A Apple contestou as leis de penalidades alteradas da Índia, argumentando que os reguladores do país não têm jurisdição sobre as receitas globais.
A Índia alterou suas leis de penalidades e agora permite multas de até 10% do faturamento global de uma empresa, em vez da penalidade padrão aplicada sobre a receita doméstica ou específica de um produto.
A Apple entrou com uma petição no Tribunal Superior de Délhi contestando uma recente alteração nas regras de penalidades da Comissão de Concorrência da Índia (CCI). De acordo com a lei alterada, introduzida por meio de mudanças na Lei de Concorrência de 2002 e nas diretrizes associadas de 2024, a CCI pode calcular as multas com base no faturamento global de uma empresa, em vez de apenas na receita específica da Índia ou de um produto específico.
Em um documento de 545 páginas, supostamente visto pela Reuters, a Apple descreve a aplicação do faturamento global para o cálculo de penalidades como "arbitrária, inconstitucional, extremamente desproporcional e injusta". A empresa acredita que a nova lei extrapola os limites da Constituição indiana.
Com a alteração de 2023 e as diretrizes de 2024, a CCI agora pode impor multas de até 10% da receita global de uma empresa, proveniente de todos os serviços e produtos, caso o "faturamento relevante" não possa ser determinado ou seja considerado insuficiente.
A Apple argumentou que a CCI não tem jurisdição sobre as receitas mundiais, especialmente se a alegada má conduta estiver confinada às suas operações na Índia.
Caso os tribunais rejeitem o recurso da Apple, a empresa poderá enfrentar uma multa máxima de aproximadamente US$ 38 bilhões, o que corresponde a cerca de 10% de seu faturamento global médio nos anos fiscais de 2022 a 2024. A Comissão Europeia também permite que os órgãos reguladores apliquem multas às empresas em até 10% do faturamento global por violações das leis de concorrência.
A audiência está marcada para 3 de dezembro.
Desde 2022, a CCI (Comissão de Concorrência da Índia) tem examinado acusações apresentadas por empresas, incluindo o Match Group (proprietário do Tinder) e startups indianas, de que a Apple se envolveu em "conduta abusiva" em seu ecossistema de aplicativos iOS.
Especificamente, a CCI analisou minuciosamente a política da Apple de proibir processadores de pagamento de terceiros para compras dentro de aplicativos, forçando os desenvolvedores a usar o próprio sistema da Apple, com taxas de até 30%.
Até o momento, a Apple negou qualquer irregularidade, apesar de haver casos semelhantes na Europa, Rússia, Alemanha e Turquia.
Os reguladores da Comissão Europeia multaram recentemente a Apple em 500 milhões de euros por violar as regras "anti-direcionamento". Eles constataram que os termos do contrato da App Store da Apple trac os desenvolvedores de oferecer aos usuários produtos mais baratos fora do ecossistema da Apple.
Na Rússia, a Apple pagou multas de até US$ 13,7 milhões em 2022 devido a alegações de "direcionamento indevido de anúncios". As autoridades russas consideraram as restrições de pagamento da App Store anticoncorrenciais.
Especialistas jurídicos afirmam que pode ser difícil para a Apple reverter a política legislativa indiana, que foi redigida de forma clara. Um profissional da área declarou que a lei alterada é "clara" quanto à jurisdição da CCI sobre o faturamento global.
Outras grandes empresas de tecnologia, como Google e Meta, também estão enfrentando acusações de práticas dominantes e anticoncorrenciais.
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