Discurso de Powell impulsiona mercados; Ibovespa salta quase 3 mil pontos e dólar recua

Pedro Augusto Prazeres
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Fonte: DepositPhotos

O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, acelerou os ganhos na tarde desta sexta-feira (22/8), com um avanço de quase 3 mil pontos que zerou as perdas acumuladas na semana. O otimismo também contagiou os mercados globais, com as bolsas em Wall Street operando em níveis recordes e o dólar recuando em todo o mundo.

O gatilho para o forte movimento de alta foi o aguardado discurso do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, no Simpósio de Jackson Hole, que foi interpretado pelos investidores como um sinal claro de que a autoridade monetária americana está se preparando para cortar a taxa de juros já no próximo mês.

Fonte: GoogleFinance

Por volta das 14h50, o Ibovespa renovava sua máxima do dia, aos 137.740,83 pontos, com uma alta de 2,40%. No mercado de câmbio, o dólar operava em queda de mais de 1% em relação ao real, negociado próximo de seu menor patamar no ano.

O sinal de Powell que animou os investidores

O ponto central do discurso de Jerome Powell, que mudou o humor dos mercados, foi sua afirmação de que "a política em território restritivo, a perspectiva básica e a mudança no equilíbrio de riscos podem justificar ajustes" na postura do Federal Reserve.

A fala foi imediatamente lida pelos investidores como uma sinalização de que um corte nos juros está próximo, validando as expectativas que já vinham se formando no mercado.

A reação nas apostas de juros foi imediata. Logo após as declarações de Powell, a probabilidade de o Fed cortar os juros em 0,25 ponto percentual já em sua próxima reunião, em setembro, saltou de 71,6% para 91,3%, segundo a ferramenta FedWatch, do CME Group. 

Para analistas, a fala de Powell sugere que o Fed passou a ver os riscos de uma desaceleração no mercado de trabalho como mais elevados, enquanto considera a inflação como um fenômeno potencialmente temporário, o que abre espaço para um ajuste na política monetária.

Wall Street e bolsas europeias atingem novas máximas

O otimismo se espalhou rapidamente pelos mercados globais. Em Wall Street, os principais índices de ações operavam em níveis históricos, com altas de quase 2%.

Por volta do meio-dia, o índice Dow Jones registrava um avanço de 1,95%, o S&P 500 subia 1,59%, e o Nasdaq avançava 1,93%.

Na Europa, as principais bolsas de valores, que já operavam em alta, ganharam ainda mais fôlego na esteira de Wall Street. O índice FTSE 100, de Londres, chegou a renovar seu recorde de cotação durante o dia.

Já os mercados asiáticos, que fecharam antes do discurso, não capturaram o movimento de otimismo e encerraram o dia sem uma direção única.

Ibovespa zera perdas da semana com alta generalizada

No Brasil, o Ibovespa, que vinha de uma semana volátil e de perdas, não apenas subiu, mas o fez de forma generalizada.

A alta foi forte o suficiente para levar o índice de um patamar próximo dos 134 mil pontos para acima dos 137 mil pontos, zerando as perdas que acumulava na semana. O tom positivo foi quase unânime entre as ações que compõem o índice.

A única exceção de destaque entre as principais ações foi a da BRF (BRFS3), que operava em queda. O movimento negativo do papel foi uma reação a uma notícia corporativa específica, a suspensão do julgamento no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sobre a proposta de fusão da empresa com a Marfrig (MRFG3).

Dólar recua no Brasil e no mundo

No mercado de câmbio, a reação ao discurso de Jerome Powell foi igualmente forte. A perspectiva de juros mais baixos nos Estados Unidos tende a enfraquecer o dólar globalmente, e o índice DXY, que compara a moeda americana a uma cesta de seis divisas fortes, recuou em sintonia com essa expectativa.

Em sintonia com o movimento externo, o dólar à vista encerrou o dia em queda firme de 0,97%, voltando para a casa de R$ 5,42. A baixa foi uma resposta direta à fala do chair do Fed, que aumentou as apostas do mercado em um corte de juros nos EUA já em setembro, o que diminui a atratividade da moeda americana para investidores internacionais.

Apesar da queda expressiva na sexta-feira, o movimento não foi suficiente para reverter os ganhos que a moeda acumulou no restante da semana, um período que foi marcado por forte aversão ao risco no mercado doméstico. Com isso, o dólar encerrou a semana com uma valorização acumulada de 0,52% em relação ao real.

Análise do impacto para o Brasil

Para o Brasil, o ambiente de um iminente corte de juros nos Estados Unidos é considerado positivo.

Com a taxa de juros doméstica, a Selic, ainda em um patamar elevado, a queda dos juros americanos aumenta o "diferencial" entre as taxas dos dois países, o que torna o mercado brasileiro mais atraente para o investidor internacional em busca de maiores retornos.

Segundo a avaliação de estrategistas, embora o cenário político local continue no radar dos investidores, a política monetária americana segue sendo um dos principais vetores para o fluxo de capital estrangeiro para o Brasil. Esse maior fluxo, por sua vez, tende a beneficiar tanto o real, com a queda do dólar, quanto o mercado de ações.

Isenção de responsabilidade: este artigo representa apenas a opinião do autor e não pode ser usado como consultoria de investimento. O conteúdo do artigo é apenas para referência. Os leitores não devem tomar este artigo como base para investimento. Antes de tomar qualquer decisão de investimento, procure orientação profissional independente para garantir que você entenda os riscos.

 

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