Empresas adicionam Ethereum ao balanço e aquecem debate sobre adoção corporativa de criptoativos

A adoção corporativa de criptoativos ganhou uma nova dimensão em julho com a inclusão crescente do Ethereum (ETH) nos balanços de empresas.
Embora o Bitcoin (BTC) ainda seja o ativo mais popular entre companhias que desejam se expor ao mercado cripto, uma nova onda está se formando em torno do Ethereum, que subiu 60% no último mês e ultrapassou os US$ 3.800 — seu maior valor desde janeiro.
Enquanto empresas como MicroStrategy seguem firmes no maximalismo do Bitcoin, outras veem no Ethereum um investimento estratégico na infraestrutura que sustenta o universo da tokenização, das finanças descentralizadas (DeFi) e das stablecoins.
Cotação ETH/USD no último mês.
Fonte: Google Finance
Ethereum atrai empresas interessadas na infraestrutura do futuro financeiro
Ao contrário do Bitcoin, cuja proposta é funcionar como reserva de valor e proteção contra inflação, o Ethereum opera como uma plataforma que permite a criação de contratos inteligentes, tokens e aplicações descentralizadas.
Seu ecossistema abriga mais de 51% do mercado global de blockchain, sendo essencial para o funcionamento de DeFi, NFTs e stablecoins como o USDC.
Com essa proposta de infraestrutura digital descentralizada, o Ethereum atraiu empresas como BitMine Immersion Technologies, SharpLink Gaming, BTCS e Bit Digital, que recentemente converteram parte — ou até todo — o seu caixa para ETH.
A tendência é liderada por nomes menos conhecidos, mas vem ganhando força à medida que o Ethereum se consolida como o principal alicerce da nova economia digital.
BitMine, por exemplo, detém hoje mais de US$ 1 bilhão em ETH — cerca de 300 mil tokens — e declarou em comunicado oficial que acredita no "valor de longo prazo" do ativo.
A movimentação também impulsionou suas ações, que subiram 25% em um único pregão após a revelação de que o bilionário Peter Thiel adquiriu 9,1% da empresa.
Cotação da BitMine.
Fonte: Google Finance
Estratégia semelhante à da MicroStrategy, mas com foco em Ethereum
O movimento de algumas companhias em direção ao Ethereum remete à estratégia de acumulação de Bitcoin adotada pela MicroStrategy. No entanto, neste caso, o foco é a utilidade tecnológica do Ethereum.
A BitMine, por exemplo, se posiciona como uma empresa "pure-play" em Ethereum — ou seja, totalmente dedicada ao desenvolvimento e valorização do ecossistema ETH.
O CEO da BitMine, Jonathan Bates, declarou que o investimento bilionário da empresa no ativo representa um sinal claro de convicção no potencial da rede.
Já o CEO da Bit Digital, Sam Tabar, foi ainda mais enfático, afirmando que o Ethereum "tem capacidade de reescrever todo o sistema financeiro".
A SharpLink Gaming e a BTCS também entraram na onda e adotaram estratégias de tesouraria similares, apostando em Ethereum como uma alavanca para crescimento futuro. Suas ações dobraram de valor no último mês, acompanhando o otimismo crescente no setor.
Ato GENIUS impulsiona ainda mais a tese pró-Ethereum
Parte desse otimismo se deve à recente aprovação do GENIUS Act, sancionado por Donald Trump.
A nova legislação regulamenta o mercado de stablecoins nos Estados Unidos, exigindo reservas equivalentes a 100% para emissores como Circle, Tether e Ripple.
Como as principais stablecoins operam na rede Ethereum, a nova regulação aumenta a legitimidade e o uso da infraestrutura ETH.
Segundo analistas da Bernstein, esse cenário impulsiona diretamente o valor da rede Ethereum. “Qualquer empresa que utilize stablecoins para transacionar está pagando taxas à rede Ethereum”, pontuou Gautam Chhugani em nota recente.
A lógica é simples: se empresas e investidores institucionais estão inovando sobre o Ethereum, o ativo ETH naturalmente se torna mais valioso.
Circle: o elo entre stablecoins e a valorização do Ethereum
Outro fator que ajuda a explicar o crescimento do Ethereum no radar corporativo é a atuação da Circle, empresa emissora da stablecoin USD Coin (USDC), atualmente uma das maiores do mundo.
A Circle se tornou protagonista em 2024 ao abrir capital na bolsa com o ticker CRCL, e suas ações já dispararam mais de 600% desde a estreia em 5 de junho — movimento impulsionado em grande parte pela aprovação do GENIUS Act, que estabeleceu diretrizes regulatórias para stablecoins nos Estados Unidos.
A USDC é baseada na blockchain do Ethereum, e cada transação com esse token exige o pagamento de taxas em ETH. Ou seja, quanto mais empresas e consumidores usarem stablecoins para pagamentos, transferências e aplicações financeiras, maior será a demanda por Ethereum como ativo base.
Como observou o analista Gautam Chhugani, da Bernstein, essa adoção crescente de stablecoins por empresas reais comprova o valor das redes blockchain como infraestrutura financeira. E, por consequência, fortalece o valor do próprio Ethereum.
Com a Circle expandindo o uso institucional do USDC — que já é utilizado em operações cross-border, plataformas DeFi e soluções de pagamento digital —, o Ethereum se beneficia diretamente, consolidando-se como o principal pilar da nova economia tokenizada.
Essa interdependência entre stablecoins reguladas e o Ethereum torna a criptomoeda ainda mais estratégica para empresas que buscam exposição tecnológica e financeira ao setor cripto.
Ethereum ainda não substitui o Bitcoin, mas ganha espaço
Apesar da crescente adoção, especialistas do setor alertam que Ethereum ainda não substitui o Bitcoin como principal ativo corporativo. Para Michael Saylor, presidente da MicroStrategy, a companhia segue comprometida exclusivamente com o BTC. “Somos 150% Bitcoin”, declarou em entrevista.
Sean Farrell, estrategista de ativos digitais da Fundstrat, reforçou que a movimentação em direção ao Ethereum deve ser vista como complementar — e não substitutiva.
“São aplicações diferentes de uma mesma tecnologia. Enquanto o Bitcoin é uma reserva de valor, o Ethereum representa a aplicação prática da tokenização de ativos reais”, explicou.
Com isso, Ethereum se posiciona como um ativo estratégico para empresas que desejam participar do futuro das finanças digitais, mas com foco em infraestrutura e inovação. E com cada vez mais companhias apostando nessa visão, a rede pode estar apenas no início de um novo ciclo de valorização e adoção global.
Fonte: X
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