A tentativa da Rússia de convencer outros países do BRICS a abandonar o dólar em favor da construção de seu próprio sistema de liquidação enfrenta alguns desafios.
Apesar da falta de progresso no desenvolvimento do mecanismo alternativo, Moscou insiste que os membros da organização já estão usando moedas nacionais “confiáveis” em suas transações.
O estabelecimento de um sistema BRICS para a resolução de transações transfronteiriças está sendo dificultado pela adesão de alguns participantes em potencial ao dólar americano.
A conclusão foi apresentada pelo Ministro das Finanças russo, Anton Siluanov, em um fórum na Universidade Financeira, uma das principais instituições de ensino da Rússia na área de economia.
Este sistema só funciona até o momento em que os Estados Unidos impuserem restrições, alertou o funcionário russo durante sua participação no evento.
Ele destacou que as economias emergentes do grupo já começaram a acertar as contas diretamente para se protegerem de fatores externos.
Nesse sentido, o lançamento de um sistema para acordos internacionais no BRICS é um tema importante, acrescentou Siluanov. Essa foi uma das principais prioridades da presidência russa no ano passado.
Citado pela agência de notícias Interfax na terça-feira, o chefe do Ministério das Finanças da Rússia (Minfin) explicou:
“A criação de um sistema de liquidação transfronteiriça no âmbito dos BRICS é um tema bastante complexo, pois nem todos estão preparados para participar. Muitos se contentam com liquidações em dólares até que haja restrições.”
E quando tais medidas forem impostas, a demanda por uma plataforma proprietária para liquidações aumentará, previu Anton Siluanov.
Apesar da falta de progresso nessa direção, os acordos do BRICS são, no entanto, “realizados em moedas confiáveis e com infraestrutura segura”, assegurou o ministro russo.
“Se o dólar estiver instável agora, não o utilizaremos. Observaremos e analisaremos o que acontece a seguir, mas com nossos principais parceiros comerciais – os BRICS – liquidamos as transações diretamente em moedas nacionais”, explicou, ressaltando ainda:
“Não temos como objetivo a desdolarização, mas sim garantir liquidações estáveis. Se o dólar se provar uma moeda que pode ser descartada para fins de liquidação de uma só vez, que confiança poderíamos ter?”
Siluanov também sugeriu que, além das moedas fiduciárias nacionais, as tecnologias modernas, incluindo soluções fintech e criptomoedas, também podem servir como instrumentos para garantir a liquidação no comércio exterior, lembrando que a Rússia já possui a legislação necessária para isso.
Diante das rígidas sanções ocidentais impostas devido à invasão da Ucrânia, a Federação Russa introduziu este ano um "regime jurídico experimental" (RJE), permitindo que empresas de importação e exportação utilizem criptomoedas em pagamentos com parceiros no exterior.
O acordo especial ajuda as empresas russas a contornar as restrições que afetam os canais financeiros tradicionais. Moscou tem tomado medidas para regulamentar as transações com criptomoedas além do ELR.
As declarações de Siluanov surgem depois de odent da Bielorrússia, um país parceiro dos BRICS e o aliado mais próximo da Rússia, ter falado sobre criptomoedas como uma forma de diminuir o domínio das moedas fiduciárias americanas.
Em declarações feitas no início deste mês, Alexander Lukashenko destacou os esforços globais de desdolarização, conforme noticiado pelo Cryptopolitan.
Enquanto isso, o Irã, que aderiu ao BRICS em 2024, instou os membros da organização intergovernamental a utilizarem criptomoedas em suas transações.
Teerã também sugeriu a adoção de uma criptomoeda comum na Organização de Cooperação de Xangai (OCX), outro conjunto de nações visto como uma alternativa aos formatos regionais e globais estabelecidos.
Ganhe US$ 50 grátis para negociar criptomoedas ao se inscrever no Bybit agora