Ações de Marfrig (MRFG3) e BRF (BRFS3) disparam com data para conclusão de fusão

As ações da Marfrig (MRFG3) e da BRF (BRFS3) registraram fortes altas no pregão desta terça-feira (9/9), após as companhias anunciarem a data para a conclusão de sua fusão e os detalhes finais da incorporação.
Por volta das 16h, os papéis da Marfrig subiam cerca de 4,8%, enquanto os da BRF avançavam 4%, com ambas as empresas figurando entre as maiores altas do Ibovespa no dia.
Ações Marfrig. Fonte: Google Finance
O otimismo do mercado reflete a concretização de uma das maiores fusões do setor de alimentos do Brasil, criando uma gigante global com forte presença tanto no mercado de carne bovina quanto no de aves e suínos.
A partir do dia 23 de setembro, os atuais acionistas da BRF passarão a deter ações da Marfrig, que será reclassificada e passará a ser negociada na bolsa sob o novo ticker MBRF3. O movimento é visto como estratégico e com potencial de destravar valor, embora analistas também apontem para os riscos envolvidos no negócio.
Os detalhes da conclusão da incorporação
A data para a efetivação da fusão foi comunicada ao mercado na noite de segunda-feira (8), junto com os esclarecimentos finais sobre o processo. A relação de troca para a incorporação dos papéis foi definida em 0,8521 ação da Marfrig para cada ação da BRF.
Isso significa que, para cada 100 ações da BRF que um investidor possuir, ele receberá aproximadamente 85 ações da nova empresa, a MBRF3. Essa proporção foi calculada com base na avaliação econômica das duas companhias e busca garantir uma transição justa entre as duas bases acionárias.
Eventuais frações de ações que resultarem dessa conversão serão agrupadas em números inteiros e leiloadas no mercado secundário da B3. O valor líquido obtido nesse leilão será, então, distribuído de forma proporcional entre os antigos acionistas da BRF que detinham essas frações.
O processo de conversão e a troca de tickers devem ocorrer de forma automática na custódia dos investidores, sem a necessidade de nenhuma ação por parte deles.
Direito de retirada e a ratificação do negócio
Com a aprovação final da operação, alguns acionistas que eram contrários à fusão exerceram seu direito de retirada, que é a possibilidade legal de vender suas ações de volta para a companhia por um valor pré-definido em assembleia.
Essa é uma etapa importante em processos de fusão, pois um volume muito grande de pedidos de retirada poderia comprometer financeiramente a operação.
Ações BRF. Fonte: Google Finance
No total, foram exercidos direitos de retirada sobre 9,98 milhões de ações da BRF, o que resultou em um reembolso total de R$ 198,5 milhões, e sobre 5 ações da Marfrig, totalizando R$ 16,60. Segundo as companhias, o valor total dos reembolsos não compromete a estabilidade financeira da nova empresa.
Com isso, superada essa etapa sem grandes impactos, a incorporação foi formalmente ratificada, dando segurança para que o processo de unificação seja concluído na data estipulada.
Distribuição bilionária de dividendos e JCP
Além da conclusão da fusão, os conselhos de administração das duas empresas aprovaram as chamadas "Distribuições Permitidas", que consistem em um pagamento robusto de proventos aos acionistas antes da unificação final das bases acionárias.
A BRF anunciou a distribuição de um total de R$ 3,32 bilhões. Desse montante, R$ 2,92 bilhões serão pagos na forma de dividendos e R$ 400 milhões como juros sobre capital próprio (JCP). O valor total por ação equivale a R$ 1,83 em dividendos e R$ 0,25 em JCP.
Já a Marfrig anunciou o pagamento de R$ 2,34 bilhões em dividendos aos seus acionistas, o que corresponde a um valor de R$ 2,81 por ação. Juntas, as duas empresas distribuirão mais de R$ 5,6 bilhões em proventos, uma remuneração expressiva que também contribuiu para o otimismo do mercado com os papéis no pregão de hoje.
A visão do mercado sobre a nova empresa
A análise de grandes bancos de investimento, como o Santander, aponta para um cenário misto para a nova empresa.
Do lado positivo, a MBRF3 pode se beneficiar de uma demanda mais resistente por carne de alta qualidade, de uma maior exposição ao mercado de alimentos processados no Brasil, que possui margens mais estáveis, e de uma eventual desvalorização do real, que favorece as exportações e aumenta a receita da companhia em moeda local.
Fonte: Mitrade
No entanto, os analistas também destacam os principais riscos que a nova companhia enfrentará. Entre eles estão a possibilidade de um ciclo negativo prolongado para a carne bovina tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, que são mercados-chave para a Marfrig.
Outro risco é a incapacidade de repassar para os preços os custos mais altos com o gado, o que pode comprimir as margens. A alta alavancagem financeira da empresa combinada e uma possível valorização do real, que prejudicaria a receita de exportação, também são pontos de atenção. Diante desse balanço de fatores, a recomendação para as ações da nova empresa é neutra.
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