A China alertou oficialmente que retaliará depois que o México anunciou um plano para aumentar as tarifas sobre carros fabricados na Ásia, especialmente aqueles fabricados na China, para 50%, ante os atuais 20%.
O alerta foi emitido na noite de quinta-feira, quando o Ministério do Comércio da China divulgou um comunicado dizendo que "espera que o México seja extremamente cauteloso e pense duas vezes antes de agir".
A declaração, de acordo com a CNBC, acrescentou: “Não estamos dispostos a ver a cooperação econômica de ambos os lados afetada por esta situação”.
A proposta veio diretamente de Marcelo Ebrard, Secretário de Economia do México, que disse aos repórteres na quarta-feira que a nova tarifa faz parte de um pacote orçamentário federal mais amplo e impactaria cerca de US$ 52 bilhões em importações.
Ele observou que a aprovação do Congresso ainda é necessária e que, se aprovadas, as taxas mais altas entrariam em vigor 30 dias depois. O governo mexicano está impulsionando essa medida enquanto se beneficia do Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), que permite o comércio livre de tarifas apenas quando uma grande parte de um veículo é fabricada na América do Norte.
Na mesma declaração de quinta-feira, a China afirmou que "tomaria as medidas necessárias... para salvaguardar resolutamente seus direitos e interesses legítimos". Também criticou duramente as práticas tarifárias de Washington, chamando-as de coercitivas e argumentando que prejudicam os interesses de outros países: "A coerção de terceiros jamais deve sacrificar os interesses de terceiros".
A reclamação da China não se refere apenas ao México. Pequim apontou o que chamou de abusos tarifários de longa data dos EUA e alertou contra o alinhamento com essas políticas.
A China também lembrou ao mundo que já impôs suas próprias contramedidas em recentes disputas comerciais com Washington, incluindo a limitação de exportações de certos minerais usados em indústrias de alta tecnologia; minerais onde as empresas chinesas dominam a cadeia de suprimentos global.
Embora a China esteja insatisfeita com a iniciativa do México, o ministério não tem usado a mesma retórica com outras nações. Jorge Guajardo, ex-embaixador mexicano na China e agora sócio da DentGlobal Advisors em Washington, D.C., destacou que a Rússia já impõe tarifas de 60% sobre veículos chineses e que o Brasil introduziu taxas de 35% sobre a importação de carros elétricos em julho.
“Ainda não vi a China aplicar as mesmas acusações [de coerção] à Rússia ou ao Brasil”, disse Jorge em um e-mail à CNBC. “Presumo que seja um acordo tácito de que eles entendem que não há apetite no mundo para absorver o excesso de capacidade da China.”
Essa questão do excesso de capacidade já foi abordada no ano passado por uma autoridade chinesa, que disse à CNBC que o comércio global existe justamente para lidar com situações como essa. Se a China produz muitos carros elétricos, argumentou a autoridade, isso não é diferente de outros países que exportam gás natural, alimentos ou semicondutores em grandes quantidades.
Entre junho de 2022 e julho de 2024, mais de 20 empresas automobilísticas chinesas anunciaram planos de investir mais de US$ 7 bilhões no México, de acordo com dados da Coalizão para uma América Próspera, um grupo de defesa com sede nos Estados Unidos.
Esses anúncios incluem projetos para autopeças, bem como para a montagem completa de veículos. Não está claro quantos desses planos já foram concluídos. Uma grande empresa, a BYD , ainda nem começou a construir sua fábrica prevista no México.
O México também se tornou o principal destino das exportações de automóveis da China, com base em dados de embarques do início deste ano. Mas não são as marcas ocidentais com as quais os carros chineses estão competindo no México.
Eugene Hsiao, chefe de estratégia de ações chinesas da Macquarie Capital, disse no programa "The China Connection", da CNBC, que "a conquista de participação de mercado, muitas vezes, não vem propriamente das marcas ocidentais. É, na verdade, de outras marcas asiáticas. Acho que é isso que vimos no México".
Mesmo antes do anúncio dessa tarifa de 50%, já havia rumores de um possível aumento de 25%, e Eugene também abordou esse assunto. "A proposta de valor de muitos desses carros chineses, eu acho, permanece intacta, mesmo com algumas dessas tarifas", disse ele. Isso significa que, apesar do aumento dos custos de importação, os compradores ainda podem escolher veículos chineses, especialmente se eles ainda forem mais baratos ou oferecerem mais recursos em comparação com os concorrentes regionais.
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