Guararapes dispara com venda do Midway Mall e Ibovespa reage a novos sinais políticos

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A Guararapes (GUAR3), controladora da rede varejista Riachuelo, protagonizou o grande destaque corporativo desta quarta-feira ao anunciar uma reestruturação de capital agressiva. 

A companhia confirmou a venda do icônico Midway Mall por R$ 1,61 bilhão, um movimento que foi imediatamente recebido com euforia pelo mercado, impulsionando as ações em mais de 9% durante o dia, cotadas acima de R$ 11,00.

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Fonte: Google Finance

A transação não representa apenas uma injeção de liquidez, mas uma mudança filosófica na gestão do balanço da empresa, migrando para um modelo mais "asset light". Do montante total, R$ 805 milhões entrarão no caixa imediatamente, enquanto o saldo remanescente será quitado em dezembro de 2025.

A estrutura de pagamento da segunda parcela chama a atenção pela robustez financeira. O valor será corrigido por taxas que superam o custo de capital tradicional: a maior taxa entre IPCA + 10,57% ao ano ou o rendimento da NTN-B 2028 acrescido de 2,05%. Isso garante à varejista uma proteção inflacionária significativa sobre o recebível.

O gatilho principal para a disparada das ações, contudo, foi a destinação desses recursos. A empresa anunciou uma distribuição de proventos extraordinária na ordem de R$ 1,488 bilhão. Entre dividendos e Juros Sobre Capital Próprio (JCP), o retorno aos acionistas (dividend yield) projeta-se em impressionantes 28% sobre os preços atuais.

Eficiência fiscal e simplificação corporativa

Analistas da XP Investimentos classificaram o movimento como um "destravamento de valor" há muito aguardado. A estratégia vai além da venda de um ativo imobiliário; trata-se de antecipar eficiência fiscal antes de potenciais mudanças na tributação de dividendos previstas para o próximo ano.

Ao distribuir um volume massivo de caixa agora, a Guararapes remunera o acionista e limpa a estrutura corporativa para focar no seu "core business": a operação de varejo de moda e a Midway Financeira. Essa simplificação é vista como essencial para reduzir o desconto de holding que historicamente penalizava os papéis.

Mesmo com a saída de caixa bilionária para os proventos, a saúde financeira permanece intacta. O Bradesco BBI projeta que a alavancagem da companhia se estabilize em torno de 1,0 vez a dívida líquida/EBITDA, um patamar considerado extremamente saudável para o setor de varejo, que costuma operar com margens apertadas.

Retomada da expansão e valuation

Com o balanço saneado e o foco ajustado, a Guararapes abre caminho para uma nova fase de crescimento. O plano estratégico prevê a abertura de 150 a 200 novas lojas, uma expansão que seria difícil de financiar sem a otimização de capital realizada com a venda do shopping.

O Itaú BBA reforça que os termos financeiros da transação superaram as expectativas do mercado. A avaliação é que o papel, negociado a múltiplos de 8,6 vezes o lucro projetado para 2026 antes da operação, torna-se ainda mais atrativo após o ajuste, mantendo um potencial de valorização (upside) relevante até o preço-alvo de R$ 13,00.

O consenso entre as casas de análise, incluindo o BTG Pactual, é de compra. A tese se baseia na combinação de um yield extraordinário no curto prazo com uma melhora nos fundamentos operacionais no médio prazo, sustentada por um valuation que ainda não reflete totalmente a nova eficiência da companhia.

Ibovespa recupera tração com rumor político e exterior favorável

O Ibovespa conseguiu interromper a sangria recente e fechou o pregão desta quinta-feira com uma alta de 0,38%, alcançando os 157.923 pontos.

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Fonte: Google Finance

O movimento de recuperação foi sustentado por um alinhamento positivo com Wall Street, mas o verdadeiro catalisador doméstico foi o ressurgimento da tese de candidatura de Tarcísio de Freitas para 2026, o nome favorito da Faria Lima.

O senador Ciro Nogueira (PP), uma das vozes mais influentes do Centrão, injetou ânimo nas mesas de operação ao declarar que o projeto presidencial de Tarcísio "não está enterrado". A condicional imposta — a viabilidade eleitoral de Flávio Bolsonaro até março — foi lida pelo mercado como uma janela de oportunidade para o retorno de uma pauta mais reformista.

Essa narrativa política ajudou a contrabalancear a cautela trazida pelo Banco Central. A divulgação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI) e as falas do presidente Gabriel Galípolo frustraram quem buscava um "forward guidance" claro. 

Ao afirmar que "agentes buscam dicas onde não há", a autoridade monetária manteve o suspense sobre a decisão de juros para janeiro, perpetuando a volatilidade na curva curta.

No mercado de câmbio, o dólar operou perto da estabilidade, encerrando a R$ 5,5237 (+0,01%). A moeda americana ficou "presa" entre a pressão fiscal doméstica e o alívio global trazido pelos dados de inflação nos EUA, sem força para romper resistências ou buscar novos suportes significativos.

Destaques corporativos: Brava, Vale e Direcional

No campo das ações, a Brava Energia (BRAV3) continua sendo o ativo do momento, engatando sua quinta alta consecutiva. O mercado segue comprando a tese de expansão agressiva (Capex de US$ 550 milhões) e especulando sobre movimentações de M&A com Eneva ou Ecopetrol, ignorando a volatilidade do petróleo no curto prazo.

A Vale (VALE3) atuou como um pilar de sustentação para o índice. O papel foi impulsionado pela revisão do Santander, que elevou o preço-alvo dos ADRs e reiterou a recomendação de compra. A visão de que a mineradora está excessivamente descontada frente aos pares globais atraiu fluxo comprador, blindando o Ibovespa de uma correção maior.

Na ponta oposta, a Direcional (DIRR3) surpreendeu negativamente ao cair mais de 3%. O movimento foi contra-intuitivo, ocorrendo no mesmo dia em que a XP reforçou a recomendação de compra baseada no retorno de capital imediato, evidenciando que o setor de construção civil ainda sofre com a aversão macroeconômica aos juros futuros.

Cenário global: CPI e bancos centrais

Lá fora, o ambiente foi de "risk-on". A divulgação do CPI (inflação ao consumidor) nos Estados Unidos veio dentro do esperado, com o núcleo avançando 0,2% no mês. Isso acalmou os temores de um repique inflacionário e manteve viva a aposta de um pouso suave, impulsionando o Nasdaq a uma alta de 1,38%.

Na Europa, a política monetária ditou o ritmo. O Banco da Inglaterra cortou os juros para 3,75%, enquanto o BCE manteve suas taxas, conforme o script. Essa sincronia de estabilidade nos mercados desenvolvidos favoreceu o fluxo para ativos de risco, permitindo que o Brasil surfasse, ainda que timidamente, na onda positiva global.

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