Fundos HGFF11 e BPFF11 saem da bolsa para serem incorporados pelo RVBI11 do Pátria

Os fundos imobiliários Hedge TOP FOFII 3 (HGFF11) e Banrisul Pátria Pactual (BPFF11) deixarão de ser negociados no mercado secundário da B3 após o encerramento do pregão da próxima segunda-feira, 18 de agosto.
A suspensão das negociações é um passo definitivo no processo de incorporação dos dois fundos pelo VBI Reits FOF (RVBI11), um fundo de investimento imobiliário (FII) de perfil multiestratégia que também é gerido pelo Pátria Investimentos.
Fonte: Suno Analítica
A decisão foi comunicada ao mercado após a proposta de fusão ter sido aprovada em assembleias gerais extraordinárias (AGEs) pelos cotistas de todos os três fundos envolvidos.
Com a saída da bolsa, o número de cotas que cada investidor de HGFF11 e BPFF11 possuir no final do último dia de negociação será a base para determinar a quantidade de cotas do RVBI11 e a compensação financeira que irão receber. O movimento resultará na criação de um fundo maior e com mais liquidez, com um patrimônio líquido estimado em R$ 1,3 bilhão.
O processo de unificação e o novo fundo resultante
A operação consolida três fundos com perfis de investimento similares em um único veículo. O RVBI11, escolhido para ser o fundo unificado, é o maior dos três, com um patrimônio líquido atual de R$ 776 milhões, equivalente a R$ 75,52 por cota.
Ele já opera com um mandato de FII multiestratégia, também conhecido como "hedge fund" imobiliário, o que lhe confere flexibilidade para investir em diferentes tipos de ativos ligados ao setor, como cotas de outros FIIs, certificados de recebíveis imobiliários (CRIs) ou imóveis físicos. Atualmente, 93% de seus recursos estão alocados em cotas de outros fundos.
Os dois fundos que serão incorporados, HGFF11 e BPFF11, são classificados como FOFs, ou "fundos de fundos", pois suas carteiras são compostas majoritariamente por cotas de outros FIIs.
O HGFF11, que passou para a gestão do Pátria no processo de aquisição de ativos do Credit Suisse, possui um patrimônio líquido de R$ 254,3 milhões (R$ 81,82 por cota). Já o BPFF11, que foi integrado ao Pátria no primeiro semestre deste ano após a aquisição de seis FIIs da Genial, tem um patrimônio de R$ 319,9 milhões (R$ 71,21 por cota).
A lógica estratégica por trás da fusão
Segundo Rodrigo Abbud, chefe da área de Real Estate do Pátria, a fusão é uma "reorganização natural". A gestora realizou uma série de aquisições desde 2022, o que resultou em um portfólio com 28 fundos imobiliários listados na bolsa.
A consolidação de fundos com estratégias semelhantes em veículos maiores é um movimento para otimizar a gestão, reduzir custos administrativos, aumentar a liquidez para os cotistas e criar um fundo com maior poder de alocação de capital.
Esta não é uma iniciativa isolada. O Pátria está realizando um movimento similar com alguns de seus fundos de recebíveis imobiliários, onde o CSHG Recebíveis Imobiliários (CVBI11) irá incorporar os ativos do Barigui Rendimentos Imobiliários I (BARI11) e do Plural Recebíveis Imobiliários (PLCR11).
Juntas, essas fusões indicam uma estratégia clara da gestora de simplificar sua prateleira de produtos e fortalecer seus principais fundos.
Cronograma e orientações para os cotistas
Com o fim das negociações de HGFF11 e BPFF11 no dia 18 de agosto, os investidores desses fundos devem ficar atentos aos próximos passos do cronograma. A quantidade de cotas detidas por cada um ao final do pregão será utilizada para calcular a relação de troca pelas novas cotas do RVBI11 que serão emitidas, além de uma eventual compensação financeira.
Um período crucial para os cotistas ocorrerá entre 22 de agosto e 19 de setembro. Durante essas semanas, os investidores de HGFF11 e BPFF11 deverão informar à administradora do fundo o seu custo médio de aquisição das cotas. Essa informação é fundamental para a apuração de uma eventual tributação sobre ganho de capital.
A importância de informar o custo de aquisição
A necessidade de informar o custo médio de aquisição se deve à forma como a legislação tributária trata o processo de incorporação para fins de liquidação.
A operação obriga o fundo a recolher na fonte o Imposto de Renda sobre o ganho de capital que o investidor possa ter obtido. O ganho de capital é a diferença entre o valor recebido na amortização das cotas e o custo de aquisição pago pelo investidor.
Se o cotista não fornecer essa informação, a regra determina que o fundo deve utilizar como custo de aquisição o menor preço de mercado que a cota já atingiu durante todo o seu período de negociação na B3.
Utilizar esse valor mínimo como base de cálculo pode resultar em um ganho de capital apurado muito maior do que o real, levando a uma cobrança de imposto em um valor superior ao que seria efetivamente devido.
Contexto de mercado pressionado pelos juros futuros
O movimento de consolidação do Pátria ocorre em um dia de aversão ao risco para ativos ligados à economia doméstica brasileira. Nesta quarta-feira, o mercado financeiro foi impactado pela alta nas taxas dos juros futuros de longo prazo, um movimento que aumentou a percepção de risco e pressionou diversos setores na bolsa.
Assim como as ações de setores sensíveis ao crédito, como varejo e construção civil, os fundos imobiliários também são afetados por esse cenário. A alta dos juros futuros torna os títulos de renda fixa mais competitivos, o que tende a diminuir a atratividade dos rendimentos de dividendos distribuídos pelos FIIs, pressionando as cotações de seus fundos no mercado.
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