Ações do Magazine Luiza (MGLU3) disparam com dados de inflação; Ibovespa sobe com expectativa de corte de juros nos EUA

Pedro Augusto Prazeres
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Fonte: DepositPhotos

As ações das empresas varejistas lideraram os ganhos do Ibovespa na tarde desta quarta-feira (10/09), com os investidores reagindo positivamente à divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto.

O principal destaque do dia foi o Magazine Luiza (MGLU3), cujos papéis subiam 4,82% por volta das 16h, negociados a R$ 9,35, figurando na liderança do índice. O movimento de alta foi generalizado para o setor de consumo e também beneficiou as instituições financeiras, que subiram com o alívio na curva de juros.

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Fonte: Google Finance

A reação otimista do mercado, no entanto, ocorreu apesar de os dados de inflação terem vindo com uma queda menor do que a esperada e com sinais de pressões persistentes no setor de serviços. Ainda assim, a deflação no índice geral foi suficiente para reforçar as projeções de que o Banco Central poderá iniciar um ciclo de cortes na taxa de juros Selic antes do previsto, um cenário altamente favorável para as empresas de varejo.

O paradoxo do IPCA: deflação no índice geral, mas com pressão de serviços

O IPCA de agosto registrou uma deflação de 0,11%. Embora o número confirme uma tendência de arrefecimento dos preços, a queda veio menor do que o consenso do mercado esperava, e uma análise mais aprofundada do relatório revela um cenário que ainda inspira cautela.

Segundo a análise de grandes bancos de investimento, como o Goldman Sachs e o Bank of America, a inflação de serviços continua pressionada e disseminada. Os principais indicadores de serviços, como os intensivos em mão de obra, ainda mostram uma alta superior a 6%, sustentada por um mercado de trabalho aquecido e por estímulos fiscais.

A visão é de que as expectativas de inflação de curto e médio prazo continuam desancoradas, ou seja, acima da meta, o que representa um desafio para o Banco Central. No entanto, a valorização recente do real deve ajudar a limitar as pressões sobre os preços de bens e produtos comercializáveis, que são mais sensíveis ao câmbio.

A reação do mercado e a expectativa de queda da Selic

Apesar das preocupações com a inflação de serviços, o mercado financeiro optou por focar no dado principal de deflação, que reforçou as projeções de que o Banco Central poderá antecipar o início do ciclo de cortes da taxa Selic.

A visão de algumas instituições financeiras é de que há chances de o BC iniciar a redução dos juros já em dezembro deste ano, com a taxa podendo chegar a 11,25% até o final de 2026.

A perspectiva de juros mais baixos é o principal motor para o otimismo com as ações de empresas ligadas à economia doméstica. Juros menores tendem a estimular a atividade econômica, baratear o crédito para os consumidores e reduzir as despesas financeiras das companhias, criando um ambiente mais favorável para o crescimento dos lucros.

Foi essa expectativa que impulsionou não apenas as varejistas, mas também as ações de grandes bancos, como o Banco do Brasil (BBAS3), que se beneficiam do alívio na curva de juros.

O impacto no setor de varejo e o foco em Magazine Luiza

O setor de varejo é um dos mais sensíveis às variações na taxa de juros, e o Magazine Luiza é um dos principais exemplos dessa dinâmica.

A empresa, cujo modelo de negócio é fortemente dependente do consumo de bens duráveis, como eletrônicos e eletrodomésticos, se beneficia diretamente de um ambiente de crédito mais acessível para os seus clientes. A possibilidade de os consumidores financiarem suas compras com juros mais baixos é um fator crucial para impulsionar o volume de vendas da companhia.

Além do impacto no lado do consumidor, a queda dos juros também alivia as despesas financeiras da própria empresa, que utiliza capital de terceiros para financiar suas operações e seu estoque. Com um custo de dívida menor, a tendência é de uma melhora nas margens e na lucratividade.

É a combinação desses dois efeitos — estímulo à demanda e redução de despesas — que explica a forte reação positiva das ações do Magazine Luiza à perspectiva de um ciclo de cortes na Selic, mesmo que ele ainda não tenha começado.

Ibovespa sobe com deflação nos EUA e avanço dos bancos

Após duas quedas seguidas, o Ibovespa voltou a subir nesta quarta-feira, com uma alta de 0,52%, aos 142.348,70 pontos, o segundo maior patamar de fechamento da história. O otimismo foi impulsionado pela divulgação do índice de preços ao produtor (PPI) nos EUA, que registrou uma deflação inesperada.

O dado reforçou a aposta do mercado em um corte de juros pelo Federal Reserve na próxima semana, o que animou os investidores e fez o dólar cair 0,53%, para R$ 5,407.

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Fonte: Google Finance

Apesar dos dados positivos, os mercados em Wall Street fecharam mistos e sem força, com os investidores preferindo aguardar a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI) nesta quinta-feira para confirmar a tendência. 

Isenção de responsabilidade: este artigo representa apenas a opinião do autor e não pode ser usado como consultoria de investimento. O conteúdo do artigo é apenas para referência. Os leitores não devem tomar este artigo como base para investimento. Antes de tomar qualquer decisão de investimento, procure orientação profissional independente para garantir que você entenda os riscos.

 

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