O BCE alerta que os mercados globais estão em situação delicada, com as grandes empresas de tecnologia representando 31,1% do valor total do S&P 500, enquanto geram apenas 20,8% dos lucros do índice. Essa discrepância está causando alarme dentro do banco central europeu, segundo o Relatório de Estabilidade Financeira divulgado nesta quarta-feira.
O banco afirmou que os riscos para a estabilidade financeira em toda a zona do euro estão agora elevados, com preços de ativos sobrevalorizados, possibilidade de vendas repentinas e finanças públicas frágeis em algumas partes da Europa, o que pode testar a confiança dos investidores.
O relatório afirmou que o humor do mercado pode mudar rapidamente se o crescimento enfraquecer ou se as notícias sobre a adoção da IA forem decepcionantes. Acrescentou ainda que a preocupação com a elevada dívida pública em várias economias avançadas pode pressionar os mercados globais de títulos, impulsionar a fuga de capitais através das fronteiras em alta velocidade e afetar as moedas sem aviso prévio.
O BCE afirmou que esses riscos agora se somam às avaliações de mercado recordes, ao aumento do endividamento público e à pressão comercial não resolvida, já sinalizada por banqueiros centrais e reguladores em todo o mundo.
O BCE afirmou que a valorização das ações impulsionada pela IA chamou a atenção de autoridades preocupadas com a rapidez com que os preços poderiam cair caso o sentimento do mercado se inverta. O banco central disse que os investidores começaram a questionar o tamanho real dos gastos com essa tecnologia.
Essa dúvida já afetou as ações, com o índice S&P 500 caminhando agora para sua primeira queda mensal desde abril.
O BCE afirmou que as avaliações persistentemente elevadas e a crescente concentração de mercado aumentam a probabilidade de quedas repentinas nos preços. Luis de Guindos, vice-presidente do BCE dent disse que o cenário atual não é o mesmo da crise das empresas de tecnologia do final da década de 1990.
“Isso não édentà bolha das empresas ponto-com”, disse Luis em uma coletiva de imprensa. Ele afirmou que as empresas hoje têm “planos de negócios muito claros” e altas receitas. “Podemos ter dúvidas sobre as avaliações, mas dizer que existe uma bolha não representa a perspectiva real que temos sobre isso”, concluiu.
O relatório também afirmou que as lacunas de liquidez em fundos abertos, a alta alavancagem em alguns fundos de hedge e a pouca clareza dentro dos mercados privados podem intensificar qualquer futura tensão no mercado.
Em relação à dívida pública, o BCE afirmou que qualquer reavaliação do risco soberano seria agora mais difícil de absorver do que no passado, devido a uma lenta mudança na base de investidores em direção a compradores sensíveis aos preços.
O BCE afirmou que o foco recente em relação aos riscos também se voltou para a França, onde as tendências fiscais estão se enfraquecendo. A segunda maior economia da zona do euro está com dificuldades para controlar seu defiorçamentário e seu endividamento, segundo o relatório.
O banco também abordou a política comercial. Afirmou que, embora alguns acordos estejam em vigor, as preocupações com o futuro e o impacto econômico e financeiro de longo prazo das tarifas continuam a moldar a estabilidade financeira em toda a zona do euro.
Luis afirmou que os indicadores de incerteza comercial diminuíram desde abril. "Os indicadores de incerteza da política comercial caíram consideravelmente em relação aos picos de abril", disse ele. "Mas a incerteza persiste, com potencial para novos aumentos."
O BCE deixou claro que os mercados de criptomoedas e de ações estão agora entre os principais riscos para a estabilidade financeira a curto prazo.
Álvaro Santos Pereira, membro do Conselho de Governadores do BCE e governador do Banco de Portugal, afirmou que uma queda acentuada nos mercados financeiros e nas criptomoedas estaria entre as ameaças mais sérias a curto prazo.
Ele afirmou que os bancos centrais devem manter margem de manobra para agir caso ocorra outro choque. "A estabilidade de preços é uma prioridade", disse Álvaro. "Caso haja outro choque ou crise, os bancos centrais devem ter reservas para agir de forma decisiva, reduzindo as taxas de juros e auxiliando a economia", acrescentou, afirmando ainda que "a política monetária é apropriada neste momento".
Seus comentários vieram após uma semana difícil para os mercados. O S&P 500 está perto de registrar sua maior queda desde abril. Os rendimentos dos títulos do Tesouro caíram. As criptomoedas recuaram, acompanhando outros ativos de risco. Os mercados encontraram algum equilíbrio na sexta-feira, depois que um membro do Federal Reserve afirmou que outro corte na taxa de juros ainda é possível.
Em declarações feitas na Cúpula Internacional da CNN Portugal, em Alcobaça, Álvaro afirmou que a sobrevalorização das ações americanas e das criptomoedas representa agora uma grande ameaça a curto prazo, juntamente com as tensões comerciais e a incerteza geopolítica.
“A questão é se poderá haver uma correção nesses mercados financeiros”, disse ele, apontando para gráficos traca alta das ações americanas e das criptomoedas. “Precisamos ter esse risco de curto prazo em mente.”
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