Saad Sherida al-Kaabi, Ministro de Estado para Assuntos de Energia do Catar e CEO da QatarEnergy, expressou suas preocupações sobre a potencial escassez futura de gás natural liquefeito (GNL) e de fornecimento de gás natural durante um discurso no Fórum de Doha.
Embora não tenha afirmado categoricamente que a IA sozinha consumiria todo o GNL do mundo até 2035, ele relacionou essa possibilidade a dois fatores: a crescente demanda de energia proveniente de centros de dados de inteligência artificial (IA) e o subinvestimento crônico em nova capacidade de produção.
O ministro da Energia do Catar expressou preocupação com o fato de a falta de investimento e o aumento do consumo de energia proveniente da inteligência artificial criarem uma escassez de GNL e gás natural após 2035.
Isso se deve à rápida expansão da infraestrutura de IA e ao aumento acelerado das necessidades globais de eletricidade, especialmente dos centros de dados que se provaram verdadeiros sumidouros de energia.
Isso impulsiona a demanda por gás natural como um “combustível de transição” confiável para geração de energia, razão pela qual al-Kabbi previu que a demanda por GNL poderá atingir 600 a 700 milhões de toneladas por ano (mtpa) até 2035, ante cerca de 400 mtpa atualmente, sendo grande parte impulsionada pelo crescimento da IA, um setor que consome muita energia.
“Há falta de investimento, e se isso não acontecer nos próximos cinco a seis anos, teremos problemas em 2035”, disse al-Kaabi no Fórum de Doha, na capital do Catar, no sábado, expressando preocupação com o fato de a falta de investimento provocar um aumento nos preços do GNL e do gás natural. “Todos os países com os quais conversamos têm de 10% a 20% de sua demanda proveniente da IA.”
Considerando a capacidade existente no mercado de petróleo, ele vê a desaceleração econômica global como o maior problema para os preços do petróleo bruto.
Um preço do petróleo entre US$ 70 e US$ 80 por barril é ideal para financiar os investimentos necessários em infraestrutura, disse al-Kaabi.
Entretanto, o Catar, maior exportador mundial de GNL, continuará a expandir agressivamente seu Campo Norte para aumentar a capacidade e atender à crescente demanda. Contudo, al-Kaabi alertou que a hesitação global, alimentada pelas incertezas da transição energética e pelos obstáculos regulatórios, pode não ser suficiente para acompanhar o ritmo da demanda.
Apesar de suas preocupações, al-Kaabi continua muito otimista em relação ao GNL como uma alternativa mais limpa ao carvão e destacou o compromisso contínuo do Catar com a captura e o sequestro de carbono.
A Agência Internacional de Energia (IEA) publicou seu relatório Perspectivas da Energia Mundial em novembro, no qual fez coro com as opiniões de al-Kaabi em relação ao GNL.
No documento oficial , a AIE (Agência Internacional de Energia) projetou que o comércio global de GNL (Gás Natural Liquefeito) crescerá de 560 bilhões de metros cúbicos (bcm) em 2024 para 880 bcm em 2035 e para 1.020 bilhões de metros cúbicos em 2050, devido ao aumento da demanda do setor de energia impulsionada pelo crescimento de data centers e inteligência artificial.
O relatório destacou o aumento expressivo de novos projetos de gás natural liquefeito (GNL) em 2025, com cerca de 300 bilhões de metros cúbicos de nova capacidade anual de exportação de GNL prevista para entrar em operação até 2030 — um aumento de 50%. Cerca de metade dessa nova capacidade está sendo construída nos Estados Unidos e outros 20% no Catar.
No cenário político atual, espera-se que a maior parte do novo GNL seja destinada à China e à Europa, o que pode significar que a União Europeia terá que abolir sua regulamentação sobre emissões de metano se quiser manter as empresas em funcionamento e seus cidadãos aquecidos.
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