Trump reacende temores de guerra comercial e impacta câmbio e petróleo: NZD/USD recua, WTI se recupera

Pedro Augusto Prazeres
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Fonte: DepositPhotos

Os mercados internacionais voltaram a oscilar neste início de quinta-feira (07/08) após novas declarações do ex-presidente Donald Trump sobre tarifas adicionais contra China e Índia, em meio ao aumento das tensões geopolíticas envolvendo o petróleo russo.

O dólar neozelandês e o dólar canadense foram pressionados por fatores distintos, enquanto o petróleo WTI mostrou reação positiva após dados de estoques nos EUA.

No câmbio, o par NZD/USD caiu para a região de 0,5930, enquanto o USD/CAD se manteve estável abaixo de 1,3750. As movimentações refletem tanto o cenário doméstico de cada país quanto a expectativa global por cortes de juros por parte do Federal Reserve.

Já o petróleo WTI recuperou-se de mínimas de cinco semanas, negociado a US$ 63,75 por barril, impulsionado por estoques menores que o esperado e receios sobre reconfiguração da oferta global.

NZD/USD recua com dados fracos e incerteza antes de relatório do RBNZ

O par NZD/USD voltou a perder força durante a sessão asiática, pressionado pela combinação de dados fracos de emprego na Nova Zelândia e o aumento da aversão ao risco global.

O movimento ocorre em um momento delicado para o dólar neozelandês, que já vinha sendo afetado pelas perspectivas de cortes de juros por parte do Banco da Reserva da Nova Zelândia (RBNZ).

A taxa de desemprego no país subiu para 5,2% no segundo trimestre, ante 5,1% no trimestre anterior, sinalizando uma desaceleração mais ampla na economia local. Embora o dado tenha vindo ligeiramente abaixo da expectativa de 5,3%, o mercado reforçou suas apostas em cortes de juros por parte do RBNZ, o que pesou sobre a moeda.

Fonte: TradingView

Além disso, investidores aguardam com cautela a divulgação das expectativas de inflação para o terceiro trimestre, previstas para mais tarde nesta quinta-feira. Caso as projeções sinalizem uma redução nas pressões inflacionárias, o cenário para um afrouxamento monetário mais cedo pode se consolidar.

Outro fator que influencia negativamente o NZD é a crescente tensão comercial entre os Estados Unidos e a China. Trump afirmou que poderá impor uma tarifa adicional de 25% sobre produtos chineses, a exemplo da medida aplicada contra a Índia.

Como a China é o principal parceiro comercial da Nova Zelândia, qualquer impacto negativo sobre a economia chinesa tende a reverberar sobre o dólar neozelandês.

USD/CAD opera de lado à espera de novidades sobre o Fed e afetado por queda no petróleo

O par USD/CAD segue praticamente estável nesta quinta-feira, oscilando em torno de 1,3740 na sessão asiática. A estabilidade reflete um equilíbrio entre os fatores que impactam o dólar norte-americano e o dólar canadense, em especial a expectativa por cortes de juros nos Estados Unidos e o desempenho recente do mercado de petróleo, principal influência para o Canadá.

Fonte: Google Finance

De um lado, o dólar americano permanece pressionado pela perspectiva de afrouxamento monetário por parte do Federal Reserve. Após a divulgação do relatório de empregos (payroll) abaixo do esperado em julho, os mercados aumentaram suas apostas em um corte de 25 pontos-base na reunião de setembro do Fed. Segundo dados do CME FedWatch Tool, a probabilidade de corte saltou de 48% para 95% em apenas uma semana.

O sentimento dovish se intensifica também com a incerteza política: Donald Trump afirmou ter reduzido sua lista de candidatos para a presidência do Fed, que poderá substituir Jerome Powell.

O nome do atual secretário do Tesouro, Scott Bessent, teria sido excluído da lista, e o substituto da diretora Adriana Kugler deve ser anunciado ainda esta semana. Esse cenário aumenta a cautela dos investidores, que aguardam maior clareza sobre o rumo da política monetária norte-americana.

Por outro lado, o dólar canadense, conhecido como "loonie", enfrenta resistência devido à queda recente nos preços do petróleo — embora tenha havido uma leve recuperação. Como o Canadá é o principal exportador de petróleo para os Estados Unidos, a commodity exerce forte influência sobre sua moeda. Com aumento da oferta pela OPEP+ e preocupações com a demanda global, o petróleo havia recuado para mínimas de cinco semanas, pressionando o CAD.

Assim, mesmo com o viés negativo para o dólar americano, o recuo no petróleo impediu uma valorização mais firme do loonie, resultando num movimento lateral para o par USD/CAD.

Fonte: CME FedWatch Tool

Petróleo WTI se recupera com estoques em queda e ameaça tarifária de Trump

Após atingir a mínima de cinco semanas, o preço do petróleo WTI voltou a subir nesta, sendo negociado por volta de US$ 63,75 nas primeiras horas do pregão asiático. O movimento reflete tanto um cenário mais apertado nos estoques de petróleo dos EUA quanto novas tensões geopolíticas envolvendo Donald Trump e os principais compradores de petróleo russo.

De acordo com o relatório semanal da Administração de Informação de Energia (EIA), os estoques de petróleo dos Estados Unidos caíram 3,029 milhões de barris na semana encerrada em 1º de agosto, em contraste com o aumento de 7,698 milhões registrado na semana anterior.

O mercado previa uma redução de apenas 1,1 milhão de barris. Essa retração acima do esperado é interpretada como um sinal de demanda robusta, sustentando a recuperação da commodity.

Além dos dados de estoques, o petróleo foi impulsionado por um novo fator geopolítico: Trump anunciou uma tarifa extra de 25% sobre bens indianos, em resposta às compras de petróleo da Rússia.

Fonte: investing.com

O ex-presidente também ameaçou aplicar tarifas semelhantes à China, o que levanta preocupações sobre potenciais mudanças na logística global de fornecimento de petróleo, além de ampliar o risco de um novo ciclo de tensões comerciais.

Por outro lado, o movimento de alta ainda encontra resistência. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (OPEP+) anunciou, em reunião virtual no domingo, um aumento de produção de 547 mil barris por dia para setembro.

A decisão tenta suavizar riscos de escassez decorrentes do conflito na Rússia, mas também pode limitar ganhos adicionais no preço do barril, especialmente se a demanda global continuar sob pressão.

O petróleo, portanto, encontra-se num momento de disputa entre forças altistas — como estoques em queda e riscos geopolíticos — e fatores de pressão baixista, como aumento da oferta e incerteza sobre o crescimento global.

Isenção de responsabilidade: este artigo representa apenas a opinião do autor e não pode ser usado como consultoria de investimento. O conteúdo do artigo é apenas para referência. Os leitores não devem tomar este artigo como base para investimento. Antes de tomar qualquer decisão de investimento, procure orientação profissional independente para garantir que você entenda os riscos.

 

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