Os consumidores do Reino Unido reduziram seus gastos pela primeira vez desde 2020, em meio a crescentes preocupações com o aumento do custo de vida. Os gastos com cartão caíram 0,2% em comparação com o mesmo trimestre do ano passado, período em que haviam crescido a um ritmo robusto de 1,6%, informou o banco.
Essa é a primeira queda anual desde 2020 — período em que os gastos caíram 7,1%, já que a pandemia fechou empresas e impediu que famílias distantes se reunissem para celebrações tradicionais. Economistas disseram que a queda foi um sinal de que as famílias estavam começando a sentir a pressão da inflação, do crescimento salarial estagnado e da incerteza econômica generalizada.
Os dados oficiais divulgados na semana passada reforçaram esse cenário. A renda disponível, ajustada pela inflação, caiu 0,8% no terceiro trimestre, marcando o período mais longo sem crescimento desde o final de 2014. O baixo consumo e as altas taxas de poupança representam um fardo para a economia britânica , que depende fortemente dent alguma recuperação na demanda do consumidor para alcançar até mesmo as modestas projeções de crescimento, afirmaram analistas do Barclays.
O aumento dos preços em setores-chave está pressionando as famílias em todo o Reino Unido. Os preços dos alimentos caíram 1,7% no último ano, enquanto o custo de itens essenciais em geral diminuiu 2,3%. Para as famílias que se limitam ao que realmente podem pagar, em vez de gastar com itens de luxo, como produtos de grife, os gastos discricionários — incluindo roupas, eletrônicos tron entretenimento e lazer — aumentaram apenas 0,8%. Em contrapartida, os gastos com itens não discricionários, como moradia, transporte e contas, continuaram sendo a maior parte dos orçamentos familiares.
No entanto, economistas alertaram que a cautela contínua das famílias pode prejudicar as perspectivas de crescimento do Reino Unido no curto prazo. O OBR já projetou um pequeno crescimento; intensificar os esforços para reconstruir a confiança do consumidor é fundamental para alcançar esse objetivo.
Essa fraca confiança do consumidor, prejudicada pelo aumento do custo de vida e pelo crescimento estagnado da renda líquida, bem como pelas preocupações com as perspectivas da economia, ainda pode representar um entrave para o consumo privado no futuro, disseram analistas. Dado que as famílias representam uma grande parcela da demanda agregada, sua relutância em consumir pode ser o calcanhar de Aquiles da Grã-Bretanha no curto prazo.
Embora o gasto total tenha diminuído, os consumidores ainda se permitem pequenos luxos que oferecem gratificação instantânea, de acordo com o Barclays. Os gastos com produtos de saúde, beleza e farmácia foram os que mais se destacaram, com um aumento de 9,5% no último ano. Isso está de acordo com o chamado "efeito batom", em que as pessoas aumentam o consumo de luxos de baixo custo em vez de outros produtos para manter um alto nível de bem-estar mental em momentos de pressão financeira.
Entretenimento e experiências também apresentaram um desempenho relativamente robusto. Grandes turnês musicais de artistas como Oasis, Coldplay e Sabrina Carpenter atraíram gastos expressivos, revelando que os consumidores estão dispostos a investir em experiências, mesmo que reduzam seus gastos em outras áreas.
O Barclays afirmou que essas tendências refletem uma abordagem mais criteriosa ao consumo. Os consumidores estão optando por experiências em vez de grandes compras — pequenos prazeres em vez de extravagâncias —, o que reflete não apenas orçamentos familiares mais apertados, mas também um desejo por satisfação emocional. Embora esses hábitos de consumo proporcionem algum alívio para empresas dos setores de lazer e beleza, é improvável que compensem quedas mais amplas no consumo das famílias, disseram analistas.
Os dados revelam um panorama misto para a economia do Reino Unido. Embora as famílias continuem a gastar com experiências e pequenos prazeres, a retração geral dos gastos reflete os desafios que a economia enfrenta, com a inflação persistente e o crescimento da renda estagnado.
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