Dow Jones recua 300 pontos com temor sobre inflação e balanços fracos

O índice Dow Jones fechou em queda de 313 pontos nesta terça-feira (15/08), recuo de 0,7%, em meio a preocupações renovadas com a inflação nos Estados Unidos.
Outro motivo se dá pela divulgação de balanços trimestrais pouco animadores por parte de bancos de grande porte.
O movimento contrastou com o desempenho do Nasdaq, que avançou 0,6% impulsionado pela valorização de mais de 4% das ações da Nvidia.
O S&P 500, por sua vez, ficou praticamente estável, recuando levemente após ter alcançado uma nova máxima histórica durante o pregão.
Inflação volta a acelerar em junho e tarifas de Trump preocupam o mercado
Dados divulgados nesta terça-feira mostraram que a inflação ao consumidor nos EUA aumentou 0,3% em junho, elevando a taxa anual para 2,7%.
Embora os números tenham vindo em linha com as expectativas de mercado, eles representam uma aceleração em relação aos dados de maio.
O núcleo do índice de preços ao consumidor (core CPI), que exclui alimentos e energia, avançou 0,2% no mês — levemente abaixo do esperado — mas acumulou alta de 2,9% em 12 meses, exatamente conforme as estimativas.
Fonte: U.S. Bureau of Labor Statistics
Apesar da aparente estabilidade, os investidores demonstraram preocupação com o impacto das tarifas anunciadas pelo ex-presidente Donald Trump.
No sábado, ele afirmou que os EUA imporão tarifas de 30% sobre produtos da União Europeia e do México a partir de 1º de agosto. Para analistas, a medida já começa a refletir nos preços.
“O mais recente relatório de inflação praticamente confirmou que as tarifas anunciadas por Trump pressionaram os preços ao consumidor em junho”, afirmou Matthew Ryan, estrategista-chefe da Ebury.
Ele alertou que os efeitos dessas tarifas tendem a ser mais intensos nos próximos meses, já que existe um atraso natural entre a imposição dos tributos e seu impacto nos preços.
Analistas alertam para possível nova onda inflacionária impulsionada por tarifas
Matthew Ryan destacou também que tanto o índice cheio quanto o núcleo da inflação registraram os maiores níveis dos últimos quatro meses, acendendo o alerta no Federal Reserve. Segundo ele, caso as tarifas adicionais previstas para 1º de agosto entrem em vigor, é quase certo que novas pressões inflacionárias se consolidem.
Skyler Weinand, diretor de investimentos da Regan Capital, afirmou que, embora o resultado do CPI tenha vindo dentro do esperado, o risco de uma “reconciliação inflacionária impulsionada por tarifas” continua elevado.
Para o gestor, os dados de junho podem ser apenas o início de um ciclo mais prolongado de aumento nos preços.
Essas preocupações ocorrem em um momento de grande sensibilidade dos mercados em relação à política monetária, já que qualquer sinal de inflação persistente pode levar o Fed a manter os juros elevados por mais tempo do que o desejado por investidores.
Balanços de grandes bancos decepcionam e pressionam o setor financeiro
Além da inflação, o mercado reagiu negativamente aos resultados financeiros de importantes instituições financeiras.
O Wells Fargo até superou as expectativas de lucro, mas a revisão para baixo na projeção de receita com juros levou as ações da empresa a caírem mais de 4%.
O JPMorgan Chase, outro gigante do setor, também entregou lucros acima do esperado, impulsionados por forte desempenho nas áreas de trading e banco de investimento. Ainda assim, os papéis da companhia recuaram levemente.
A gestora BlackRock, por sua vez, registrou queda de mais de 6% após apresentar receita trimestral abaixo do previsto, frustrando o mercado.
Na contramão, o Citigroup se destacou positivamente. As ações do banco subiram cerca de 1% após a divulgação de resultados que superaram as projeções do segundo trimestre.
Fonte: Google Finance
Expectativas para a temporada de balanços permanecem baixas
Os investidores de Wall Street estão atentos à temporada de resultados do segundo trimestre, que pode servir como catalisador para os mercados — especialmente com o S&P 500 rondando máximas históricas. No entanto, as expectativas não são das mais otimistas.
Segundo dados da FactSet, a projeção é que as empresas do S&P 500 registrem um crescimento médio de lucros de 4,3% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Caso essa estimativa se confirme, será o menor avanço desde o quarto trimestre de 2023.
Com isso, os analistas reforçam que as ações podem enfrentar maior volatilidade nas próximas semanas, à medida que cada balanço for divulgado e as empresas atualizarem suas projeções para o restante do ano.
Nasdaq resiste com impulso da Nvidia
Enquanto o Dow e o setor financeiro enfrentavam pressões, o Nasdaq conseguiu se destacar positivamente na sessão.
O índice subiu 0,6%, puxado principalmente pela forte valorização da Nvidia, que avançou mais de 4%.
O movimento ocorreu após a fabricante de chips anunciar que espera retomar em breve as entregas da sua GPU H20 ao mercado chinês.
A notícia renovou o entusiasmo dos investidores com o papel estratégico da empresa no setor de inteligência artificial e semicondutores.
A alta da Nvidia ajudou o Nasdaq a manter a tendência de alta em 2025, em um cenário no qual as ações de tecnologia e IA continuam sendo os principais motores de crescimento do mercado americano.
Fonte: Google Finance
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