O principal órgão regulador financeiro do Reino Unido apresentou, na terça-feira, planos para regulamentar, pela primeira vez, certas áreas do setor de criptomoedas. As medidas abrangem desde regras de listagem até medidas para impedir que pessoas negociem com base em informações privilegiadas.
A Autoridade de Conduta Financeira (FCA) divulgou seus planos apenas um dia depois de parlamentares apresentarem projetos de lei direcionados a empresas de criptomoedas. A medida busca um equilíbrio entre tornar a Grã-Bretanha um localtracpara operações com dinheiro digital e, ao mesmo tempo, proteger os investidores em um mercado conhecido por seus altos riscos.
O órgão regulador recuou em algumas das suas ideias mais rigorosas que havia apresentado no início deste ano. Agora, as plataformas de negociação de criptomoedas poderão listar seus próprios tokens digitais e comprar e vender ativos diretamente com os clientes — duas atividades que o regulador inicialmente queria impedir.
O anúncio de terça-feira veio em três documentos separados que detalham como o órgão regulador planeja pegar seu conjunto atual de regras para mercados financeiros regulares e reformulá-lo para se adequar às características incomuns e aos perigos das moedas digitais como Bitcoin .
Pessoas físicas e jurídicas têm até 12 de fevereiro para enviar suas opiniões sobre as propostas. A versão final das regras britânicas para criptomoedas deverá estar pronta no próximo ano, antes de entrar em vigor oficialmente em 2027.
Autoridades reagem às críticas.
David Geale, responsável pela área de pagamentos e finanças digitais da FCA, afirmou que o órgão regulador quer fazer isso da maneira correta. " A regulamentação está chegando — e queremos fazer direito", explicou Geale. "Nosso objetivo é ter um regime que proteja os consumidores, apoie a inovação e promova a confiança."
Algumas pessoas do setor dizem que a Grã-Bretanha tem sido cautelosa demais em relação às criptomoedas, especialmente se compararmos com a postura de não intervenção planejada pelo governo de Donald Trump nos Estados Unidos. A FCA, no entanto, afirmou que deseja um mercado de criptomoedas “onde a inovação possa prosperar, mas onde as pessoas compreendam os riscos”.
O órgão regulador deixou claro que não pode e não deve eliminar todos os perigos. "Em vez disso, deve garantir que qualquer pessoa que invista em criptomoedas o faça com plena consciência", afirmou o órgão de fiscalização.
As empresas que lidam com ativos digitais terão que seguir as regras monetárias já existentes para empresas de investimento da MiFID, além de um novo conjunto de requisitos específicos para criptomoedas. Elas também deverão manter reservas cash e ativos líquidos suficientes para que possam encerrar as operações sem causar grandes prejuízos, se necessário.
A FCA alertou que a regulamentação não pode proteger contra todos os problemas possíveis no espaço das criptomoedas. "Qualquer pessoa que compre criptoativos deve estar ciente dos riscos envolvidos — incluindo a possibilidade de perder todo o dinheiro investido e a significativa volatilidade do valor dos criptoativos", afirmou o órgão regulador.
A estrutura visa o abuso de mercado e o staking.
A nova estrutura abrange regras para intermediários e corretoras de criptomoedas, medidas para prevenir o uso de informações privilegiadas e a manipulação de preços, além da supervisão de empresas que administram programas de staking, nos quais os usuários bloqueiam suas moedas digitais para obter recompensas. O órgão regulador afirmou que certos padrões de melhor execução que as bolsas de valores tradicionais devem seguir não se aplicarão às plataformas de negociação de criptomoedas.
O órgão regulador também abordou a questão complexa da supervisão da tecnologia de finanças distribuídas, em que as transações ocorrem diretamente entre duas partes, sem intermediários. A FCA defende que "as mesmas regras aplicadas às finanças tradicionais também se apliquem" a esse sistema mais recente.
Algumas questões permanecem sem resposta. O órgão regulador planeja solicitar contribuições durante os três primeiros meses de 2026 sobre se as empresas de criptomoedas devem estar sujeitas aos requisitos de dever de proteção ao consumidor, que obrigam as empresas a garantir bons resultados para os clientes, e se os clientes podem apresentar reclamações ao Serviço de Ombudsman Financeiro.
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