A febre especulativa que tomou conta de Wall Street nos últimos sete meses finalmente está perdendo força. Não, o mercado não entrou em colapso esta semana, mas para quem investiu em ações de inteligência artificial, ETFs alavancados ou criptomoedas, a sensação foi de que o chão cedeu.
Operações superestimadas foram prejudicadas, apostas com alavancagem excessiva evaporaram e as palavras da moda favoritas de Wall Street, IA e criptomoedas, não estão rendendo como antes.
Esta semana, as ações de tecnologia sofreram suas piores perdas desde abril. Gigantes como Palantir e Oracle foram duramente atingidas, arrastando para baixo os setores de alto risco nos quais investidores de varejo e institucionais vinham se divertindo, como ações de memes e ETFs com alavancagem quântica.
Bitcoin, que vinha apresentando uma valorização constante, caiu drasticamente novamente em direção à marca de US$ 100.000, com o desaparecimento de grandes compradores. Isso ocorreu após semanas de liquidação agressiva que deixou um rastro de destruição nos mercados de criptomoedas. Confiança? Destruída.
Não se trata de um dia ruim isolado. É uma fissura em todo o sistema de "apetite ao risco". Os profissionais de Wall Street já vinham alertando que as avaliações de empresas de IA estavam se tornando absurdas. Esse alerta agora se transformou em um sinal vermelho piscante. A Palantir, uma das empresas de IA mais badaladas, caiu 8% mesmo após apresentar resultados sólidos.
Por quê? Porque sua relação preço/lucro está na casa das centenas. De acordo com Peter Atwater, professor de economia comportamental da William & Mary, “Ela se situa no mesmo patamar que a inteligência artificial, as criptomoedas… Todas essas são favoritas do público. Portanto, este é um fenômeno de massa.”
Ele não está errado. Os sinais estão por toda parte. Um ETF vinculado à Meta caiu 8,5% esta semana. Um produto com forte presença da Palantir despencou 22%.
Um ETF no estilo da Strategy Inc. caiu mais de 20%. Operações ligadas à Super Micro Computer e à computação quântica? Também entraram em colapso. As operações que antes se moviam em sincronia, antes inseparáveis, agora estão se desintegrando.
As ações do grupo das "Sete Magníficas", a elite das empresas de tecnologia, caíram 3% devido a questionamentos sobre seus investimentos em infraestrutura de IA. Uma declaração preocupante veio do diretor financeiro da OpenAI, que afirmou que o governo americano poderia ter que "garantir" o financiamento da IA.
Só essa frase já incomodou muita gente que gosta de correr riscos. Atwater acrescentou: "Tem havido um viés negativo evidente no que as pessoas dizem sobre IA... o escrutínio deve se intensificar."
Mas em nenhum lugar a dor é mais evidente do que no mercado de criptomoedas. Na última semana, mais de US$ 700 milhões fugiram dos ETFs de criptomoedas. O ETF Bitcoin da BlackRock, sozinho, perdeu quase US$ 600 milhões. Seu ETF de Ether perdeu outros US$ 370 milhões. Os produtos Solana e Dogecoin registraram quedas de dois dígitos.
O novíssimo ETF MEME, criado para traco sentimento do varejo, já caiu 20% apenas um mês após o lançamento. Até mesmo o clima em torno de ações de memes, novos IPOs e empresas de tecnologia não lucrativas está se dissipando; alguns ETFs desse segmento caíram de 5% a 7% somente nesta semana.
Stephen Kolano, CIO da Integrated Partners, afirmou categoricamente: "A realização de lucros vem dos setores que mais valorizaram desde o início de abril, como a inteligência artificial e tudo o que está relacionado a ela, o que explica a pressão no mercado de criptomoedas."
E não se trata apenas de sentimento. A queda nas criptomoedas está afetando o risco do varejo em geral. O boom da Robinhood, os ativos tokenizados, os mercados de previsão, tudo isso estava ajudando a manter a alta de Wall Street em 2025, mesmo com problemas trabalhistas e rumores sobre tarifas. Mas agora, com o acúmulo de operações perdedoras e a fuga de capital dos setores mais arriscados, há menos combustível. A liquidez está secando onde mais importa.
Ainda assim, não se trata de um colapso total. O S&P 500 caiu apenas 2% em relação ao seu pico recente. Mas aqueles que se acostumaram com a ideia de que "tudo sobe" estão aprendendo da pior maneira: o timing volta a ser crucial. E a alavancagem? Ela tem dois lados.
A preocupação mais profunda? A queda de 15% Bitcoinno último mês não se resume apenas ao preço. Analistas de Wall Street agora a enxergam como um sinal de dificuldades generalizadas no setor de tecnologia. Um dos maiores alertas vem do Citi, que relatou que o número de "baleias", grandes investidores de longo prazo, está diminuindo. Essas baleias costumam manter suas posições durante períodos de turbulência. Mas não desta vez.
“Bitcoin tem uma capacidade incrível de antecipar tendências”, disse Eric Balchunas, da Bloomberg Intelligence. “Ele está sempre sendo negociado, então há muitas chances de ser um instrumento de descoberta de preços. Está sempre aberto, como uma loja de conveniência.”
E essa reversão dói ainda mais porque aconteceu justamente quando as criptomoedas estavam em alta. A valorização prevista para 2025 foi impulsionada pelo plano de Trump de transformar os EUA em um polo cripto.
Mas, desde outubro, a capitalização total do mercado de criptomoedas perdeu quase 20%, eliminando a maior parte dos ganhos do ano. Para aqueles que acreditavam que a clareza regulatória traria a próxima alta, a velocidade dessa queda foi brutal.
“Simplesmente não há capital novo suficiente para compensar a saída dos investidores locais”, escreveu Ilan Solot, da Marex. “Muitos no setor não aguentam mais um ciclo de criptomoedas — já tiveram o suficiente, tanto financeira quanto emocionalmente… Para que a tendência de alta seja retomada, as baleias precisam parar de vender. Estabilizar os fluxos de ETFs também ajudaria.”
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