SEC adia ETFs de cripto em meio a debate sobre Trump; MicroStrategy compra mais 430 bitcoins

A Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos, a SEC, adiou a decisão sobre a aprovação de um fundo de índice (ETF) de criptomoedas proposto pela Truth Social, a plataforma de mídia social operada pela Trump Media & Technology Group.
Em um documento divulgado nesta segunda-feira (18/8), a agência reguladora marcou o dia 8 de outubro como o novo prazo para deliberar sobre o ETF de Bitcoin e Ethereum da empresa.
Fonte: TMTG
Embora o adiamento seja um procedimento de rotina, dado o grande número de propostas de ETFs de criptoativos em análise, o caso específico da Truth Social intensifica o debate sobre os potenciais conflitos de interesse do presidente Donald Trump.
A profunda exposição financeira do presidente e de sua família ao setor de ativos digitais tem gerado questionamentos sobre a independência de agências reguladoras que precisam tomar decisões que podem beneficiar diretamente os negócios presidenciais.
O adiamento e a justificativa da agência reguladora
O adiamento do ETF da Truth Social não foi um evento isolado. Na mesma segunda-feira, a SEC também publicou adiamentos para outras propostas, incluindo os ETFs de Litecoin (LTC) e XRP (XRP) da CoinShares, o ETF de XRP da 21Shares, os fundos de XRP da Canary e da Grayscale, e uma proposta para permitir a prática de staking no ETF de Ethereum da 21Shares. Para todos esses casos, os novos prazos foram jogados para o final de outubro.
No documento referente ao fundo da Truth Social, a justificativa da agência para o adiamento foi a padrão para esses casos.
A SEC afirmou que "considera apropriado designar um período mais longo para tomar uma decisão sobre a mudança de regra proposta, para que tenha tempo suficiente para considerar a proposta e as questões levantadas nela". Esse tipo de adiamento é uma ferramenta comum usada pela agência para gerenciar o fluxo de dezenas de pedidos de ETFs de criptoativos que aguardam uma análise.
A proposta do ETF da Truth Social, apresentada pela primeira vez em junho, tornou-se um para-raios para as críticas sobre os negócios do presidente. Até o momento, a proposta recebeu um comentário público, pedindo que a agência negue a aprovação justamente por causa do envolvimento de Donald Trump com o mercado de criptomoedas.
Nos últimos anos, a família Trump acumulou ganhos de milhões de dólares com empreendimentos no setor, que incluem o projeto de finanças descentralizadas (DeFi) e stablecoin da World Liberty Financial, além dos lançamentos das memecoins TRUMP e MELANIA. Essa exposição financeira direta a um mercado altamente regulado é a fonte das preocupações sobre conflito de interesse.
Críticas de organizações de vigilância governamental
A questão foi destacada pela Accountable.US, uma organização sem fins lucrativos focada em fiscalizar a conduta de funcionários do governo.
A presidente da organização, Caroline Ciccone, afirmou que uma eventual aprovação do ETF pela SEC colocaria em dúvida a integridade da agência e poderia minar a confiança nos mercados.
Segundo ela, a comissão teria que responder a perguntas difíceis: "Eles aprovaram a regra porque é a coisa certa para o país? Ou o fizeram porque isso beneficiará os negócios do presidente?".
A crítica central é que a decisão da agência, qualquer que seja, será vista através de uma lente política, com o potencial de ser percebida como uma decisão tomada para favorecer os interesses financeiros do presidente, em vez de ser baseada em méritos técnicos para a proteção dos investidores.
A mudança na postura da SEC sob a nova administração
Todo esse debate ocorre em um contexto de notável mudança na postura da SEC em relação aos ETFs de criptoativos desde que Trump assumiu o cargo. Em julho, a agência, sob nova liderança, votou para aprovar ordens que permitem a criação e o resgate "in-kind" para ETFs de cripto, um mecanismo operacional crucial para a eficiência desses fundos.
A agência também passou a permitir pedidos para a listagem de ETFs de Bitcoin e Ethereum à vista, bem como opções sobre esses produtos.
Essa postura mais favorável contrasta com a da administração anterior, de Joe Biden, quando a SEC aprovou os primeiros ETFs de Bitcoin e, posteriormente, de Ethereum, apenas após uma decisão judicial fundamental que forçou a agência a reavaliar sua posição.
A mudança de abordagem da SEC sob o novo governo é vista por alguns como um avanço para a integração dos criptoativos ao mercado tradicional, mas por críticos, como a fonte de preocupações adicionais sobre a influência política em decisões regulatórias.
MicroStrategy compra mais 430 bitcoins
Enquanto o debate regulatório e político sobre os criptoativos continua em Washington, a maior detentora de Bitcoin (BTC) entre as empresas de capital aberto demonstrou mais uma vez sua estratégia de longo prazo, anunciando uma nova compra de Bitcoin.
A MicroStrategy, anunciou nesta segunda-feira a compra de mais 430 bitcoins por US$ 51,4 milhões. Com a nova aquisição, a empresa agora possui um total de 629.376 BTC. O preço médio pago nesta última rodada de compras foi de US$ 119.666 por bitcoin, dando continuidade à sua campanha de acumulação financiada pelo mercado de capitais.
A compra foi financiada com os recursos da venda de diferentes séries de suas ações preferenciais perpétuas. O cofundador e presidente executivo, Michael Saylor, informou que, até 18 de agosto, a reserva total da empresa está avaliada em aproximadamente US$ 72,4 bilhões, com um ganho não realizado ("no papel") de cerca de US$ 26,2 bilhões.
O total de bitcoins em posse da MicroStrategy se aproxima agora de 3% da oferta máxima de 21 milhões de unidades da criptomoeda.
A nova aquisição segue a tendência de outras empresas de capital aberto que também estão adicionando bitcoin a suas tesourarias, como as mineradoras MARA e Riot, e novos participantes como a Trump Media.
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