ETH rompe US$ 4.000, BlackRock descarta XRP ETF e Saylor prevê migração do ouro para Bitcoin

O mercado de Ethereum viveu um dia de fortes emoções nesta sexta-feira (8/8). A criptomoeda rompeu a barreira dos US$ 4.000 pela primeira vez em meses, mas a euforia foi acompanhada por movimentações atípicas que despertaram atenção de traders e analistas.

Dados da Arkham Intelligence mostram que a Binance transferiu dezenas de milhares de ETH para a Wintermute, uma das principais empresas de market making do setor, poucas horas após a alta.

Fluxo intenso de ETH para a Wintermute

Segundo os registros on-chain, as transferências começaram de forma gradual, com lotes entre 250 e 500 ETH por transação, mas rapidamente escalaram para movimentações muito maiores. Uma delas chegou a ultrapassar 3.000 ETH, equivalentes a mais de US$ 12 milhões aos preços atuais.

No total, em menos de sete horas, os envios da Binance para endereços associados à Wintermute ultrapassaram dezenas de milhares de ETH, com parte dos fundos seguindo para contas em corretoras como Bybit, Kraken e Gate, além de carteiras próprias da empresa.

A coincidência temporal com a alta do Ethereum — de cerca de US$ 3.800 para US$ 4.055 — chamou a atenção, especialmente porque o rali perdeu força logo após o início das saídas. Esse padrão, segundo especialistas, costuma indicar preparação para operações de alto volume, que podem tanto adicionar liquidez quanto provocar pressão vendedora.

Fonte: TradingView

Impacto no preço e perspectivas

Mesmo após as movimentações, o Ethereum manteve-se acima de US$ 4.030, acumulando alta de 4,33% nas últimas 24 horas e um volume de negociação de US$ 46,86 bilhões. A volatilidade, no entanto, aumentou, e a próxima sessão será decisiva para definir se o patamar de US$ 4.000 atuará como suporte ou como um topo temporário.

A interpretação das transações divide opiniões:

• Se o objetivo for liquidez, a manutenção da alta é mais provável.
  

• Se for venda direta, o ativo pode sofrer pressão de curto prazo.

Além disso, o movimento ocorreu no mesmo período em que a SharpLink anunciou ter captado US$ 200 milhões para ampliar seu tesouro em Ethereum para mais de US$ 2 bilhões, reforçando o debate sobre a força institucional no mercado.

BlackRock descarta ETF de XRP e Solana, mesmo após fim do processo da Ripple

A vitória da Ripple contra a SEC nesta semana reacendeu expectativas de que grandes gestoras pudessem avançar com ETFs baseados no token XRP. No entanto, a BlackRock — maior gestora de ativos do mundo — surpreendeu o mercado ao confirmar que não tem planos para lançar fundos de índice de XRP ou Solana no momento.

Decisão após clareza regulatória

O anúncio foi feito à imprensa na sexta-feira, um dia depois do acordo que encerrou o processo iniciado pela SEC em 2020. A decisão frustrou parte do mercado, já que muitos esperavam que a BlackRock aguardasse justamente o fim da incerteza jurídica para apresentar seu pedido à reguladora norte-americana.

Atualmente, a gestora mantém ETFs de Bitcoin e Ethereum, mas indicou que não pretende expandir sua lista de criptoativos no curto prazo. A postura conservadora foi criticada por analistas que alertam para o risco de perder espaço para concorrentes que já protocolaram pedidos de ETF de XRP, como ProShares, 21Shares, Canary e Bitwise.

Fonte: X

Reações e críticas

Nate Geraci, presidente da NovaDius Wealth, afirmou que a decisão pode ser vista como um erro estratégico no futuro. Ele destacou que o mercado de ETFs de criptomoedas é “altamente dinâmico” e que a ausência da BlackRock em novas frentes pode abrir espaço para rivais.

Outros analistas, como Eric Balchunas, da Bloomberg Intelligence, questionaram até onde iria a expansão de ETFs caso ativos como o XRP fossem incluídos. Ele citou Solana e Tron como possíveis candidatos, reforçando a discussão sobre critérios de seleção.

Na comunidade cripto, as reações foram divididas. Alguns sugerem que a gestora não vê demanda suficiente de clientes para produtos ligados ao XRP, enquanto outros ressaltam que o ativo apresenta histórico e métricas superiores a várias criptomoedas já cogitadas para ETFs.

Fonte: X

Dados que sustentam o argumento pró-XRP

Defensores do ativo lembram que o XRPL está ativo há mais de duas vezes o tempo de existência de Solana e Tron. Além disso, o XRP mantém-se consistentemente no top 10 por valor de mercado desde o seu lançamento, resistindo até mesmo a cinco anos de disputas com o governo dos EUA.

Para esses investidores, a postura da BlackRock vai contra um movimento natural de diversificação que poderia consolidar sua liderança no segmento.

Michael Saylor vê tarifas sobre o ouro como catalisador para migração de capital ao Bitcoin

O cofundador da MicroStrategy, Michael Saylor, voltou a defender o Bitcoin como o melhor ativo para preservação de valor, desta vez relacionando sua tese aos rumores de que os Estados Unidos podem impor tarifas sobre importações de ouro.

Em entrevista à Bloomberg, Saylor afirmou que, caso confirmada, a medida poderia acelerar a saída de capital do ouro físico para o Bitcoin, ativo que ele classifica como “ouro digital”.

Vantagens do Bitcoin sobre o ouro físico

Segundo Saylor, ao contrário do metal precioso, o Bitcoin não pode ser taxado por barreiras alfandegárias, pois não existe em forma física e “vive no ciberespaço”. Para ele, essa característica elimina riscos de transporte e custos logísticos, tornando o ativo mais atrativo em um cenário de restrições comerciais.

O executivo também destacou que o BTC é “leve, rápido e líquido”, podendo ser transferido globalmente em minutos, enquanto o ouro é “pesado, lento e caro” para movimentar. Essa diferença, segundo ele, pode levar grandes investidores a repensar sua alocação em reservas de valor.

Saylor acredita que a imposição de tarifas poderia servir como gatilho para uma nova onda de adoção institucional do Bitcoin, já que empresas e fundos buscariam alternativas menos burocráticas e mais seguras para armazenar riqueza.

Sua análise ecoa previsões recentes do trader veterano Peter Brandt, que também vê o Bitcoin como o verdadeiro ativo de proteção no longo prazo, superando o ouro nesse papel.

Apoio de outros líderes corporativos

A visão de Saylor foi reforçada por Simon Gerovich, presidente da Metaplanet — companhia japonesa que mantém parte de seu caixa em Bitcoin. Ele classificou o ouro como “pesado, lento e político”, em contraste com o BTC, que é “leve, rápido e livre”.

A Metaplanet recentemente aumentou sua posição no ativo, comprando US$ 53,7 milhões em BTC e elevando seu total para 17.595 bitcoins, avaliados em cerca de US$ 1,78 bilhão.

Apesar da especulação sobre tarifas, o preço do Bitcoin apresentou pouca volatilidade, operando com queda inferior a 1% nas últimas 24 horas. Já os contratos futuros de ouro chegaram a renovar máximas históricas, refletindo a incerteza e o interesse dos investidores pelo metal no curto prazo.