Ibovespa cai 0,13% à espera da Super Quarta; Flávio Bolsonaro reafirma candidatura e pressiona mercado
- Ouro cai com a recuperação do dólar americano após mais de um mês em baixa; queda parece limitada
- Com uma oferta submersa inferior a 30%, a movimentação do preço Bitcoin agora se assemelha assustadoramente ao início de 2022.
- O ouro recupera o impulso positivo em meio a perspectivas dovish do Fed e dólar americano mais fraco
- Bitcoin (BTC) pausa em US$ 92 mil; Baleias movem BTC para Binance e sinalizam risco de venda
- Ouro sobe em meio a apostas dovish do Fed e riscos geopolíticos; falta convicção otimista
- O ouro mantém-se estável acima da marca dos US$ 4.200; aguarda-se o Índice de Preços PCE dos EUA para obter algum impulso significativo

Na véspera da aguardada "Super Quarta" — dia em que ocorrem simultaneamente as decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos —, o Ibovespa (IBOV) tentou ganhar fôlego na reta final, impulsionado pelos pesos-pesados.
No entanto, o esforço foi insuficiente para reverter o viés negativo. O principal índice da bolsa brasileira encerrou as negociações desta terça-feira (9) com uma queda leve de 0,13%, aos 157.981,13 pontos, voltando a operar abaixo do patamar dos 158 mil.
Fonte: Google Finance
O cenário doméstico continuou a ser dominado pela cena política, que ditou a cautela dos investidores. Ontem, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que sua candidatura à Presidência é "irreversível", em entrevista à Folha de S. Paulo.
A declaração, reafirmada na manhã desta terça-feira, representou um banho de água fria no mercado. As falas mostraram um recuo em relação à sinalização anterior de que ele poderia desistir da pré-candidatura em troca de apoio à anistia.
Para complicar o xadrez político, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (até então o favorito do mercado), reafirmou sua "lealdade" ao ex-presidente Jair Bolsonaro e declarou que apoiará Flávio na corrida ao Planalto.
Projeto da anistia e volatilidade política
Durante a tarde, o mercado acompanhou a tramitação do projeto de lei (PL) da Dosimetria na Câmara dos Deputados. O texto beneficia o ex-presidente e os demais condenados pelos atos de 8 de janeiro.
Segundo o relator, deputado Paulinho da Força, o PL reduz a pena de Bolsonaro de 27 anos para cerca de dois anos e quatro meses. Em meio a essa movimentação, Flávio voltou a comentar que a única hipótese de não ser candidato é se o próprio Jair Bolsonaro puder concorrer.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, afirmou que, se aprovado na Câmara, o projeto será votado amanhã na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e apreciado em plenário na próxima semana. Essa incerteza mantém o prêmio de risco elevado.
Petrobras e Vale seguram o índice; GPA dispara
Entre as empresas, os pesos-pesados ajudaram a limitar as perdas do índice. As ações da Petrobras (PETR4) avançaram mais de 0,5%, ignorando a queda do petróleo Brent em Londres, que fechou cotado a US$ 61,94.
A Vale (VALE3) também retomou o ritmo de ganhos e voltou a ser negociada acima de R$ 70, apesar da fraqueza do minério de ferro. O destaque positivo do dia, porém, foi o GPA (PCAR3), que saltou mais de 5%.
Na ponta oposta, Magazine Luiza (MGLU3), Vamos (VAMO3) e Raízen (RAIZ4) lideraram as quedas, pressionadas pela abertura da curva de juros em um dia de aversão a risco.
Dólar sobe a R$ 5,44 com fim da aposta em Tarcísio e cautela com sucessão no Fed
Enquanto o Ibovespa lutava para encontrar direção, o mercado de câmbio refletiu de forma mais direta o aumento da aversão ao risco, com o dólar ganhando força diante da reconfiguração do cenário eleitoral e das incertezas nos Estados Unidos.
Fonte: Google Finance
A moeda norte-americana à vista encerrou a sessão desta terça-feira em alta de 0,35%, cotada a R$ 5,4411 na venda. O movimento devolve a leve baixa observada na segunda-feira e recoloca o câmbio em trajetória de pressão.
Apesar da volatilidade recente, é importante notar o contexto anual: a divisa ainda acumula perdas de 11,94% em 2025, fruto do diferencial de juros (carry trade) que favoreceu o Real ao longo do ano.
No mercado futuro, que antecipa as expectativas para os próximos meses, o contrato para janeiro — atualmente o mais líquido na B3 — subia 0,05% no fim da tarde, negociado a R$ 5,4610.
Nas cotações de balcão, o dólar comercial fechou com compra a R$ 5,480 e venda a R$ 5,481. Já o Dólar Turismo, relevante para viagens e cartões, encerrou com venda a R$ 5,624.
Incertezas sobre o Fed: juros e sucessão
No front externo, a cautela também imperou. Investidores monitoraram o índice de otimismo das pequenas empresas (NFIB) e a Pesquisa de Vagas de Emprego (JOLTS), buscando sinais sobre a saúde da economia americana.
O mercado reagiu aos dados do relatório Jolts, que mostrou a criação de 12.000 vagas, elevando o total para 7,67 milhões de postos abertos, acima da expectativa de 7,15 milhões. As atenções também ficaram em Nvidia (NVDA), que oscilou após Trump permitir a venda de chips avançados para a China, mediante tarifa de 25%.
Entretanto, um novo fator de risco surgiu no radar: a sucessão de Jerome Powell. O mandato do atual presidente do Federal Reserve termina em maio, e o nome de Kevin Hassett ganha força como favorito de Donald Trump.
O mercado começou a reduzir as apostas em cortes de juros agressivos para 2026. Existe um ceticismo crescente sobre o quão moderado Hassett seria. A percepção é que ele poderia adotar uma postura menos acomodatícia do que o esperado inicialmente.
Apesar dessas dúvidas de longo prazo, a decisão desta "Super Quarta" parece selada. A ferramenta FedWatch do CME Group aponta uma probabilidade implícita de 89,4% para um corte de 25 pontos-base nos juros amanhã.
O foco dos investidores, portanto, não está no corte em si, mas na sinalização sobre o ritmo futuro e na independência da autoridade monetária sob uma nova gestão indicada pela Casa Branca.
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