Ethereum trava nos US$ 3 mil mas fundamentos on-chain divergem do preço
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O Ethereum (ETH) atravessa um momento de descorrelação frustrante para seus investidores. Enquanto a ação de preço falha repetidamente em romper e consolidar acima da barreira psicológica dos US$ 3.000, os fundamentos da rede sugerem uma robustez que não está sendo precificada pelo mercado à vista.

Fonte: CoinMarketCap
Negociado na faixa de US$ 2.990, o ativo enfrenta uma "parede" de vendas técnica e psicológica. Cada tentativa de rali é rapidamente absorvida pela oferta, mantendo a cotação presa em uma lateralização angustiante.
A divergência entre preço e atividade de rede nunca foi tão clara. Investidores de curto prazo focam na incapacidade do ativo de acompanhar o beta do Bitcoin, mas ignoram que a defesa do suporte em US$ 2.762 tem sido consistente. Isso demonstra que, apesar da falta de força para explodir na alta, não há interesse em liquidar posições nos níveis atuais.
Liderança em endereços ativos e efeito de rede
Ao analisar a saúde do ecossistema, o Ethereum continua soberano. A rede contabiliza mais de 167,9 milhões de endereços com saldo positivo, um número que eclipsa os 57,62 milhões do Bitcoin. Essa métrica é vital para entender a utilidade real versus a especulação pura.
Métricas referentes aos detentores de Ethereum. Fonte: Santiment
A liderança absoluta em carteiras ativas valida a tese do Ethereum como a espinha dorsal da "internet do valor". A demanda não vem apenas de hodlers, mas de usuários interagindo com protocolos de Finanças Descentralizadas (DeFi), mercados de NFTs e contratos inteligentes complexos.
Essa capilaridade cria um "efeito de rede" defensivo. Mesmo em momentos de baixa volatilidade ou correção de preços, a camada de base continua sendo utilizada massivamente, gerando taxas e queimando oferta. Essa atividade consistente é o lastro fundamental que, historicamente, precede movimentos de reprecificação.
Choque de oferta e saídas das exchanges
Outro indicador macro que aponta para uma eventual reversão é o fluxo de saída das exchanges centralizadas. Dados on-chain revelam que, desde o início do mês, cerca de 397.495 ETH foram retirados de plataformas de negociação, um movimento que drena a liquidez imediata do lado vendedor (sell-side liquidity).
Saldo de ethereum nas exchanges. Fonte: glassnode
Avaliados em mais de US$ 1,17 bilhão, esses saques representam uma migração de moedas para carteiras frias (cold storage) ou contratos de staking. Quando o saldo em exchanges cai, o "float" disponível para venda a mercado diminui, tornando o ativo mais sensível a choques de demanda positivos.
Esse comportamento é típico de investidores de longo prazo e "smart money" que enxergam os preços atuais como zonas de desconto. Ao removerem seus ativos do ambiente de negociação, eles sinalizam que não pretendem vender no curto prazo, apostando na valorização futura e reduzindo a pressão vendedora estrutural.
Cenários técnicos: rompimento ou correção
Do ponto de vista gráfico, o cenário é binário. A zona de US$ 2.762 atua como o "chão" que sustenta a estrutura de alta de médio prazo. A manutenção desse suporte é crucial; perdê-lo poderia levar a uma visita aos US$ 2.681, invalidando a tese de recuperação imediata e testando a paciência do varejo.
Por outro lado, o rompimento convicto dos US$ 3.000 é o gatilho necessário para atrair novo fluxo especulativo. Superar essa barreira abriria caminho técnico para testar resistências em US$ 3.131 e, posteriormente, US$ 3.287.
Nesse cenário de alta, a combinação de oferta reduzida nas exchanges com uma demanda renovada poderia causar um movimento rápido de preço, dada a escassez de liquidez vendedora nos livros de ofertas. O mercado aguarda apenas um catalisador para alinhar o preço à realidade dos dados on-chain.
Movimentação de Hayes gera ruído em meio a tese institucional
Adicionando uma camada de complexidade à análise de sentimento do mercado, Arthur Hayes, cofundador da BitMEX e uma das vozes mais influentes do setor, realizou uma movimentação on-chain que levantou sobrancelhas.
Dados rastreados indicam a transferência de 508,647 ETH — avaliados em aproximadamente US$ 1,5 milhão — para uma carteira da Galaxy Digital.
Arthur hayes enviou 508 ETH para a galaxy digital. Fonte: arkham.
A transação gerou especulações imediatas sobre uma possível redução de exposição do veterano, dado que remessas para mesas de negociação institucional (OTC) ou provedores de liquidez como a Galaxy geralmente precedem vendas ou reestruturações de posição.
O "timing" é sensível, coincidindo com a luta do ativo para recuperar o suporte de US$ 3.000 e um dezembro marcado por saídas de ETFs.
No entanto, uma análise mais profunda da carteira de Hayes sugere que o movimento é tático, e não uma capitulação estratégica. O executivo ainda mantém um saldo robusto superior a 4.500 ETH, indicando que a transferência representa apenas uma gestão pontual de portfólio e liquidez, em vez de um abandono da tese de investimento no protocolo.
O fim das blockchains privadas e a supremacia do Ethereum
A ironia da movimentação reside no fato de que, dias antes, Hayes publicou uma de suas teses mais otimistas (bullish) sobre o futuro do Ethereum.
Seu argumento central é que o sistema financeiro tradicional finalmente capitulou em relação à ideia de "blockchains privadas", reconhecendo a necessidade de infraestrutura pública e descentralizada para garantir segurança e liquidez real.
Segundo Hayes, as stablecoins atuarão como o "cavalo de Troia" para essa adoção bancária. Ele projeta que grandes instituições financeiras abandonarão a tentativa de criar livros-razão proprietários (ledger) para construir a infraestrutura da Web3 diretamente sobre o Ethereum, utilizando-o como a camada de liquidação definitiva global.
Ele endereça inclusive o problema da privacidade — um dos maiores entraves para bancos — argumentando que essa demanda será solucionada nas camadas secundárias (Layer-2).
Nessa visão arquitetônica, o Ethereum permanece como o substrato de segurança imutável, enquanto as L2s oferecem a confidencialidade e a escalabilidade necessárias para operações corporativas.
Metas de longo prazo versus ruído de curto prazo
Apesar da convicção de longo prazo, Hayes adota um pragmatismo sobre o preço atual. Sua projeção de que o ETH pode alcançar US$ 20.000 está ancorada no final do ciclo, alinhada com a próxima eleição presidencial americana.
Isso sugere que a volatilidade atual e a migração de atividade para rollups — que reduz a captura de taxas na camada base — são ruídos transitórios.
O mercado, contudo, permanece dividido entre essa visão macro de adoção institucional e a realidade de curto prazo de fluxos de saída. Enquanto a narrativa de Hayes não se materializa em demanda bancária massiva, o ativo segue refém da dinâmica de liquidez dos ETFs e da paciência dos investidores que observam a divergência entre fundamentos e preço.
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