Dólar cai para abaixo de 99 com payroll fraco; euro e libra avançam à espera de decisões

O Índice Dólar (DXY), que mede o desempenho do dólar americano frente a uma cesta de seis moedas globais, voltou a perder força nesta terça-feira (5/8), sendo negociado próximo de 98,70 durante o pregão asiático.
A queda reflete uma combinação de dados econômicos mais fracos nos Estados Unidos, aumento das apostas em cortes de juros e um novo capítulo de tensão interna no Federal Reserve.
Na última sexta-feira, o relatório de empregos (payroll) mostrou que a economia americana gerou apenas 73 mil vagas em julho — muito abaixo da expectativa de 110 mil e com revisão expressiva para baixo nos dados de maio e junho. A taxa de desemprego também subiu para 4,2%, de 4,1% em junho, sinalizando uma possível desaceleração mais acentuada do mercado de trabalho.
O ISM de manufatura reforçou o tom negativo, com o índice recuando de 49,0 para 48,0 em julho.
Diante disso, operadores no mercado futuro passaram a precificar quase 84% de chance de corte de 25 pontos-base na reunião de setembro, segundo o CME FedWatch, e já projetam até 60 bps em reduções até dezembro — o equivalente a dois cortes confirmados e uma chance de 40% para um terceiro.
A pressão sobre o dólar aumentou após o anúncio da renúncia de Adriana Kugler, integrante do conselho do Fed, em meio a especulações de atritos com o presidente da instituição, Jerome Powell.
A saída pode abrir caminho para que o presidente Donald Trump indique um novo nome com viés mais "dovish", aumentando a preocupação do mercado sobre a independência do banco central.
Libra tenta manter fôlego antes de corte de juros pelo Banco da Inglaterra
O par GBP/USD operou de forma estável nesta segunda-feira (4/8), em torno da marca de 1,3300, após forte recuperação alimentada pela fraqueza do dólar na última sexta.
O movimento representou uma pausa técnica, após a libra ter revertido uma sequência de seis pregões negativos diante das apostas crescentes em cortes de juros pelo Federal Reserve.
Gráfico horário do GBP/USD.
Fonte: TradingView
No curto prazo, os investidores permanecem atentos à decisão do Banco da Inglaterra (BoE), marcada para quinta-feira (7). As projeções de consenso apontam para um corte de 25 pontos-base, que reduziria a taxa básica do Reino Unido de 4,25% para 4,00%.
Espera-se uma votação de 7 a 3 dentro do comitê de política monetária, sinalizando ainda um certo grau de divisão sobre o ritmo da flexibilização.
Tecnicamente, o par encontrou suporte em torno da média móvel exponencial de 200 dias (cerca de 1,3150), o que deu sustentação à alta recente.
Agora, o desafio para os compradores da libra será manter o ímpeto até a reunião do BoE, especialmente se o banco central adotar um tom mais cauteloso ou condicionar futuros cortes à evolução da inflação britânica, que ainda segue acima da meta.
Gráfico diário do GBP/USD.
Fonte: TradingView
Dólar cai frente ao loonie, mas petróleo pressiona o CAD
No momento da redação, o par USD/CAD operava em leve baixa na sessão asiática desta terça-feira (5), sendo negociado próximo de 1,3775.
O recuo do dólar ante o dólar canadense acompanha o movimento global de enfraquecimento da moeda americana, impulsionado pelos dados de emprego mais fracos nos EUA e pela crescente expectativa de cortes de juros pelo Federal Reserve.
A saída inesperada da governadora Adriana Kugler do Fed, anunciada na última sexta-feira, também adicionou incertezas sobre a condução futura da política monetária nos EUA.
A possibilidade de novas nomeações com perfil mais brando por parte do presidente Donald Trump aumenta as preocupações com a independência da autoridade monetária — e pressiona ainda mais o dólar.
Fonte: Google Finance
Apesar do movimento de baixa, o dólar canadense (CAD) encontrou dificuldades para se valorizar com maior intensidade, refletindo a queda recente nos preços do petróleo. Como o Canadá é o maior exportador da commodity para os Estados Unidos, a oscilação nos preços do barril tem impacto direto sobre a moeda.
Os contratos de petróleo registraram perdas após a OPEP+ anunciar que irá aumentar a produção em 547 mil barris por dia a partir de setembro, o que ampliou as preocupações com um possível excesso de oferta global. Esse fator atuou como contrapeso, limitando os ganhos do CAD e impedindo uma queda mais acentuada do USD/CAD.
Euro consolida ganhos após rali, mas sentimento na zona do euro decepciona
O par EUR/USD manteve-se estável na segunda-feira (4), após avançar mais de 1,5% na sexta-feira com a divulgação de dados decepcionantes do mercado de trabalho dos EUA.
A cotação seguiu próxima do fechamento anterior, refletindo um mercado cauteloso à espera do ISM de serviços e reagindo à piora no sentimento econômico europeu.
Na semana passada, o euro ganhou força diante da revisão negativa nos dados de emprego de maio e junho, que adicionaram ainda mais pressão sobre o dólar.
As expectativas por cortes de juros pelo Fed aumentaram drasticamente, com 90% de chance de uma redução já na reunião de setembro e cerca de 59 pontos-base em cortes até o fim de 2025, segundo dados da Prime Market Terminal.
Apesar do apoio técnico, os fundamentos da zona do euro voltaram a preocupar. O índice de confiança do investidor Sentix, divulgado nesta segunda-feira, despencou de +4,5 em julho para -3,7 em agosto.
Fonte: Google Finance
A subcategoria de “situação atual” também caiu, indicando que a percepção sobre o momento econômico na região está se deteriorando rapidamente. Analistas da Sentix destacaram que o recente acordo tarifário entre EUA e União Europeia não foi suficiente para restaurar o otimismo nos mercados.
Outros dados fracos também pesaram no sentimento: os pedidos industriais da Alemanha caíram 4,8% em junho, revertendo o salto de 8,2% registrado em maio. A queda foi puxada, principalmente, por um forte recuo nos pedidos de aeronaves comerciais — mas também refletiu um enfraquecimento mais amplo da atividade manufatureira europeia.
Mesmo assim, o EUR/USD continua sustentado acima da marca de 1,1600. No cenário técnico, os próximos alvos dos compradores estão nas regiões de 1,1630 e 1,1650. Já em caso de correção, suportes imediatos aparecem em 1,1576 e 1,1550.
Mercado aguarda ISM de Serviços para calibrar apostas sobre o Fed
Com os principais pares de moedas em compasso de espera, os investidores voltam agora suas atenções para a divulgação do ISM de Serviços dos Estados Unidos, prevista para esta terça-feira (5).
O indicador, que mede a atividade econômica no setor de serviços — responsável por mais de dois terços do PIB americano — é visto como essencial para calibrar as apostas sobre o ritmo dos cortes de juros pelo Federal Reserve.
A expectativa do mercado é de uma leve recuperação, com o índice subindo de 50,8 em junho para 51,5 em julho. Um resultado acima desse patamar pode dar algum fôlego ao dólar no curto prazo, revertendo parte das perdas recentes.
Por outro lado, uma nova surpresa negativa pode reforçar ainda mais as apostas em afrouxamento monetário, pressionando o dólar e beneficiando moedas como euro, libra e dólar canadense.
A agenda da semana ainda reserva outras divulgações importantes nos EUA, incluindo pedidos de seguro-desemprego, dados de sentimento do consumidor medido pela Universidade de Michigan e falas de dirigentes do próprio Fed.
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