Ibovespa fecha em leve baixa em dia de ajuste; dólar sobe a R$ 5,43 com receio sobre inflação

Pedro Augusto Prazeres
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Fonte: DepositPhotos

O Ibovespa encerrou o pregão desta terça-feira (26/8) em queda de 0,18%, aos 137.771,39 pontos, devolvendo uma pequena parte dos ganhos consistentes que havia acumulado nas duas sessões anteriores.

O dia foi de ajuste e de baixa liquidez, com pouco mais de 1 milhão de negócios realizados, refletindo um movimento de cautela dos investidores que também foi observado em Wall Street. A alta nos juros futuros também contribuiu para pressionar o índice.

Fonte: Google Finance

A percepção do mercado é de que os investidores tiraram o pé do acelerador, aguardando os próximos catalisadores, tanto no cenário doméstico quanto no internacional. A semana reserva a divulgação de dados importantes de inflação e do PIB nos Estados Unidos, o que deve ditar o ritmo dos negócios nos próximos dias.

Tensão entre Trump e o Federal Reserve aumenta a cautela em Wall Street

No cenário externo, o principal foco de tensão foi o acirramento do embate entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o Federal Reserve

 Na segunda-feira, Trump demitiu a governadora do Fed, Lisa Cook, sob a alegação de declarações falsas em formulários de hipotecas. A diretora, no entanto, se recusa a abandonar o cargo.

A leitura do mercado, segundo analistas, é de que o motivo real da demissão teria sido político.

Cook vinha sendo uma crítica vocal do impacto inflacionário das tarifas de importação, alertando que a política comercial do governo dificultaria o trabalho do Fed, forçando a manutenção de juros mais altos por mais tempo, uma mensagem que vai na contramão do que o presidente deseja.

Apesar da pressão, o mercado segue projetando um corte de juros pelo Fed na reunião de setembro. Na contramão, Trump afirmou que os números de emprego nos EUA devem disparar com novas contratações, o que, se confirmado, diminuiria a necessidade de um corte de juros.


Fonte: Federal Reserva

Governo brasileiro busca alternativas comerciais e foca na soberania

No Brasil, o governo do presidente Lula segue buscando alternativas para contornar os efeitos das tarifas impostas pelo governo Trump.

Em uma ação que reflete essa nova postura, o governo alterou seu slogan oficial de "União e Reconstrução" para "Do lado do povo brasileiro", reforçando o discurso de soberania.

As ações não são apenas simbólicas. O governo enviou uma grande comitiva ao México, liderada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, para tentar impulsionar as relações comerciais com o país.

Além disso, em reunião ministerial, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que o país está aumentando o diálogo com a China, a Europa e o mundo árabe para abrir novos mercados para os produtos brasileiros.

IPCA-15 apresenta 'deflação enganosa' e acende alerta

No front econômico, a notícia do dia foi a divulgação do IPCA-15, a prévia da inflação de agosto, que mostrou a primeira deflação desde julho de 2023. No entanto, o dado foi recebido com cautela por analistas. A visão de casas de análise como a XP e o Itaú BBA é de que a deflação foi "enganosa".

Apesar da queda no índice geral, a análise dos componentes mostrou uma deterioração na margem, com uma reaceleração nos preços de serviços, o que interrompe a tendência de queda vista nos últimos meses e reforça a percepção de que o mercado de trabalho aquecido está gerando uma pressão altista sobre a inflação.

Outro dado negativo do dia foi o déficit em conta corrente do Brasil, que veio maior do que o esperado em julho.

Desempenho dos setores: Vale sobe com minério, bancos ficam mistos e Petrobras cai

O desempenho das principais ações do Ibovespa foi misto nesta terça-feira. A Vale (VALE3) conseguiu se descolar do sentimento negativo e subiu 0,89%, atingindo a máxima do dia, mesmo com a queda do preço do minério de ferro na China.

Outras empresas com bom desempenho foram a Embraer (EMBR3), com alta de 0,99%, e a Ambev (ABEV3), que avançou 0,50% e foi a ação mais negociada do dia.

Os bancos, que sofreram fortes perdas na semana passada, tiveram um dia de recuperação parcial. O Banco do Brasil (BBAS3) subiu 1,65% e o Santander (SANB11) ganhou 0,66%.

Já o Bradesco (BBDC4) e o Itaú Unibanco (ITUB4) fecharam em queda de 0,24% e 0,67%, respectivamente. A Petrobras (PETR4) também perdeu terreno, com um recuo de 0,72%, em um dia de forte baixa do petróleo no mercado internacional.

Fonte: Suno

Dólar sobe no Brasil na contramão do exterior com dados de inflação

O dólar à vista fechou em alta de 0,36%, a R$ 5,4339, nesta terça-feira. O movimento da moeda no Brasil ocorreu na contramão do cenário externo, onde o dólar perdia força.

O índice DXY, que mede o desempenho da moeda americana contra uma cesta de seis divisas fortes, registrava queda de 0,21%, pressionado pela instabilidade política gerada após o presidente Donald Trump demitir uma diretora do Federal Reserve.

Fonte: Google Finance

A alta do dólar no mercado doméstico foi impulsionada pela reação negativa dos investidores aos dados do IPCA-15 de agosto. Embora o índice geral tenha registrado uma deflação de 0,14%, a primeira em dois anos, uma análise mais aprofundada dos números revelou um cenário mais pessimista para a inflação no país.

Segundo economistas, a queda foi puxada por um evento pontual e não recorrente, o Bônus de Itaipu nas contas de energia, e não reflete uma melhora estrutural dos preços.

A principal preocupação do mercado veio da reaceleração dos preços no setor de serviços, uma categoria acompanhada de perto pelo Banco Central.

A percepção de que a inflação subjacente continua pressionada levou os investidores a venderem a moeda brasileira e a comprarem dólares como sinal de desconfiança na capacidade do país de controlar a alta dos preços.

A cotação, que chegou a cair na abertura do pregão, virou para a alta ao longo do dia, atingindo a máxima de R$ 5,44928.

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