultados, apoiado por preços firmes de minério de ferro (o que impulsiona a economia global e a demanda por jatos) e pela disciplina de custos. O banco destaca que a ação negocia a 3,5 vezes o múltiplo Valor da Firma (EV)/EBITDA para 2026, um patamar abaixo da média histórica e de seus pares.
O Goldman Sachs e o JPMorgan mantiveram recomendação de compra e preço-alvo de US$ 14,0 por ADR, enquanto o BBA também reiterou classificação de compra e preço-alvo de US$ 69 por ADR. A Genial manteve recomendação de compra para a ação na B3, com preço-alvo de R$ 70.
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