Bitcoin falha em sustentar US$ 90 mil; Ethereum desaba 13% com fuga institucional
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O Bitcoin (BTC) ensaiou uma recuperação robusta em direção aos US$ 90.000, mas perdeu tração rapidamente e recuou para a faixa de US$ 85.000.
O movimento frustrou os investidores, ocorrendo mesmo após uma leitura de inflação nos Estados Unidos bem mais otimista do que o consenso projetava, evidenciando a fragilidade da demanda atual.
Fonte: CoinMarketCap
O CPI de novembro registrou 2,7% na base anual, furando a previsão de 3,1% e estreitando o spread para a meta de 2% do Federal Reserve. Teoricamente, esse dado deveria atuar como um catalisador de risco duradouro, aliviando os rendimentos dos Treasuries e enfraquecendo o Dólar, mas a ação de preço divergiu do fundamento macroeconômico.
A incapacidade de sustentar a alta sugere que o otimismo inicial serviu apenas como liquidez de saída para vendedores posicionados.
Diferente de uma retomada estrutural baseada em convicção, o comportamento do ativo reflete um ambiente de "falso rompimento", onde o mercado ainda luta para encontrar um piso de suporte confiável antes de definir uma tendência clara.
De acordo com traders, os dados de derivativos indicam que o movimento é acompanhado por um aumento no "open interest" (contratos em aberto), sugerindo a entrada de capital novo na ponta compradora, disposta a carregar posições a preços mais altos.
Análise do Bitcoin por Back. Fonte: X.
A exposição de gama no mercado de opções encontra-se relativamente equilibrada ao redor do preço à vista. Isso retira as "amarras" do preço, permitindo que a cotação flutue com mais liberdade caso a liquidez continue a se expandir nos próximos dias, sem a compressão típica de grandes concentrações de opções.
O último obstáculo macro do ano: Banco do Japão
Apesar do otimismo com o CPI, o horizonte macroeconômico de 2025 ainda reserva um último evento de risco: a decisão de juros do Banco do Japão (BoJ) em 19 de dezembro. Mudanças na política monetária japonesa têm o potencial de causar ondas de choque na liquidez global através do desmonte de operações de "carry trade" financiadas em iene.
No entanto, a ação de preço lateralizada do Bitcoin nas últimas sessões sugere que o mercado já precificou boa parte desse risco. Se o BoJ mantiver uma postura não disruptiva, remove-se a última barreira de incerteza do ano, limpando o caminho para que o ativo teste novas máximas sem o peso de variáveis exógenas.
Estabilização on-chain e fase de reparo
A análise dos fundamentos on-chain corrobora a tese de que o mercado não está em fase de distribuição ou pânico, mas sim de reparação de balanço. Métricas como o NUPL (Net Unrealized Profit/Loss) mostram que as perdas não realizadas pararam de se aprofundar, sinalizando que os "mãos fracas" já foram expurgados.
Fase de absorção de perdas do Bitcoin. Fonte: CryptoQuant.
O indicador SOPR (Spent Output Profit Ratio) flutua próximo ao "breakeven", o que indica que as moedas que estão sendo vendidas agora estão saindo pelo preço de custo. Isso reforça que a pressão vendedora é reativa e não estrutural; não há uma corrida para a saída, apenas ajustes de portfólio de quem comprou nos topos recentes.
Os picos de depósitos em exchanges têm ocorrido apenas em movimentos breves de queda e cessam assim que o preço estabiliza. Esse padrão é típico de fases de acumulação ou reacumulação, onde o "dinheiro inteligente" absorve a oferta disponível sem agredir o mercado, preparando o terreno para a próxima perna de alta.
Barreiras técnicas e liquidez
Do ponto de vista gráfico, o desafio imediato é claro: o BTC precisa romper a zona de US$ 90.000 e, crucialmente, fechar o dia acima do VWAP (preço médio ponderado por volume) mensal para confirmar a convicção compradora.
Há uma "piscina" de liquidez vendedora concentrada entre o Fair Value Gap (FVG) de US$ 90.500 e US$ 92.000. Essa região deve atuar como um ímã de preço no curto prazo, mas também como uma resistência formidável. Uma rejeição nessa faixa poderia devolver o ativo para o teste de liquidez nos fundos recentes de US$ 83.800.
Divergência do Ether e correlação com tech
Enquanto o Bitcoin capitaliza o otimismo macroeconômico, o Ether (ETH) caminha na direção oposta, expondo uma fragilidade preocupante.
Fonte: CoinMarketCap
A segunda maior criptomoeda do mercado mergulhou para a faixa de US$ 2.800 na quarta-feira, um movimento corretivo severo que detonou US$ 165 milhões em liquidações de posições compradas (longs), pegando o mercado alavancado no contrapé.
Essa queda de 13% na semana não foi um evento isolado, mas sim reflexo de uma correlação perigosa com o mercado de ações de tecnologia. A aversão ao risco intensificou-se com a queda de 1,8% do Nasdaq e o tombo de 5,5% nas ações da Oracle, contaminados por ruídos sobre parcerias em data centers e inteligência artificial.
Para o investidor de Ether, o sinal é claro: o ativo está se comportando, momentaneamente, mais como uma "tech stock" alavancada do que como uma reserva de valor digital. Mesmo com o dado de inflação (CPI) de 2,7% oferecendo um suporte teórico para o preço recuperar os US$ 2.950, a pressão vendedora estrutural falou mais alto, ignorando o "vento a favor" do Fed.
Fuga institucional e prêmio deprimido
O vetor principal dessa sangria é o fluxo institucional negativo. Os ETFs de Ether listados nos EUA registraram saídas líquidas de US$ 533 milhões desde quinta-feira, revertendo a tendência de entrada observada anteriormente.

Fluxos líquidos diários dos fundos de índice (ETFs) de Ether listados nos EUA, em USD. Fonte: Farside Investors.
Esses veículos, que detêm US$ 17,5 bilhões em ativos, atuam como um termômetro da confiança de longo prazo, que agora parece abalada.
No mercado de derivativos, o cenário é de retração e cautela. O "open interest" (contratos em aberto) agregado despencou de um pico de US$ 32,4 bilhões para US$ 28,1 bilhões. Embora a desalavancagem não seja necessariamente baixista por si só, ela indica uma redução drástica na convicção dos touros, que preferem sair do mercado a defender posições.
Mais alarmante é o prêmio dos futuros mensais, que agora negocia a meros 3% acima do mercado à vista. Em condições neutras ou saudáveis, esse spread deveria flutuar entre 5% e 10% para cobrir custos de capital. Um prêmio tão comprimido sinaliza uma demanda anêmica por posições longas, sugerindo que o mercado não espera uma recuperação em V.
Fundamentos on-chain em retração
A tese de investimento no Ether depende intrinsecamente da atividade da rede, e os dados recentes mostram desaceleração. As taxas geradas por aplicações descentralizadas (DApps) caíram para US$ 68 milhões na última semana, um recuo sensível frente aos US$ 98 milhões registrados há um mês. Menos uso significa menos queima de ETH e menos incentivo para acumulação.
Além disso, o total de Ether travado em staking recuou ligeiramente para 35,69 milhões de ETH, indicando uma vontade reduzida dos detentores em imobilizar capital na rede. Para que a confiança seja reconstruída, será necessário mais do que alguns dias de fluxo positivo em ETFs; o mercado exige uma retomada da utilidade on-chain e um descolamento da volatilidade do setor de tecnologia.
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