Ações da Azul (AZUL4) disparam mais de 60%; Gol (GOLL54) sobe 43% com especulações de fusão

Pedro Augusto Prazeres
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Fonte: DepositPhotos

As ações da companhia aérea Azul (AZUL4) protagonizaram um dos movimentos mais expressivos da bolsa brasileira em 2025 nesta segunda-feira (8/9), com os papéis chegando a disparar mais de 60%.

A forte valorização, que levou as ações a entrarem em leilão, reflete uma combinação de um fenômeno técnico de mercado, conhecido como "short squeeze", e uma melhora no cenário macroeconômico externo, com a queda nos preços do petróleo e a valorização do real frente ao dólar.

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Fonte: Google Finance

Apesar da euforia no pregão de hoje, a situação da companhia ainda inspira cautela. Mesmo com a forte alta, os papéis da Azul, que se encontra em processo de recuperação judicial, ainda acumulam perdas expressivas no ano, superiores a 50%. A valorização recente, embora impressionante, levanta o debate sobre sua sustentabilidade e os riscos envolvidos para os investidores.

O 'short squeeze' como principal gatilho técnico

O principal fator técnico apontado por analistas para explicar a disparada das ações da Azul é a ocorrência de um "short squeeze".

Esse movimento acontece quando um ativo que possui um grande volume de posições vendidas ("short") — ou seja, investidores que apostam na sua queda — começa a subir de forma inesperada.

Diante da alta, esses investidores "vendidos" são forçados a recomprar os papéis no mercado para zerar suas posições e limitar suas perdas, que, em teoria, são ilimitadas.

Essa corrida para a recompra gera uma pressão compradora massiva e artificial, que acelera ainda mais a valorização do ativo, criando um ciclo de alta que se retroalimenta.

No caso da Azul, por estar em recuperação judicial e enfrentar um cenário financeiro delicado com uma dívida elevada, a ação atraiu um grande número de investidores que apostavam na continuidade da queda de seu preço.

A melhora no cenário externo pode ter servido como o gatilho para o início do "squeeze", forçando esses investidores a desmontarem suas posições a qualquer preço, o que explica a alta explosiva vista no pregão de hoje.

Fatores externos criam 'vento favorável' para o setor aéreo

Além do movimento técnico, a alta da Azul foi sustentada por uma melhora em dois indicadores macroeconômicos fundamentais para o setor aéreo. O primeiro foi a queda no preço do petróleo no mercado internacional.

O combustível de aviação é um dos maiores e mais voláteis custos operacionais para as companhias aéreas, e uma redução no preço do barril se traduz diretamente em um alívio para as margens da empresa.

O segundo fator foi a valorização do real frente ao dólar. Grande parte das despesas de uma companhia aérea, como o próprio combustível e os contratos de arrendamento de aeronaves ("leasing"), são dolarizadas.

Quando o real se fortalece, o custo em reais dessas despesas diminui, o que também alivia a pressão sobre o caixa e os resultados da empresa. A combinação desses dois fatores, portanto, criou um "vento favorável" para a Azul no dia, ajudando a alimentar o otimismo dos investidores.

A frágil situação financeira e os riscos para o investidor

Apesar da euforia do mercado com a alta recente, especialistas alertam que a situação financeira da Azul continua delicada e que a valorização pode não se sustentar no longo prazo.

A companhia ainda se encontra em um processo de recuperação judicial e carrega uma dívida líquida de R$ 30 bilhões, um valor que representa quase cinco vezes o seu Ebitda, um indicador de alavancagem considerado muito elevado.

Antes da forte alta das últimas semanas, a empresa acumulava uma queda de mais de 70% em 2025. Mesmo com a recuperação recente, seu valor de mercado, próximo de R$ 1 bilhão, ainda é considerado baixo para uma empresa de seu porte no setor aéreo.

A preocupação é de que, caso a pressão compradora gerada pelo "short squeeze" diminua, a cotação das ações pode voltar a refletir os fundamentos ainda frágeis da companhia.

O que o investidor deve observar nos próximos meses

Para os investidores que consideram uma posição no papel, é essencial acompanhar de perto alguns fatores críticos que devem ditar o futuro da companhia.

O principal deles é a evolução do processo de recuperação judicial, que será determinante para a sustentabilidade da empresa no longo prazo. 

Além disso, as condições macroeconômicas, especialmente o preço do petróleo e a cotação do dólar, continuarão a ter um impacto direto e significativo nos custos e na rentabilidade da Azul.

Por fim, o posicionamento de grandes fundos de investimento e dos credores da companhia também servirá como um termômetro da confiança do mercado no plano de reestruturação da empresa. 

O dia de forte alta não se restringiu apenas à Azul. Sua principal concorrente, a Gol, também viu suas ações dispararem, com os investidores repercutindo os mesmos fatores especulativos e as notícias sobre um possível movimento de consolidação no setor.

Gol (GOLL54) também dispara com especulações sobre fusão

As ações da Gol (GOLL54) também registraram uma valorização expressiva nesta segunda-feira, subindo 43,40%, a R$ 8,69, e também entrando em leilão por oscilação máxima. A alta simultânea das duas empresas reforça a percepção de que o movimento foi setorial, impulsionado por especulações sobre uma possível fusão entre as duas companhias.

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Fonte: Google Finance

No início do ano, uma possível combinação de negócios entre a Azul e a Gol colocou os papéis no radar dos investidores. Na época, a conclusão do processo de Chapter 11 (recuperação judicial nos EUA) da Gol era vista como uma pendência crucial para que o negócio pudesse avançar.

O cenário, no entanto, se inverteu: enquanto a Gol concluiu seu processo, foi a Azul que anunciou sua entrada em recuperação judicial nos EUA.

Apesar de o vice-presidente da Azul ter afirmado em maio que o foco da empresa estava "100% na reestruturação", a especulação sobre uma fusão continua a ser um importante catalisador para os papéis.

A visão de mercado é de que uma eventual autorização para a fusão poderia ampliar o fluxo de compra para ambas as ações no curto prazo, dada a expectativa de sinergias e de uma maior racionalização do mercado aéreo brasileiro.

Isenção de responsabilidade: este artigo representa apenas a opinião do autor e não pode ser usado como consultoria de investimento. O conteúdo do artigo é apenas para referência. Os leitores não devem tomar este artigo como base para investimento. Antes de tomar qualquer decisão de investimento, procure orientação profissional independente para garantir que você entenda os riscos.

 

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