Bitcoin a US$ 1 milhão? Executivos dobram a aposta de longo prazo em meio à queda

A recente ação de preço do Bitcoin (BTC) pode estar seguindo de perto seu histórico ciclo de quatro anos, ligado ao halving, apesar de muitas previsões de mercado sugerirem que o aumento do interesse institucional rompeu esse padrão.

A análise da empresa de dados on-chain Glassnode indica que o comportamento atual do mercado ecoa padrões de ciclos anteriores e pode estar em um estágio mais avançado do que se supõe.

Fonte: CoinMarketCap

O debate ganha força em um momento de arrefecimento do mercado. Desde que atingiu sua nova máxima histórica de US$ 124.128 no dia 14 de agosto, o principal criptoativo já acumula uma queda de 8,3%, sendo negociado na faixa de US$ 113.940.

A questão central que divide os analistas é se essa retração é um sinal de que o pico do ciclo está próximo, como no passado, ou se a entrada de novos players institucionais criará uma dinâmica de preços totalmente nova.

Os sinais de um mercado em estágio avançado

Segundo a análise da Glassnode, diversos fatores sugerem que o ciclo atual do Bitcoin pode estar em sua fase final. O primeiro e mais importante é o comportamento dos investidores de longo prazo.

A empresa aponta que a realização de lucros por parte desse grupo atingiu um nível "comparável às fases eufóricas passadas". Historicamente, quando os detentores mais antigos começam a vender em grande volume para realizar seus ganhos, isso é um forte indicativo de que o mercado está se aproximando de um topo.

Fonte: Glassnode

O segundo fator é o enfraquecimento da demanda. Os fluxos de capital para o Bitcoin estariam "mostrando sinais de fadiga". Um dado que corrobora essa visão é o desempenho recente dos ETFs de Bitcoin à vista nos Estados Unidos, que registraram saídas líquidas de aproximadamente US$ 975 milhões nos últimos quatro dias de negociação.

A análise também aponta para uma mudança no comportamento dos especuladores, com a desaceleração da demanda por Bitcoin coincidindo com um aumento nas posições em altcoins.

Fonte: Glassnode

Com base nesses padrões, se o Bitcoin continuar a seguir seu comportamento histórico, o pico de preço deste ciclo poderia ser alcançado já em outubro de 2025. A Glassnode observa que, nos ciclos de 2018 e 2022, os topos de mercado foram atingidos apenas dois ou três meses além do ponto em que estamos agora, medido a partir do fundo do ciclo.

Essa projeção é semelhante à de outros analistas de mercado, que, baseando-se no padrão do ciclo de 2020, também apontam para outubro como um provável pico, cerca de 550 dias após o halving de abril de 2024.

A tese contrária: o ciclo de quatro anos está morto?

Apesar dos sinais apontados pela análise on-chain, nem todos no mercado concordam que o Bitcoin ainda segue rigidamente seu ciclo de quatro anos.

Uma corrente crescente de analistas e investidores argumenta que a entrada massiva de novos participantes, como as tesourarias de empresas de capital aberto e os ETFs, alterou fundamentalmente a estrutura do mercado, tornando os padrões passados menos confiáveis.

A tese é de que a demanda vinda desses novos players é grande o suficiente para quebrar os ciclos anteriores, com dados públicos mostrando que as empresas de capital aberto já possuem cerca de US$ 112 bilhões em Bitcoin.

O diretor de investimentos da gestora Bitwise, por sua vez, foi mais enfático, afirmando que o ciclo do Bitcoin "está morto" e que, em vez de um pico em 2025, poderíamos ver um "ano de alta" em 2026. Essa visão se baseia em dois argumentos principais: o impacto do halving diminui a cada ciclo, e o ciclo de juros global está se tornando um fator mais dominante para o preço do Bitcoin do que seus próprios ciclos internos.

Apesar das análises que apontam para um possível pico de mercado no curto prazo com base nos ciclos históricos, uma série de executivos e investidores proeminentes do setor de criptomoedas mantém uma visão otimista para o longo prazo, com previsões de que o Bitcoin atinja a marca de US$ 1 milhão.

Previsões de Bitcoin a US$ 1 milhão ganham força, mas analistas pedem cautela

O CEO da Coinbase, Brian Armstrong, tornou-se o mais recente executivo do setor a prever que o Bitcoin atingirá o preço de US$ 1 milhão até 2030. A previsão foi feita na mesma semana em que Eric Trump fez uma afirmação similar, e segue projeções de longo prazo de outras figuras conhecidas, como a CEO da ARK Invest, Cathie Wood, e o cofundador do Twitter, Jack Dorsey.

Para justificar seu otimismo, o CEO da Coinbase apontou dois fatores principais. O primeiro é a crescente clareza regulatória nos Estados Unidos, que ele descreve como um "termômetro para o restante do G20".

Ele citou a recente aprovação da Lei Genius para stablecoins e um projeto de estrutura de mercado em debate no Senado como marcos importantes. O segundo fator é a existência da Reserva Estratégica de Bitcoin dos EUA, um desenvolvimento que, segundo ele, seria impensável há cinco anos e que representa uma forte validação institucional do ativo.

Fonte: X

No entanto, em meio à volatilidade de curto prazo, que viu o Bitcoin recuar 9% de sua máxima histórica, alguns analistas pedem mais cautela. Um pesquisador da McKay Research sugeriu que os investidores deveriam focar em consolidar os ganhos recentes antes de mirar em alvos tão distantes. "Vamos tentar segurar os 124 mil primeiro, pessoal", afirmou em uma publicação.

Ainda assim, ele reconheceu que as previsões de longo prazo não são infundadas, citando projeções como a do Standard Chartered, que prevê um Bitcoin a US$ 500 mil até 2028.

Uma visão mais crítica sobre a alta do Bitcoin foi apresentada pelo CEO da Galaxy Digital, Mike Novogratz. Ele alertou que, se o preço de US$ 1 milhão for atingido muito cedo, como no próximo ano, isso não seria um sinal de vitória para o ativo, mas sim um indicativo de que a economia dos EUA está em sérios apuros, sugerindo um cenário de forte desvalorização do dólar ou de instabilidade econômica.