A Alibaba reportou um crescimento de 34% em sua unidade de nuvem no trimestre encerrado em setembro, elevando a receita total em 5%, para 247,8 bilhões de yuans (US$ 35 bilhões), apesar de uma queda acentuada no lucro para 20,99 bilhões de yuans, de acordo com o relatório de resultados.
O aumento expressivo no uso da nuvem veio da plataforma Qwen, que a empresa colocou na vanguarda de sua campanha de IA. Mas os lucros foram afetados, já que o Alibaba investiu pesado em descontos para o consumidor, novos data centers e desenvolvimento de IA.
As vendas de comércio eletrônico da empresa na China aumentaram 16%, mostrando que ela ainda está na disputa com a JD.com e a Meituan.
Essa divisão ajudou a estabilizar os números gerais, mesmo com a despesa de marketing tendo mais que dobrado. Os investidores reagiram rapidamente, com as ações da Alibaba listadas nos EUA subindo mais de 2% nas negociações pré-mercado.
Eddie Wu, o CEO, disse aos analistas na terça-feira que a empresa não está preocupada com os alertas de excesso de investimento.
“Olhando para os próximos três anos, não vemos realmente muitos problemas em termos da chamada bolha da IA”, disse Eddie.
Essa visão o coloca em desacordo com seu próprio presidente, Joe Tsai, que, em março, alertou que empresas como Amazon, Meta e Microsoft estavam produzindo mais do que a demanda justificava. As ações dessas três empresas sofreram uma forte queda recentemente, à medida que as dúvidas sobre o retorno do investimento em IA se intensificam.
Mas Eddie está a todo vapor. Ele confirmou que a Alibaba continuará investindo para construir "agressivamente" infraestrutura e modelos de negócios, incluindo semicondutores de fabricação própria, para contornar as proibições de chips nos EUA. Esse esforço está sendo liderado pela T-Head, sua divisão interna de chips, que agora busca competir com a Huawei.
Esse não é um plano barato. O Alibaba se comprometeu a investir 380 bilhões de yuans ao longo de três anos — muito acima dos recentes US$ 1,8 bilhão em despesas de capital relacionadas à IA da Tencent. Mesmo com a desaceleração das ações globais de IA, empresas chinesas como o Alibaba evitaram os piores prejuízos porque seus gastos ainda não são tão exorbitantes... por enquanto.
Mas o Alibaba agora está muito à frente da concorrência. Eddie disse que a empresa está correndo para acompanhar a demanda, e não apenas construindo para gerar expectativa. "Nossa infraestrutura de servidores na Alibaba Cloud está seriamente atrasada em relação à taxa de crescimento dos pedidos dos clientes. Nossa carteira de pedidos continua a aumentar", afirmou .
A Alibaba relançou o aplicativo móvel Qwen no início deste mês. O produto atraiu 10 milhões de usuários em apenas quatro dias, tornando-se um dos lançamentos de IA mais rápidos da China. O aplicativo foi projetado para evoluir para um agente de IA completo, capaz de realizar tarefas como compras no Taobao, reservas de viagens, gerenciamento de educação e fornecimento de ferramentas de mapas.
Este lançamento ocorre em um mercado concorrido. O Doubao, da ByteDance, já atingiu 172 milhões de usuários ativos mensais, enquanto o Yuanbao, da Tencent, está aproveitando a infraestrutura do WeChat e se preparando para incorporar uma camada de IA ao aplicativo.
Nenhum desses aplicativos, incluindo o Qwen, está gerando receita diretamente, e não há indícios de que os usuários chineses queiram pagar por assinaturas.
Mesmo assim, com a OpenAI e o Google banidos na China, o Alibaba só compete com empresas nacionais. Mas a situação do fornecimento de chips é apertada.
Devido às restrições dos EUA, as GPUs mais avançadas da Nvidia estão fora de alcance. As opções locais são limitadas, mas a Alibaba e a Huawei estão trabalhando nisso.
Entretanto, a empresa observa sinais de recuperação nos gastos locais, especialmente no comércio rápido, que consiste na entrega rápida de alimentos e mercadorias. Os executivos afirmaram que pretendem aumentar o valor bruto de mercadorias no comércio rápido para 1 trilhão de yuans em três anos.
Esse tráfego de consumidores ajuda a alimentar as outras plataformas do Alibaba.
Mas manter os custos baixos enquanto se busca o crescimento tanto na computação em nuvem quanto na tecnologia de consumo será o principal ponto de atenção dos investidores. A aposta de Eddie é que a IA trará retorno, desde que a infraestrutura não entre em colapso sob o peso da demanda.
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