A Safaricom, maior empresa de telecomunicações do Quênia, teria bloqueado o acesso ao Telegram Messenger, interrompendo os serviços para milhares de usuários no dia em que começaram os exames nacionais.
Segundo diversas fontes de notícias locais, usuários da rede de fibra óptica residencial e de dados móveis da Safaricom relataramdentde inacessibilidade ao aplicativo e à plataforma web do Telegram por volta das 10h30 da manhã, horário local, na segunda-feira.
Os serviços foram restabelecidos mais de três horas depois, de acordo com as investigações da Cryptopolitan.
O Conselho Nacional de Exames do Quênia (KNEC) tem buscado maneiras de reduzir os vazamentos de informações dos exames facilitados por canais digitais não monitorados, principalmente no Telegram e no WhatsApp.
De acordo com o relatório de monitoramento de fraudes divulgado em agosto pelo principal conselho de exames do Quênia, 18 dos 51 canais ativos do Telegram foram sinalizados por supostamente divulgarem provas do KCSE (Certificado de Conclusão do Ensino Médio do Quênia) e do KASNEB (Conselho Nacional de Exames de Contadores e Secretários do Quênia).
O portal de notícias Nation Africa informou no final de outubro que 123 professores e 10 alunos dent presos por irregularidades em exames nos últimos 12 meses.
“Neste momento, o problema já não se limita aosdent, mas também aos responsáveis”, declarou um alto funcionário do KNEC aos jornalistas. O KNEC acredita que diretores e professores estão envolvidos em corrupção relacionada a exames numa proporção que excede o número dedentenvolvidos em fraudes.
De acordo com os relatórios da Fundação Open Observatory of Network Interference (OONI), interrupções semelhantes do Telegram ocorreram durante os períodos de exames KCSE de 2023 e 2024, afetando usuários das redes Safaricom, Airtel e da estatal Jambonet.
O relatório da OONI também mencionou que os endpoints de aplicativos na Jambonet eram restringidos por meio de limitações em nível de IP, além de timeouts de conexão mesmo fora do horário de testes.
A Safaricom ou a Autoridade de Comunicações (CA) não emitiram nenhum comunicado oficial para explicar ou confirmar as recentes interrupções, que levaram os internautas a acreditar que a falha faz parte das operações de segurança do KCSE.
“Temos que bloquear o Telegram sempre que há exames nacionais, especialmente o KCSE. Deve haver maneiras melhores de controlar os vazamentos nessa plataforma do que bloquear outros usuários que não têm nada a ver com os exames!” reclamou um usuário do Telegram.
Esta é a segunda vez que o aplicativo Telegram é bloqueado por provedores de internet locais, após uma interrupção na conectividade em todo o país em 25 de junho, durante os protestos em massa de quenianos contra o aumento de impostos proposto pelo governo, considerados as maiores manifestações da história do país.
Conforme relatado pelo Cryptopolitan, grupos de monitoramento de redes e organizações de direitos digitais classificaram as interrupções como uma tentativa deliberada de limitar os serviços de internet nas plataformas Telegram e X.
Em resposta a essesdent, a Comissão de Direitos Humanos do Quênia (KHRC) alertou as operadoras de telecomunicações Safaricom, Airtel Kenya e Telkom Kenya de que uma ordem judicial proíbe qualquer tipo de interrupção da internet durante manifestações públicas.
Segundo a KHRC, a ordem partiu do juiz Bahati Mwamuye, que a concedeu após uma petição apresentada pela Comissão Internacional de Juristas (CIJ) e outros grupos da sociedade civil durante o apagão nacional da internet de 2024.
A comissão alertou os provedores de serviços de telecomunicações que qualquer tentativa de limitar, reduzir ou bloquear o acesso dos quenianos às redes sociais pela internet será considerada desacato ao tribunal e estará sujeita a consequências legais.
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