Fundos HGFF11 e BPFF11 saem da bolsa para serem incorporados pelo RVBI11 do Pátria

Pedro Augusto Prazeres
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Fonte: DepositPhotos

Os fundos imobiliários Hedge TOP FOFII 3 (HGFF11) e Banrisul Pátria Pactual (BPFF11) deixarão de ser negociados no mercado secundário da B3 após o encerramento do pregão da próxima segunda-feira, 18 de agosto.

A suspensão das negociações é um passo definitivo no processo de incorporação dos dois fundos pelo VBI Reits FOF (RVBI11), um fundo de investimento imobiliário (FII) de perfil multiestratégia que também é gerido pelo Pátria Investimentos.

Fonte: Suno Analítica

A decisão foi comunicada ao mercado após a proposta de fusão ter sido aprovada em assembleias gerais extraordinárias (AGEs) pelos cotistas de todos os três fundos envolvidos.

Com a saída da bolsa, o número de cotas que cada investidor de HGFF11 e BPFF11 possuir no final do último dia de negociação será a base para determinar a quantidade de cotas do RVBI11 e a compensação financeira que irão receber. O movimento resultará na criação de um fundo maior e com mais liquidez, com um patrimônio líquido estimado em R$ 1,3 bilhão.

O processo de unificação e o novo fundo resultante

A operação consolida três fundos com perfis de investimento similares em um único veículo. O RVBI11, escolhido para ser o fundo unificado, é o maior dos três, com um patrimônio líquido atual de R$ 776 milhões, equivalente a R$ 75,52 por cota.

Ele já opera com um mandato de FII multiestratégia, também conhecido como "hedge fund" imobiliário, o que lhe confere flexibilidade para investir em diferentes tipos de ativos ligados ao setor, como cotas de outros FIIs, certificados de recebíveis imobiliários (CRIs) ou imóveis físicos. Atualmente, 93% de seus recursos estão alocados em cotas de outros fundos.

Os dois fundos que serão incorporados, HGFF11 e BPFF11, são classificados como FOFs, ou "fundos de fundos", pois suas carteiras são compostas majoritariamente por cotas de outros FIIs.

O HGFF11, que passou para a gestão do Pátria no processo de aquisição de ativos do Credit Suisse, possui um patrimônio líquido de R$ 254,3 milhões (R$ 81,82 por cota). Já o BPFF11, que foi integrado ao Pátria no primeiro semestre deste ano após a aquisição de seis FIIs da Genial, tem um patrimônio de R$ 319,9 milhões (R$ 71,21 por cota).

A lógica estratégica por trás da fusão

Segundo Rodrigo Abbud, chefe da área de Real Estate do Pátria, a fusão é uma "reorganização natural". A gestora realizou uma série de aquisições desde 2022, o que resultou em um portfólio com 28 fundos imobiliários listados na bolsa.

A consolidação de fundos com estratégias semelhantes em veículos maiores é um movimento para otimizar a gestão, reduzir custos administrativos, aumentar a liquidez para os cotistas e criar um fundo com maior poder de alocação de capital.

Esta não é uma iniciativa isolada. O Pátria está realizando um movimento similar com alguns de seus fundos de recebíveis imobiliários, onde o CSHG Recebíveis Imobiliários (CVBI11) irá incorporar os ativos do Barigui Rendimentos Imobiliários I (BARI11) e do Plural Recebíveis Imobiliários (PLCR11).

Juntas, essas fusões indicam uma estratégia clara da gestora de simplificar sua prateleira de produtos e fortalecer seus principais fundos.

Cronograma e orientações para os cotistas

Com o fim das negociações de HGFF11 e BPFF11 no dia 18 de agosto, os investidores desses fundos devem ficar atentos aos próximos passos do cronograma. A quantidade de cotas detidas por cada um ao final do pregão será utilizada para calcular a relação de troca pelas novas cotas do RVBI11 que serão emitidas, além de uma eventual compensação financeira.

Um período crucial para os cotistas ocorrerá entre 22 de agosto e 19 de setembro. Durante essas semanas, os investidores de HGFF11 e BPFF11 deverão informar à administradora do fundo o seu custo médio de aquisição das cotas. Essa informação é fundamental para a apuração de uma eventual tributação sobre ganho de capital.

A importância de informar o custo de aquisição

A necessidade de informar o custo médio de aquisição se deve à forma como a legislação tributária trata o processo de incorporação para fins de liquidação.

A operação obriga o fundo a recolher na fonte o Imposto de Renda sobre o ganho de capital que o investidor possa ter obtido. O ganho de capital é a diferença entre o valor recebido na amortização das cotas e o custo de aquisição pago pelo investidor.

Se o cotista não fornecer essa informação, a regra determina que o fundo deve utilizar como custo de aquisição o menor preço de mercado que a cota já atingiu durante todo o seu período de negociação na B3.

Utilizar esse valor mínimo como base de cálculo pode resultar em um ganho de capital apurado muito maior do que o real, levando a uma cobrança de imposto em um valor superior ao que seria efetivamente devido. 

Contexto de mercado pressionado pelos juros futuros

O movimento de consolidação do Pátria ocorre em um dia de aversão ao risco para ativos ligados à economia doméstica brasileira. Nesta quarta-feira, o mercado financeiro foi impactado pela alta nas taxas dos juros futuros de longo prazo, um movimento que aumentou a percepção de risco e pressionou diversos setores na bolsa.

Assim como as ações de setores sensíveis ao crédito, como varejo e construção civil, os fundos imobiliários também são afetados por esse cenário. A alta dos juros futuros torna os títulos de renda fixa mais competitivos, o que tende a diminuir a atratividade dos rendimentos de dividendos distribuídos pelos FIIs, pressionando as cotações de seus fundos no mercado.

Isenção de responsabilidade: este artigo representa apenas a opinião do autor e não pode ser usado como consultoria de investimento. O conteúdo do artigo é apenas para referência. Os leitores não devem tomar este artigo como base para investimento. Antes de tomar qualquer decisão de investimento, procure orientação profissional independente para garantir que você entenda os riscos.

 

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